Julgamento do suspeito de ter assassinado empresário Renato Maciel é adiado
Ingrid Silva 04/12/2024 15:39 - Atualizado em 04/12/2024 15:42
Julgamento do suspeito de ter assassinado Renato Maciel é adiado em Campos
Julgamento do suspeito de ter assassinado Renato Maciel é adiado em Campos / Ingrid Silva
O julgamento do dono de uma loja de armas, Rogério Machado Lopes, suspeito de matar Renato Maciel, estava marcado para acontecer na manhã desta quarta-feira (4), através do júri popular. Porém, uma manifestação teria sido feita pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro para que o julgamento fosse adiado por conta de um documento anexado recentemente ao processo em que alegava que o advogado assistente de acusação teria coagido um dos depoentes para alterar a verdade dos fatos.

A situação e o documento serão analisados e investigados. Já o julgamento foi adiado para o dia 18 de março do ano que vem. Rogério permanecerá preso até a decisão do juiz quanto ao pedido de liberdade provisória, solicitado também nesta quarta-feira, mas que o resultado deve sair em aproximadamente 10 dias.
Renato Maciel
Renato Maciel / Foto: Reprodução


A Folha fez contato com os dois advogados no local, tanto de defesa quanto de acusação, para saber o posicionamento deles em relação ao caso. Márcio Marques, assistente de acusação, foi o advogado citado no documento que gerou toda a confusão e também o adiamento do julgamento. Ele afirmou que o documento foi datado em agosto e que apareceu próximo ao julgamento. Ele alegou que é uma documentação suspeita.
“Um documento está alegando que eu teria coagido uma testemunha nossa da acusação, imagine eu, trabalhando com o Ministério Público, trabalhando com o fiscal da lei, se eu cometeria o disparate de ter aquele tipo de comportamento que está escrito ali naquele documento. Esse documento apareceu agora próximo ao julgamento e muito suspeito, porque quem conhece o meu trabalho, conhece o meu caráter, sabe que de maneira nenhuma seria da minha índole, que trabalho sempre com a ética e dentro da lei, praticar aquilo que eles estão dizendo ali. Bom, o Ministério Público está tomando as providências, eu endosso integralmente o que o Ministério Público determinou, uma investigação profunda sobre isso em razão desse prejuízo que surgiu no processo (...) Eu estou com a consciência tranquila, estão tentando me atacar, provavelmente eu devo incomodar bastante para chegar ao disparate de tentar atacar o assistente de acusação”, explica Márcio, que está junto com os familiares de Renato Maciel, assassinado em 20 de dezembro do ano passado.

Já o advogado de defesa do Rogério, Glaidemir Resende, afirmou que na visão dele foi um ato equivocado da parte do juiz. Segundo ele, toda a documentação já estava comprovada. Ele ainda afirmou que seu cliente agiu em legítima defesa.
Dono de loja de armas foi preso
Dono de loja de armas foi preso / Genilson Pessanha


“A gente tem absoluta certeza que o ato foi em legítima defesa, tudo bem respaldado. Se ele não tivesse tomado a atitude que tomou, hoje ele estaria morto. Mas o juiz achou melhor suspender devido a uma documentação que comprova que haveria tido manipulações em depoimento da acusação. Então, até que tudo seja apurado, o juiz pediu mais prazo (...) Um dos depoentes ali estava alegando que foi coagido para fazer o depoimento pelo advogado, alterando a verdade dos fatos. Mas a gente também não pode ter certeza em relação a isso. Então vai ser alguma coisa que a gente vai guardar pra ver mais a desenvoltura do processo, pra ver como é que vai se dar”, disse Glaidemir, afirmando que tem certeza da absolvição do cliente.

O crime - Rogério Machado Lopes, conhecido como "Xerife", de 50 anos, prestou depoimento e confessou, segundo a polícia, na 134ª Delegacia de Polícia do Centro, em Campos, que foi o autor do único disparo que matou o também empresário Renato de Souza Maciel, de 46 anos. O suspeito teria dito que a motivação foi uma dívida de R$ 200 mil, proveniente de uma venda de um carro. O crime aconteceu no dia 20 de dezembro de 2023, na rua Oscar Machado, no bairro do IPS, próximo ao Colégio Estadual Francisco Sales.
Rogério teria fugido do local, no entanto, a filha da vítima usou as redes sociais para clamar por justiça. Renato, que era dono de uma agência de veículos, foi morto com um tiro no tórax quando ainda estava dentro de seu carro, um Fiat Toro prata, na frente de sua filha mais nova.

Antes do crime, segundo a Polícia Civil na época, os dois homens teriam ficado conversando por cerca de 20 a 30 minutos. O autor apresentou na delegacia a arma utilizada e o porte dois dias depois do crime, sem ser possível realizar prisão em flagrante.
Na ocasião, a então delegada titular da 134ª DP, Natália Patrão, falou sobre o caso. "A vítima estava dentro do carro e o autor passeando com cachorro e aconteceu esse disparo. O autor se apresentou hoje (nesta sexta-feira) e confessou o crime. Ele alegou a tese da legítima defesa. Disse que a vítima estava armada. Quando a vítima fez um movimento para pegar a arma ao lado do banco, ele teve que efetuar o disparo para proteger sua própria vida", disse à época, ao destacar algumas divergências nos determinados termos de declaração.
Ele foi preso no dia 31 de janeiro deste ano, em um cumprimento do MPRJ, enquanto trabalhava em sua loja, na rua dos Goitacazes, em Campos. Dois dias depois do crime, Rogério chegou a se apresentar na delegacia, onde prestou depoimento e foi liberado.
 

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