Mulher que era mantida em cárcere privado pelo companheiro é libertada pela Deam Campos
Catarine Barreto 08/03/2024 09:34 - Atualizado em 08/03/2024 12:24
Mulher foi resgatada pela Deam
Mulher foi resgatada pela Deam / Foto: Divulgação
Uma mulher de 25 anos que era mantida em cárcere privado pelo próprio companheiro, de 27 anos foi libertada por policiais civis da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) Campos, na noite desta quinta-feira (7), véspera do Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta sexta-feira (8). A ação aconteceu no bairro Novo Horizonte, em Guarus. O homem foi preso e autuado por cárcere privado e tortura. Os dois possuem três filhos, entre 3 e 8 anos, que também eram mantidos presos na casa. No momento da prisão, apenas duas crianças estavam na residência. 


De acordo com a delegada titular da Deam, Madeleine Dykeman, a mulher foi resgatada com ferimentos na cabeça e também nos braços. Ela ainda teve as sobrancelhas e os cabelos raspados pelo companheiro. O casal tinha três filhos. Dois deles estavam no momento do resgate.  
Deam resgata mulher que vivia em cárcere (Foto: Catarine Barreto)
Deam resgata mulher que vivia em cárcere (Foto: Catarine Barreto)
Na manhã desta sexta-feira, os agentes da delegacia continuam em diligências na residência em que as agressões e o confinamento aconteceram. No local, a polícia encontrou as portas da casa sem as maçanetas, que foram retiradas para que a mulher não conseguisse fugir. As janelas estavam trancadas com cadeado e cobertas por lençóis para que a vítima não pedisse ajuda. Móveis também eram colocados atrás das portas e das janelas. 
Deam resgata mulher que vivia em cárcere (Fotos: Catarine Barreto)
Deam resgata mulher que vivia em cárcere (Fotos: Catarine Barreto)
"A gente percebe que todas as portas estão sem maçaneta. Todas as vezes que ele saía, segundo declarações da vítima, ele retirava a maçaneta de modo que ela não pudesse abrir", explicou. 
Na casa, a máquina usada para cortar os cabelos e as sobrancelhas da mulher também foi encontrada pelos policiais. 
Delegada dá mais detalhes do crime em coletiva de imprensa 
Durante uma coletiva de imprensa concedida nesta manhã, a delegada classificou o caso como bárbaro e desumano. “Era um caso de uma mulher em cárcere privado, submetida a intensa tortura de punho emocional, psicológico e físico”, contou Madeleine.

A delegada informou que após a denúncia anônima, os policiais foram até o endereço, chamaram, porém ninguém atendeu. Eles então decidiram pular o muro quando notaram que as luzes estavam acesas.

Na casa estavam o homem, a vítima e dois dos três filhos do casal. “ No primeiro momento ela negou o fato, mas após nossa policial levá-la para um dos quartos e conversar com ela, a vítima confirmou que havia sido agredida, inclusive tirando um chapéu que usava e mostrando um ferimento na cabeça causado por uma paulada”, contou Madeleine.

Ela foi levada para o Hospital Ferreira Machado (HFM), onde os médicos encontraram ainda uma lesão na costela da mulher, causada por chutes dados pelo companheiro.

“Eles se relacionavam há 10 anos. Há 8 anos ele passou a agredi-la. O motivo seria ciúmes. Em 2016, como forma de humilhá-la, ele cortou o cabelo dela, que era algo que ela gostava muito. Depois disso eles passaram um período, segundo ela, sem grandes discussões, até que há dois meses ele começou a ter muita crise, cortando o cabelo novamente e a agredindo”, contou.
Nos últimos 15 dias, ela foi confinada junto com os filhos na casa. “ Ela não tinha acesso a luz do sol e ar puro. As janelas estavam trancadas com cadeados e escoradas com madeira. Além disso, ele colocava concreto no miolo da chave para evitar que ela saísse, além de tirar as maçanetas”, destacou a delegada.

O homem possui passagens por latrocínio, tentativa de homicídio e roubo. Ele foi preso em flagrante e autuado por tortura qualificada e cárcere privado qualificado em relação a mulher e os filhos. “ Somadas, essas penas podem variar de 16 a 36 anos”, destacou a delegada.

A delegada da Deam Campos enfatizou que as mulheres precisam buscar ajuda e que a população deve denunciar. “ Queria dizer que felizmente essa mulher foi salva, com certeza ela seria morta e também dar o alerta para as mulheres, dizendo que não se cale. Denuncie. Vocês precisam saber que não merecem passar por isso e que existem pessoas e instrumentos capazes de tirá-la dessa situação”, concluiu.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS