Deam detalha investigação que levou à prisão de líder religioso
Yasmim Lima 11/06/2024 17:45 - Atualizado em 11/06/2024 20:01
Coletiva DEAM Delegada Juliana - Foto: Rodrigo Silveira
Coletiva DEAM Delegada Juliana - Foto: Rodrigo Silveira
Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta terça-feira (11), a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Campos, Juliana Oliveira, detalhou a prisão do líder religioso investigado por violação sexual, estelionato e curandeirismo. Contra ele havia 10 inquéritos em andamento desde setembro de 2022. Os crimes ocorreram entre os anos de 2013 e 2022. O homem foi preso na manhã desta terça, em Custodópolis, em Guarus.
De acordo com a investigação, o suspeito se dizia líder de um grupo espiritualista e conduzia cultos de diversas religiões de matrizes africanas, além de realizar rituais religiosos com cachaça, cocaína e chá de Santo Daime para manter relações sexuais com as vítimas. O homem dizia a seus seguidores que a cura se daria com a consagração do ato sexual, inclusive com sua filha biológica, à época do fato menor de idade. 
Segundo a Deam, o homem cometia violação sexual “mediante fraude” contra mulheres que frequentavam o local. De acordo com a delegada, as investigações dos crimes tiveram início após a primeira vítima comparecer à delegacia para denunciar o caso, em setembro de 2022. As investigações apontaram que também existia agressões físicas e violência psicológica.
A delegada explicou que o suspeito fundou a casa, chamada de casa espiritualizada, em 2011. No local, onde adotava várias práticas, além da kardecista, a umbanda, candomblé, Santo Daime e outras religiões, aconteceram os crimes. As mulheres não eram coagidas a permanecer na casa e nem a praticar os atos, mas elas acreditavam no líder religioso e que isso traria a cura e libertação para elas e para os familiares.
De acordo com a titular da Deam, em depoimento, a vítima contou que o líder chegou a ser internado em uma clínica de recuperação por conta do vício em drogas e algumas dessas vítimas tinham que comprar cocaína para ele. No primeiro momento seria só para ele, mas depois, ele mandava que elas usassem também. Elas também eram obrigadas a tomar cachaça e o chá de Santo Daime, sempre com o pretexto de que ele estava incorporado por uma entidade que as mandava praticar os atos. Algumas dessas vítimas chegaram a ser agredidas, também com o pretexto de estar incorporado e que estava dando uma correção nas filhas de santo dele.
Juliana ainda afirmou que o suspeito alega que atuava com total inconsciência dos atos, sempre incorporado por alguma entidade e que elas mandavam as filhas de santo praticar determinados atos, pela cura e libertação. Ainda durante a coletiva, a delegada destacou que, até o momento, 10 vítimas denunciaram os crimes, mas que com a prisão do suspeito, acredita que outras vítimas procurem a delegacia para realizar as denúncias.

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