Neste ano, foi observado, até metade do mês de abril, um aumento de 68 acidentes de trânsito em relação ao ano passado, envolvendo tanto colisão de veículos quanto capotagens e quedas de moto em Campos. De acordo com um levantamento realizado pelo Corpo de Bombeiros durante o período de 1º de janeiro até 15 de abril deste ano, foram 472 acidentes de trânsito registrados no município. No mesmo período, em 2023, foram 404, enquanto em 2022 foram 380. E ainda existem os que não foram contabilizados por não ter necessidade de acionamento dos bombeiros. O Corpo de Bombeiros informou, ainda, que a maior parte dos acidentes envolve motocicletas. O aumento tem sido significativo durante dois anos e, com isso, as vítimas seguem tendo traumas não só físicos, mas também psicológicos.
De acordo com a assessoria do Hospital Ferreira Machado (HFM), os principais traumas enfrentados por vítimas de acidentes de trânsito incluem traumatismo craniano e fraturas ortopédicas. De janeiro a março deste ano, os setores responsáveis por esses tipos de traumas registraram, respectivamente, 1.781, 1.653 e 1.842 atendimentos. Sobre a quantidade de vítimas de acidentes de trânsito especificamente, o HFM enfrentou desafios na coleta de dados. Além das consequências para o físico, as colisões também podem resultar em problemas sociais, como lotação dos hospitais e em devidos setores.
Segundo a psicóloga Daniele Fagundes, um acidente pode impactar a vida da vítima mexendo com sua saúde mental, trazendo transtornos psicológicos, como o de estresse pós-traumático, ansiedade, flashbacks da situação, e também transtornos de pânico.
“Um acidente de trânsito pode impactar a saúde mental da vítima ao ponto dela desenvolver algo que chamamos de transtorno de estresse pós-traumático, que é um distúrbio caracterizado pela dificuldade da pessoa se recuperar depois de vivenciar ou até mesmo testemunhar um acontecimento tão assustador que é a colisão. Nessa condição, ela pode durar meses ou até anos e ela traz gatilhos mentais na pessoa ao ponto dela voltar na situação. Ela não lembra apenas da situação, mas ela revive muitas vezes constantemente essa situação. É como se ela vivesse a colisão sempre (...) a vítima pode apresentar o transtorno de estresse pós-traumático, que pode aparecer até um ano após do acidente, juntamente com ansiedade, flashbacks da situação, também de transtornos de pânico, a pessoa entra em pânico ao entrar em um veículo que seja semelhante ao que aconteceu a colisão”, disse Daniele.
Para além da colisão, a vítima também pode passar por problemas financeiros tanto na questão da saúde quanto dos danos materiais ou até mesmo a perda do veículo de forma parcial ou total. E isso também pode afetar emocionalmente a pessoa, fazendo até relembrar a situação que gostaria de esquecer. É importante procurar ajuda profissional quando os sintomas pós-acidentes aparecem.
“A pessoa pode ter o psicológico afetado pela questão financeira. Isso porque existem sintomas que são intrusivos, então são pensamentos que invadem a pessoa de uma maneira incontrolável e repetidamente. Isso traz efeitos negativos no pensamento, no humor. Ela tem alterações no estado de alerta, nas reações. E ela perceber que a questão financeira dela foi afetada por isso, pode ser o gatilho para que esses sintomas aconteçam. Além desses sintomas intrusivos, existem os sintomas de esquiva. A pessoa quer se esquivar, ela não quer lembrar daquilo. E a situação financeira, ela vem como um movimento de fazer com que ela lembre da colisão (...) É de extrema importância uma pessoa procurar ajuda psicológica assim que apresentar sintomas pós-acidentes. Isso porque a psicoterapia oferece um espaço seguro e acolhedor para a pessoa processar as suas emoções, os pensamentos, as suas memórias que são associadas ao trauma. O olhar psicológico ajuda a buscar a técnica mais eficiente para aquela pessoa”, explicou a psicóloga.
O Corpo de Bombeiros fez uma orientação para os motoristas e motociclistas em relação as regras de trânsito, assim como para também os pedestres para que seja possível diminuir o número de acidentes no município.
“O Corpo de Bombeiros orienta que os condutores de veículos e motocicletas devem atentar para as regras de trânsito para que se tenha segurança ao conduzir seus veículos. Devem respeitar o limite de velocidade das vias, obedecer as sinalizações verticais e horizontais instaladas nas vias (pinturas nas vias, placas e semáforos), atentar para a condução dos veículos de modo seguro, praticando a direção defensiva, não fazer uso do aparelho celular enquanto dirigem ou pilotam motocicletas e não fazer uso de bebidas alcoólicas ou substâncias químicas, pois a reação motora fica alterada e pode provocar acidentes. Essas orientações devem ser seguidas também pelos pedestres”, diz a nota. (I.S.)
