Caso Eliana: Polícia Civil divulga vídeo do estudante de medicina agredindo a mãe
A Polícia Civil, por meio da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), divulgou vídeos do estudante de medicina agredindo a mãe, Eliana Tavares, que morreu ao ser atropelada no dia 28 de outubro deste ano por ele, Carlos Eduardo, segundo apontam as investigações. A situação dos vídeos, que teria acontecido por conta de R$ 5 reais, foi presenciada pela irmã do estudante (também vítima de agressões) e por uma funcionária da casa, que depoimentos foram essenciais para o encerramento das investigações, como dito pelo delegado titular responsável pelo caso. Na manhã desta sexta-feira (8), o delegado titular da 146ª DP, Carlos Augusto Guimarães, realizou uma coletiva de imprensa para maiores detalhes sobre o caso, que já teve investigações encerradas pela polícia e agora seguirá para o Judiciário. Segundo ele, as testemunhas ouvidas foram unânimes quanto aos casos das agressões realizadas pelo estudante de medicina contra a sua mãe.
Também na coletiva de imprensa, o delegado afirmou que, após as conclusões das investigações que apontam que o Carlos Eduardo teve intenção de matar a própria mãe, o Ministério Público acatou ao pedido e ele virou réu pelo crime de feminicídio. Quanto às vítimas do outro carro envolvido no caso, foi constatado que ele perdeu o controle da direção do veículo após o atropelamento e colidiu com o outro. Assim, não responderá por tentativa de homicídio, mas sim por cinco lesões corporais de trânsito, além de embriaguez de trânsito.
“Ao longo das investigações, nós conseguimos elencar pelo menos seis itens que demonstram o dolo do agente, que demonstram essa vontade livre e consciente de querer produzir resultados, de querer praticar aquele crime de feminicídio. Então, foi aventado aqui, inicialmente, pela defesa, que nós só tínhamos as agressões e violências pretéritas, agressões físicas, verbais, xingamentos, contra essa mãe. Não é só isso, mas isso coroa todo o nosso trabalho de investigação”, explicou o delegado em coletiva.
Carlos Augusto ainda ressaltou, nesta sexta-feira (8), o primeiro ponto, que seria o aceleramento do veículo apenas quando chega próximo de onde a mãe se encontrava, com uma bicicleta de cor "amarelo ovo", que chamava a atenção pela diferença e que já tinha sido alvo de danificação pelo estudante, como também relatado pelo delegado em alguns momentos da coletiva.
"Ele fez a direção do veículo de maneira normal em percurso anterior, conforme verificado em câmeras, somente tendo acelerado demasiadamente o carro ao perceber que a vítima estava em sua frente. Vocês percebem naquelas imagens que nós conseguimos colher, que instantes antes do crime, quando ele faz aquela bandalha ali na descida da ponte da Lapa, ele está com o carro em velocidade aparentemente normal, apesar de pegar uma contramão ali na ponte, fazer uma manobra proibida, a velocidade do veículo dele era aparentemente normal. Se ele estivesse em alta velocidade, seja sob efeito de drogas ou álcool, ele teria colidido com aqueles carros que estavam estacionados ali naquela curva", disse, relatando ainda que o local estava bem iluminando, sendo possível observar a pessoa na frente dele.
No local, testemunhas conseguiram manter Carlos Eduardo no local do crime, o que também foi um ponto passado pelo delegado, da tentativa de fuga após o ato, além de ressaltar que, se ele estivesse completamente sob efeito de álcool, estaria "fora de si". Para além disso, o delegado Carlos Augusto falou ainda sobre o menosprezo de ver a vítima no chão, apenas se preocupando com os danos materiais do veículo e em fugir do local.
"A pessoa, se estivesse completamente sob efeito de álcool ou de drogas, estaria fora de si, não saberia nem onde estava, talvez até apagasse, até desmaiasse com a colisão ali. Mas não. Ele tentou se evadir do local. Isso também demonstra que, além desse grau de consciência, ele quis praticar o crime e depois tentou se evadir para não ser pego, para não ser preso e flagrante. O menosprezo pela vítima morta no local do crime, como também relatado pelas outras vítimas. Também é outro ponto aqui que ficou muito claro para nós. Quando essas vítimas do carro relataram que tinha uma pessoa morta ali e que depois vieram descobrir que era a mãe dele, ele já sabia que era a mãe dele. Apesar de negar isso, esse seu depoimento, ele sabia que aquela pessoa morta ali era a mãe dele. Em momento algum, ele mostrou qualquer tipo de ressentimento, qualquer tipo de remorso, qualquer tipo de dor ao ver a sua mãe morta ali. Muito pelo contrário, quis tentar se evadir e ficou preocupado somente com o prejuízo material do veículo", relata.
Em breve, ele será submetido a júri popular. O delegado também ressaltou que o homem estaria "proibido" de dirigir pelos familiares devido ao vício de drogas ou até mesmo para evitar acidentes. Segundo Carlos Augusto, o autor teria pegado o carro da irmã escondido e a mãe teria ido atrás dele para impedir que algo acontecesse. Além disso, foi ressaltada a questão de uma dívida de cerca de R$ 350 mil tanto pela faculdade quanto por outros caprichos do jovem. Já o depoimento do pai foi parecido com o do autor, mas ele também não negou os casos de agressões e violências do filho contra a mãe.
Confira vídeo completo da coletiva de imprensa: