Carvão ativado para tratar água causou mancha no rio Paraíba, diz Inea
Ingrid Silva 30/07/2024 09:22 - Atualizado em 30/07/2024 19:10
Água do rio Paraíba do Sul amanhece com tonalidade diferente
Água do rio Paraíba do Sul amanhece com tonalidade diferente / Rodrigo Silveira
A água do rio Paraíba do Sul amanheceu hoje (30) com uma tonalidade mais escura, na altura do Parque Aldeia, em Guarus. Por meio de nota, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) informou que "após a análise visual realizada por um técnico do instituto, foi constatado que a mancha descrita é resultado do excesso de carvão ativado utilizado pelas concessionárias para o tratamento da água". O carvão teria sido usado para tratar a água contra a geosmina (composto orgânico resultante da proliferação de algas), que gerou muitas reclamações pelo gosto e odor da água fornecida em Campos.
Uma pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) também está sendo feita para apurar toda a questão da água e, segundo prévia da análise, não há presença da Saxitoxina, como informado também pela Águas do Paraíba depois de amostras colhidas.
Água do rio Paraíba do Sul amanhece com tonalidade diferente
Água do rio Paraíba do Sul amanhece com tonalidade diferente / Rodrigo Silveira
Uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) esteve no local para colher mais amostras da água do Paraíba que apareceu hoje com a mancha escura, mas ainda não há resultado. A Folha entrou em contato com a concessionária Águas do Paraíba e aguarda resposta.
Na última semana, clientes da concessionária reclamaram sobre um forte odor e gosto na água do abastecimento. Depois disso, pesquisadores do Laboratório de Ciências Ambientais (LCA), da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), colheram amostras do rio Paraíba do Sul para realizar análises. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Investigação Penal, acompanhou as coletas e apura o caso.

As coletas de amostras das águas também foram feitas na Estação de Tratamento e em algumas residências dos bairros. O Inea também enviou equipes para a região para ajudar na investigação, mas ainda não há retorno sobre o resultado dos testes.
Já na sexta-feira (26), um relatório parcial da Uenf, de acordo com uma fonte do MPRJ, identificou a presença de organismos que afetam a qualidade da água distribuída pela concessionária. Porém, sem nada conclusivo.

O diretor executivo da concessionária Águas do Paraíba, Giuliano Tinoco, durante entrevista no Programa Folha no Ar, da Folha FM, 98,3, na manhã de ontem (29), falou sobre a situação da água em Campos, antes da aparição dessa mancha. De acordo com Giuliano, essas toxinas não foram detectadas nos laudos realizados por laboratórios externos de uma empresa nacional, contratada pela concessionária.

A situação da água em Campos, segundo a Águas do Paraíba, ocorre por conta do aparecimento e proliferação de algas no rio Paraíba do Sul, devido ao período de seca e a baixa vazão dos rios, o que afetou na qualidade bruta da água em diversos municípios. A informação tinha sido confirmada na semana passada pelo biólogo e diretor técnico do Projeto Piabanha, Guilherme Souza. Ele explicou que, sem chuvas e muito sol, as algas realizam mais fotossíntese, acontecendo a proliferação excessiva, o que resulta na produção de geosmina.

“Planta precisa de sol. Alga é planta, só que fica debaixo d'água. Quando temos um momento como esse, sem inverno, água transparente, pouco volume de água no rio e muito adubo na água, é tudo que a planta quer. Aí tem uma proliferação excessiva naquele ecossistema aquático, que é essa cor verde que está aí. Quanto maior a quantidade de sol que entra naquele sistema, mais ela vai fazer a fotossíntese. Mas, em um rio saudável, ele não fica verde, porque é nutriente limitante: nitrogênio e fósforo”, explicou Guilherme.

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