Grande parte dos proprietários de motocicleta não tem habilitação
Rafael Khenaifes 10/09/2024 13:14 - Atualizado em 10/09/2024 13:27
Motociclista
Motociclista / Reprodução
Mais da metade dos donos de motocicletas no país não tem habilitação para a categoria, é o que mostra uma pesquisa pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Uma moto barulhenta foi flagrada no último domingo na Avenida 28 de Março, no centro de Campos. 
O morador André Pinto relatou que essas motos tiram o sossego dos moradores. " De vez em quando eles passam por uma das avenidas mais movimentadas da cidade. Tiram a paz de todos, o barulho incomoda", falou o morador.
Segundo a Senatran, os resultados podem ser explicados, entre outros fatores, pelo custo acessível do veículo, pelo crescimento de negócios com veículos compartilhados, pelo aluguel de motocicletas ou motonetas, e pela dificuldade de acesso à CNH por parte da população.

O estudo também destaca a expansão das áreas urbanas, a necessidade de transporte individual em regiões com infraestrutura limitada, como fatores podem explicar o alto número de proprietários sem habilitação.

Os homens representam 80% dos proprietários de motocicletas, com a maioria dos proprietários na faixa etária de 40 a 49 anos, seguida por aqueles de 50 a 59 anos. Entre os que possuem habilitação, a maioria está na faixa etária de 30 a 39 anos.

Frota
Os dados do estudo mostram que atualmente as motocicletas representam 28% do total da frota nacional. A expectativa é de que em seis anos, mantida a tendência atual, esse percentual alcance 30% da frota.

O Maranhão aparece como o estado com maior percentual de motocicletas, com 60% do total da frota de veículos do tipo, seguido pelo Piauí (54,5%), Pará (54,5%), Acre (53,1%) e Rondônia (51,2%).

“A alta proporção aponta para uma predominância em estados do Norte e Nordeste devido a fatores econômicos, geográficos e culturais”, diz o estudo.

Em números absolutos, São Paulo vem em primeiro lugar, com 7 milhões de veículos registrados, seguido por Minas Gerais (3,5 milhões), Bahia (2 milhões), Ceará (1,9 milhão) e Paraná (1,8 milhão).

Segundo o relatório, esses números podem ser justificados pelas grandes populações de tais estados, que contam ainda com uma distribuição mais variada no que diz respeito aos meios de transporte de preferência.

Infrações
O estudo mostra ainda que após uma queda no número de infrações cometidas por motociclistas em razão da pandemia de covid-19, houve um aumento na emissão de multas.

Enquanto em 2020 esse número ficou em aproximadamente 150 mil, em 2023 atingiu mais de 1,3 milhão. Até julho de 2024, já foram emitidos mais de 638 mil autos de infração.

Mais de 80% das multas estão associadas à não utilização ou uso inadequado dos equipamentos de segurança pelos motoristas ou passageiros – como o não uso de capacete, que responde por cerca de 43% delas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso de capacete é fundamental para proteger os motociclistas e passageiros, podendo reduzir o risco de morte em 37% e de lesões graves na cabeça em cerca de 69%.

Outro dado do estudo está relacionado à participação de motocicletas em acidentes. Os dados revelam que esses veículos respondem a pelo menos 25% dos sinistros e a mais de 30% das fatalidades no trânsito.

“Esses dados reforçam a necessidade de criação e do cumprimento de políticas públicas e estratégias de mobilidade adaptadas para abordar a segurança viária, promovendo um trânsito mais seguro para todos os condutores, especialmente os de motocicletas, motonetas e ciclomotores”, afirma o estudo.
O crescente número de acidentes motociclísticos na região em 2024 tem chamado a atenção das autoridades de saúde. Até a última quinta-feira (5), o Hospital Ferreira Machado (HFM) registrou 2.242 atendimentos a vítimas de acidentes envolvendo motocicletas, representando um aumento de 13,6% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 1.973 atendimentos.
O mês de maio de 2024 foi o mais crítico, com 340 ocorrências, enquanto no mesmo mês de 2023 foram registrados 249 atendimentos, mostrando um crescimento significativo. Outros meses, como janeiro e março, também apresentaram alta, comparados aos mesmos meses de 2023. Em 2023, o HFM atendeu 221 casos em janeiro e 294 em março, enquanto em 2024 esses números foram superados, totalizando 274 e 338, respectivamente.
Além do aumento nos acidentes motociclísticos, o HFM viu sua média mensal de atendimentos gerais subir de 6 mil em 2023 para 7 mil em 2024. A unidade, gerenciada pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), conta com uma equipe de aproximadamente 1.700 profissionais, incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, farmacêuticos e nutricionistas, reforçando seu papel como principal referência em urgência e emergência para toda a região.
O diretor do pronto-socorro do HFM, Hugo Calomeni, aponta que o aumento nos acidentes está diretamente relacionado à falta de cuidado nas estradas. “Grande parte dos casos que atendemos envolve situações evitáveis, como desvio de obstáculos e falta de atenção. É essencial que os motociclistas redobrem os cuidados, para que possamos reverter esse cenário. Estamos sempre prontos para atender, mas a prevenção é a melhor forma de salvar vidas”, destacou.
Entre os atendimentos recentes está o caso de Giovane de Assis, motorista rodoviário de 45 anos, que sofreu um acidente na BR 356 ao tentar desviar de uma capivara. “Eu acabei perdendo o controle e caí. Fraturei o braço, as duas pernas e tive uma lesão no crânio. Graças ao capacete e aos equipamentos de proteção, consegui evitar algo mais grave. Em relação ao atendimento no Hospital Ferreira Machado está tudo certo. A equipe cuidou de tudo, desde a alimentação até os procedimentos médicos”, relatou Giovane, que já passou por uma cirurgia e se prepara para outras duas. 
Com informações Agência Nacional, Ascom e R.K

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