Casos de dengue aumentam em Campos e município segue em alerta
Catarine Barreto 11/11/2023 14:55 - Atualizado em 11/11/2023 15:37
  • Doutor Luiz José de Souza, diretor do Centro da Dengue

    Doutor Luiz José de Souza, diretor do Centro da Dengue

  • Anicea, diagnosticada com Dengue

    Anicea, diagnosticada com Dengue

  • Centro de Referência da Dengue e Pós-Covid

    Centro de Referência da Dengue e Pós-Covid

 
 
A Secretaria Municipal de Saúde de Campos (SMS) informou que, de janeiro a 30 de outubro de 2023, o município contabilizou 2.911 casos confirmados laboratorialmente e clínico epidemiológico de dengue. Deste total, houve um óbito em decorrência da doença. Foram registrados, ainda, 21 casos de chikungunya e nenhum de zika. Já de janeiro a outubro de 2022 foram 194 casos de dengue, quatro de chikungunya e dois de zika, sem registro de óbito. De acordo com o município de Campos, o trabalho de prevenção e controle da dengue, zika e chikungunya, feito pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), é contínuo.

Mesmo com esse aumento significativo de casos confirmados de dengue, a Prefeitura destacou que no momento, não há epidemia. O município está em alerta e monitorando periodicamente os casos notificados da doença.

A mesma linha de informação é seguida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), que por meio de nota, também destacou que apesar de haver um aumento significativo do número de casos de dengue no estado do Rio de Janeiro em 2023, não há, no momento, epidemia da doença em nenhum dos 92 municípios do estado.

“Embora algumas cidades apresentem uma alta taxa de incidência (calculada pela proporção entre número de casos e o total da população) da doença, com um número de casos acima do esperado para o período do ano, a taxa encontra-se abaixo dos índices verificados historicamente nos períodos de epidemia”, informou.

A pasta informou ainda que decretação de estado de epidemia cabe aos próprios municípios. O que cabe à SES-RJ é o monitoramento, a orientação e as ações complementares às ações dos municípios, sempre com base em uma metodologia já consolidada.

Até o momento, houve 39. 369 casos prováveis de dengue em todo o estado, com 2.161 internações e 21 óbitos. O maior número absoluto de casos prováveis é observado na Capital e na região Noroeste Fluminense.

As cinco cidades que mais registraram casos neste ano, até o momento, são: Rio de Janeiro (18.134), Campos dos Goytacazes (2.891), Itaperuna (1.989), Angra dos Reis (1.490) e Duque de Caxias (1.221).

A Folha entrou em contato com a assessoria do município de Itaperuna, para falar sobre esse aumento e saber sobre as medidas tomadas, e aguarda a resposta.

Tais números divulgados preocupam, mas no caso de Campos, segundo o doutor Luiz José de Souza, coordenador do Centro de Referência da Dengue e Pós-Covid (CRD), Doutor Jayme Tinoco Netto, anexo ao Hopital Plantadores de Cana, existe uma explicação.

— Campos apareceu como segundo que mais teve dengue, mas isso é por causa do Centro de Referência. Se aqui é centralizado, a notificação é mais precisa. Quando é solto, a maioria das unidades não notificam direito, então um município que não tem um lugar centralizado, os casos acabam subnotificados, não tenha dúvida. Quando é centralizado, nós sempre aparecemos com o número mais alto. Campos não é diferente dos outros municípios, mas vigiamos mais — disse o doutor José.

O coordenador do CRD afirmou ainda que o Centro de Referência é um importante vigilante epidemiológico do município e que o principal objetivo da unidade é buscar o tratamento preciso para evitar óbitos.

— Nós temos dengue o ano todo, não deixamos de ter em momento algum. Tivemos um pico maior em abril, maio e junho, depois houve uma queda e agora em outubro voltou a fazer a curva novamente. O centro de referência é importante porque ele é um vigilante epidemiológico e nós fazemos o alerta para o município. Além disso, nosso objetivo principal é fazer diagnóstico, realizar o tratamento e ser muito preciso para não se ter óbito — falou.

Doutor Luiz José de Souza explicou que as equipes são treinadas para realizar o diagnóstico preciso, uma vez que as doenças, como dengue e febre maculosa, por exemplo, apresentam sintomas semelhantes.

— Nós sempre temos que estar atentos aos diagnósticos diferenciais. No caso da dengue, o sintoma mais comum é febre, dor de cabeça e mialgia. Da febre maculosa, que agora começou a ter casos, os sintomas são parecidos com a dengue. Só que tem uma coisa importante, que o médico tem que fazer e os atendentes também e aqui todos são orientados a fazer isso, é saber se tem história epidemiológica, se é pescador, caçador, se esteve em locais habitados por capivaras, por exemplo. São coisas que ajudam no diagnóstico mais preciso e principalmente o tratamento mais adequado para evitar a morte do paciente — contou.

O Centro de Referência atende em média 18 pessoas por dia, que vão a unidade pela primeira vez. Depois disso, o CRD realiza o acompanhamento daquele paciente, o que faz o número de atendimento aumentar para 40 pessoas, em média.

— O bom do CRD é o acompanhamento, porque aqui nós temos o prontuário médico e eletrônico, onde este último, dá informação epidemiológica ao CCZ, fazendo com que eles saibam onde a doença está circulando, os bairros, e isso é importante para auxiliar no combate ao vetor. Além disso, nós acompanhamos os pacientes durante o tratamento da doença — explicou.

É o caso da agricultora Anicea de Paula Ribeiro, de 60 anos e moradora de Três Vendas. Ela esteve na última semana no CRD e teve o diagnóstico de dengue confirmado.

Nesta semana, a idosa, que trabalha em plantações, voltou a unidade para o acompanhamento da doença, segundo sua filha, Jaqueline Ribeiro de 39 anos.

— Achei ela muito caída em casa, mas ela disse que era cansaço pelo serviço. Isso é o mais importante, não fique em casa achando algo, saia e busque atendimento. Quando chegamos aqui ela teve o diagnóstico de dengue e começou o tratamento. Hoje voltamos para o acompanhamento e ela está bem melhor — contou Jaqueline.

De acordo com dados do CRD, em relação aos pacientes atendidos na unidade, os dez bairros onde aparecem um maior número de casos de dengue são: Parque Prazeres, Centro, Jóquei, Tapera, Jardim Carioca, Travessão, Parque Aurora, Parque Eldorado, Goitacazes, Novo Jóquei, Parque Vicente Gonçalves, Barão de Rio Branco, Parque Imperial, Santa Rosa e Donana.

— Essa é a nossa preocupação, porque tem vários bairros com a presença do mosquito. É importante chamar atenção da população, para que haja vistoria no seu quintal e para não deixar água parada. Precisamos trabalhar para não ter epidemia. Tem que haver um conjunto na prevenção do município, e 50% é da população. Mesmo assim, nós estamos em uma fase tranquila, controlável e o importante agora é intensificar a prevenção — disse.

O médico destacou que, na dúvida, o lugar do diagnóstico é no CRD. “Está com os sintomas, acha que pode se dengue? Não perca tempo e venha para cá. Também pode ir na UBS primeiro porque as vezes pode ser outra coisa, mas caso tenha suspeita, venha direto para cá porque aqui é o local para o diagnóstico mais preciso — alertou. (C.B.)
 
  • Mutirões contra dengue em Macaé

    Mutirões contra dengue em Macaé



CCZ realiza ações para o combate ao mosquito Aedes aegypti

De acordo com o município de Campos, o trabalho de prevenção e controle da dengue, zika e chikungunya, feito pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), é contínuo e conta com visitação domiciliar diária e bloqueio aeroespacial com fumacê e bomba costal.

Esta última atividade ocorre nos bairros com casos positivos das arboviroses. Há também monitoramento com armadilhas (Ovitrampas) e visita quinzenal aos Pontos Estratégicos (PE), como borracharia, ferros-velhos e similares.

“O CCZ também intensifica essas ações com mutirões, sempre às sextas-feiras, nos bairros que apresentaram índice mais alto no último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa). O trabalho de Educação em Saúde é feito pelo IEC nas escolas, associações de moradores e empresas. Também são realizadas ações integradas secretarias e órgãos públicos da municipalidade”, disse por meio nota.

O último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa) divulgado no último mês, mostrou que resultado foi de 2.4%, o menor do ano e também inferior ao anterior, que ficou em 3.3% no Índice de Infestação Predial (IIP) para Aedes aegypti. (C.B.)

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