Vereadores se reúnem antes de sessão e clima muda na Câmara
Rodrigo Gonçalves 29/11/2023 16:04 - Atualizado em 01/12/2023 22:32
Rodrigo Silveira
Como anunciado nessa terça, uma reunião com a presença dos vereadores aconteceu na Câmara de Campos, por volta das 15h30, nesta quarta-feira (29), com o objetivo de elevar o nível dos debates entre os parlamentares e melhorar o comportamento do público, um dia após gritaria e empurra-empurra na Casa. O encontro contou, segundo fontes, com 20 dos 25 vereadores. Com o início da sessão, o vereador Nildo Cardoso (União), que solicitou a reunião, comentou sobre o resultado. O vice-líder do governo na Câmara, Juninho Virgílio (União), também foi à tribuna e pediu a seu grupo, que costuma acompanhar as sessões, que respeite as falas dos vereadores.
Pelo menos nesta quarta, a reunião parece ter surtido efeito, já que o clima foi amistoso na Casa, como já não era mais frequente, desde o fim da pacificação entre os Garotinhos e Bacellar em 10 de outubro deste ano.
Segundo Nildo, ficou acordado durante a reunião que possa ser estipulada uma punição mais severa para aquelas pessoas que vão às sessões e tumultuam o plenário, ficando impedidos de frequentar a Câmara durante um tempo. "Em relação às plenárias que têm acontecido nessa Casa, essa reunião, acho que ela pode não ter sido aquela esperada por todos nós, mas pelo menos avançamos. Avançamos no intuito de que, essa Casa, principalmente a Mesa, tomar a decisão de que, quando o vereador estiver usando da palavra e alguém se manifestar com palavra ou ofensa, que essa pessoa seja afastada dessa Casa por determinado período. Inclusive eu aconselho a vossa Excelência, com certeza será aprovado por unanimidade, de que passe fazer parte do Regimento dessa Casa, porque aí acaba de uma vez por toda com essa falta de respeito. E daí é que começa a criar um mal-estar nesta Casa", declarou Nildo Cardoso.
O veterano da Câmara também falou sobre possíveis punições aos vereadores. “Sobre os entendimentos ou desentendimentos em relação aos vereadores desta Casa, nós temos o Conselho de Ética, temos o Regimento Interno, e que, com certeza, tem poderes para tal. Que a gente possa colocar em prática quando houver qualquer divergência, entre qualquer membro dessa Casa, afinal de contas, nós ganhamos mais de R$ 10 mil por mês aqui para trabalhar e nós temos que trabalhar”, completou Nildo.
Juninho elogiou a iniciativa da reunião de se comprometeu em mobilizar o seu grupo para um clima mais amistoso. “Acho que medidas realmente têm que ser tomadas. Toda vez que a gente sobe aqui para falar, quando às vezes é provocado, a provocação vem de lá para cá e atrapalha, ela corta o raciocínio da pessoa. Já quero pedir a todos aqui que vem, e eu trago mesmo, as pessoas vêm assistir a sessão aqui, tem um time que joga comigo, que vocês respeitem todos os vereadores que subam para falar. Depois da fala do vereador, o presidente sempre também deixou aqui aberto que vaias e aplausos são permitidos, mas que a gente possa respeitar na hora que da fala”, comentou Juninho, que teve aprovado na sessão um requerimento para a realização de uma audiência pública para debater transtornos provocados pela Enel em Campos. Ficou agendada para o próximo dia 12, às 9h no plenário da Câmara.
Também durante a sessão desta quarta foram aprovadas matérias voltadas à causa animal, como a criação do Dezembro Verde, que institui no município uma campanha contra o abandono de animais.
Relembre o que ocorreu na terça
Apesar das ameaças de ataques dos dois grupos políticos para a sessão desta quarta, os ânimos foram mais contidos. Nem mesmo a Palavra Livre, que costuma ser o momento no qual os vereadores usam geralmente para direcionar críticas mais acaloradas, aconteceu.
O clima foi bem diferente do dia anterior, quando o vereador Nildo Cardoso chegou a usar a tribuna para dizer que a Câmara virou uma “baderna” e solicitou a reunião entre os 25 vereadores. A declaração foi após uma grande confusão durante a sessão, quando seguranças tentaram retirar pessoas que estavam atrapalhando a fala dos vereadores, o que acbou gerando confusão. A sessão chegou a ser suspensa. O clima esquentou após um embate entre o presidente da Casa, Marquinho Bacellar (SD), e o vice-líder do governo, Juninho Virgílio (União).
Rodrigo Silveira


O vereador Nildo Cardoso (União), veterano de mandatos, foi à tribuna para dizer que nunca viu uma legislatura com tanta confusão e pediu a reunião com todos os vereadores para tentar uma solução. “Estou conversando aqui com o vereador Abdu, com cinco mandatos. Eu comecei em 2001, mas vou ser sincero, eu nunca vi igual essa gestão nesta Casa, tanto na gestão anterior quanto nessa atual, um clima tão ruim. Vamos fazer o que? Vamos embora? Porque a vontade é fazer isso, gente. As pessoas precisam entender que quem está lá fora, votou para a gente defender os interesses da população. Não é para ficar brigando não (...) Isso é uma baderna, isso não é uma Casa de Leis”, disse Nildo, que foi respondido por Marquinho sobre a reunião solicitada, sendo informado que a reunião iria acontecer.


A sessão desta terça-feira (28) começou de forma diferente com a base reprovando a dispensa da leitura da ata da sessão do dia 1º de agosto, quando foi aprovada a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), com voto do presidente da Câmara, o que vem sendo questionado desde então pelos governistas. Tanto Juninho, quanto o líder do governo, Álvaro Oliveira (PSD), falaram que Marquinho descumpriu o Regimento Interno. O presidente da Casa, por sua vez, disse que a discussão levantada novamente pelos governistas nesta terça foi uma “cortina de fumaça” diante dos fatos ocorridos com a Operação Rebote da Polícia Federal na casa dos Garotinhos, por suposta fraude no PreviCampos. “Mais uma vez estamos nas capas dos jornais envolvendo o mesmo grupo político”, disse.
Com a fala de ataque de Marquinho, houve gritos de “Ceperj” na plateia, inclusive com um homem usando um pano branco na cabeça, fazendo alusão a um “fantasma”. As reações do público motivaram a ação de seguranças, mas houve a recusa de algumas pessoas em deixar o plenário, gerando tumulto. Até o vereador Silvinho Martins (MDB) saiu do seu lugar e foi para a plateia tentar intervir na confusão.


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