Mães registram boletim de ocorrência contra professora de creche, em Campos
As mães de alunos de uma creche se reuniram para um protesto contra uma professora na manhã desta quinta-feira (22), em frente a uma creche localizada no bairro da Penha, em Campos. Ainda nesta manhã, mães de algumas crianças estiveram na 134ª Delegacia de Polícia, no centro de Campos, para registrar o boletim de ocorrência, sobre a situação, que também envolve casos de suposto assédio contra professora e auxiliar de turma, além de homofobia. O caso segue em investigação na 134ª Delegacia de Polícia. A professora acionou a Polícia Militar para sair do local em segurança.
Aline Esther, mãe de um aluno de 3 anos, explicou o que teria acontecido na unidade, falando sobre as situações que levaram ao ato em frente da creche.
"No caso ali, as crianças tinham um comportamento completamente diferente do normal. Desde quando ela entrou na creche, as crianças tiveram um comportamento totalmente diferente. Ela teve uma licença médica e ficou um tempo afastada. Nesse tempo, elas foram outro tipo de criança. Quando ela voltou, as crianças já começaram a chorar, a se morder. E toda vez que ela estava na sala, elas vinham beliscadas, com arranhões, com hematoma roxo. A gente sempre perguntou, mas ninguém nunca sabia especificamente o que estava acontecendo", disse Aline.
"Até o momento que ela também coagiu as meninas que trabalhavam com ela, que são auxiliares. No caso, teve homofobia, teve assédio. E ela também chamou as meninas de lésbicas, chamou de nojentas. Teve vários tipos de fala desnecessárias e também agrediu as crianças. E, hoje, a gente se juntou para poder não deixar ela continuar na creche", contou a mãe do aluno, complementando que as mães foram na Secretaria de Educação nessa quarta (21) para saber o que poderia ser feito.
Já Kátia Gomes, mãe de uma funcionária que foi supostamente assediada na creche, pede a apuração do caso.
“Nós fomos hoje protestar para que ela não retorne para essa creche, porque a presença dela nessa creche significa uma ameaça constante contra as crianças que ali estudam, que são alunos dela, e também é uma coação com os funcionários que são auxiliares dela de turma. Além de assediar e ter o caso de homofobia contra a minha filha, que trabalha dentro dessa creche”, explicou Kátia.
A diretora do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) de Campos, Andressa Lopes, falou sobre a situação. Ela contou que a professora fez uma denúncia de perseguição e assédio contra a diretora da creche desde fevereiro de 2023 e relatou o caso na Secretaria de Educação.
"Em maio deste ano, a diretora apresentou denúncia na Secretaria de Educação alegando que a professora deixou um remédio tarja preta ao alcance das crianças e uma criança tomou. A Secretaria de Educação, então, abriu um processo administrativo em julho, que irá analisar a situação. A Seduct ofereceu à professora uma transferência para outra unidade até que se resolvesse o processo, mas ela não aceitou, reforçando que estava sendo vítima de perseguição. A professora preferiu tirar uma licença médica, alegando abalo psicológico. A professora retornou da licença ontem e foi para a unidade. As auxiliares que trabalham na sala com a professora, então, avisaram aos pais que a professora agrediu seus filhos e com isso foram junto até a Seduct formalizar a denúncia e solicitar o afastamento da professora", relatou Andressa.
Ela ressaltou, ainda, sobre o suposto caso de agressão. "A acusação de agressão, na fala das auxiliares, teria acontecido de forma recorrente há muito tempo, sendo avisado à diretora (...) Os responsáveis saíram direto da creche para a delegacia junto com as duas auxiliares que testemunharam os supostos fatos e abriram boletim de ocorrência", disse a diretora do Sepe.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct) informou que a professora foi retirada da unidade com apoio da Polícia Militar para segurança de toda a comunidade escolar.
"Essa professora estava de licença médica e está respondendo Processo Administrativo (PAD). Como a licença terminou terça-feira, ela retornou à escola ontem. Entretanto, a Secretaria de Educação solicitou à Secretaria de Administração autorização para afastá-la da unidade até que o PAD seja concluído. A Secretaria de Educação recebeu, nesta quarta-feira, uma comissão de mães da unidade e esclareceu as providências tomadas. A servidora em questão foi chamada a comparecer à Seduct para orientar quanto ao seu afastamento. A Secretaria continua apurando os fatos ocorridos dentro da unidade e está ouvindo todos os envolvidos de forma imparcial a fim de continuar tomando todas as medidas necessárias", diz a nota.