Estupro e suspeita de canibalismo em caso de adolescente assassinada em Atafona
Catarine Barreto e Ingrid Silva 01/12/2023 12:27 - Atualizado em 02/12/2023 14:40
Casa onde crime aconteceu
Casa onde crime aconteceu / Folha da Manhã / Reprodução
Um caso de estupro e assassinato de uma adolescente de 17 anos, em Atafona, chocou a população de São João da Barra, nesta sexta-feira (1). A Polícia Civil investiga, ainda, a suspeita de canibalismo após Maria Eduarda Silva Barreto ter sido esganada. Colega de escola da vítima, Gabriel Conceição Bento, de 18 anos, é apontado como autor desses crimes e ainda de ter esfaqueado Lucas Lima de Castro Souza, de 16 anos, que seria namorado de Maria Eduarda. O suspeito foi rendido por populares, que, revoltados, o agrediram. Na delegacia, segundo a titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), Madeleine Dykemann, Gabriel confessou os crimes. O corpo de Maria Eduarda foi sepultado neste sábado, no Cemitério de São João da Barra, sob forte comoção. 
Em entrevista coletiva na tarde desta sexta, Madeleine, que está representando a 145ª Delegacia de Polícia (SJB) no plantão de final de semana, informou que o suspeito tinha interesses em comum com a adolescente, como histórias policiais e de serial killers, mas não havia envolvimento amoroso. De acordo com a delegada, o crime aconteceu na casa de Gabriel, que teria convidado Maria Eduarda com a desculpa de que a entregaria um livro de presente, apreendido pela polícia.
 
Segundo Madeleine, ao ser atacada, a jovem conseguiu pegar uma faca, na tentativa de se defender, mas o assassino quebrou o objeto, estuprou e esganou a adolescente até a morte. O suspeito ainda teria retirado um pedaço do seio dela. “O perito legista confirmou que o autor estuprou a vítima enquanto ela ainda estava viva. Nessa perspectiva, ele também responderá por crime de estupro”, informou a delegada.
Com o intuito de se livrar da responsabilidade do crime, já que a vítima teria informado a Lucas onde estava, o suspeito também teria esfaqueado o namorado da vítima, após se passar pela adolescente e chamá-lo para a casa dele. Os dois entraram em luta corporal, e o adolescente conseguiu chamar a irmã do suspeito, que convenceu o irmão a se apresentar na delegacia. O jovem ferido foi socorrido e segue estável no Hospital Ferreira Machado (HFM). O suspeito foi transferido para Campos.
A delegada informou que, em depoimento, o suspeito disse que “não gostava nem desgostava” da vítima, mas que sempre teve uma vontade de matar pessoas, só que nunca chegou a realizar. Gabriel teria contado, ainda, que tinha a intenção de matar também o namorado de Maria Eduarda, acertando sua carótida, mas não conseguiu.
— Sobre a motivação do crime, questionado várias vezes se havia alguma relação afetiva, algum amor platônico, algum amor não correspondido, ele disse que não. Ele afirma que eram apenas colegas e que ele, desde criança, tinha vontade de matar pessoas. Que quando ele era criança, atraía outras crianças para lugares com casas abandonadas e tinha vontade de matá-las, mas sempre hesitava. E que, no dia de hoje, ele chegou a hesitar, mas, decididamente, resolveu fazer aquilo que ele sempre quis, que era matar alguém — informou Madeleine.
A delegada destacou, ainda, que familiares também foram questionados sobre o histórico de violência do Gabriel. “A irmã, que, inclusive, ajudou a salvar a vida da segunda vítima, disse que ele era um menino tranquilo, mas que, após a pandemia, ficou muito quieto e começou a jogar GTA, ficando muito assíduo nos jogos. E que, eventualmente, quando alguma coisa no colégio o desagradava, ele falava: 'Ah, eu quero matar esse povo', mas que a família nunca acreditou que isso fosse verdadeiro”.
Madeleine chegou a questionar o suspeito se ele já havia passado por algum tratamento psicológico. “Ele falou que, como ele era violento, já foi submetido a um psicólogo, mas que nada foi atestado. Então, todos esses fatos são preliminares. É claro que a delegacia de São João da Barra vai continuar as investigações para ouvir os diretores do colégio para saber se havia alguma anotação com relação a esse comportamento dele, amigos, para saber como era essa dinâmica, mas o fato é que, infelizmente, no dia de hoje, uma vida se foi e, felizmente, o menino está estável, e a gente acredita que assim que ele tiver condições, vai prestar depoimento sobre esse fato, esclarecendo a dinâmica”, disse a delegada.

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