Baderna na Pelinca vira pauta nas redes sociais e vereador pede audiência pública
Catarine Barreto - Atualizado em 14/10/2023 07:51
Baderna na Pelinca vira pauta nas redes sociais e vereador pede audiência pública
Baderna na Pelinca vira pauta nas redes sociais e vereador pede audiência pública / Genilson Pessanha
Quem viu somente a Pelinca calma na manhã dessa sexta-feira (13), durante o feriadão de Nossa Senhora Aparecida e do Dia das Crianças, não teve como imaginar que o bairro vem passando por momentos de tensão, uma vez que tem sido palco de tumultos constantes. O tema motivou debatido nas redes sociais, inclusive com participação do vereador Raphael Thuin. Em julho, ele protocolou um ofício solicitando ao Ministério Público Estadual que entre como uma ação pública para que os direitos dos moradores daquela área sejam respeitados.
No caso mais recente, a Polícia Militar (PM) foi acionada, na madrugada do último dia 6, às 4h, para verificar um tumulto, que teria começado em frente a um bar. Segundo populares, ocupantes de um veículo teriam efetuado disparos de arma de fogo no local. A PM informou que equipes foram deslocadas para verificar a informação, mas o veículo citado não foi localizado. De acordo com a secretaria de Estado de Polícia Militar, o comando da unidade local disse que emprega policiamento na região com equipes em viaturas, em motopatrulhas e com policiais em reforço através do Regime Adicional de Serviço (RAS).
— Os policiais realizam abordagens sistematicamente e cumprem roteiros ostensivos e de baseamento definidos estrategicamente. Vale ressaltar que os registros das ações em delegacias são fundamentais para a efetividade da estratégia de segurança pública no município — diz a nota.
Mesmo com essa informação, a sensação de insegurança e abandono é constante, como destacou a moradora Silvana Silva, de 37 anos.
— Eu não gosto de me expor assim, mas é algo necessário. O poder público só olha para nós como os olhos de dinheiro, porque o IPTU é caríssimo. Mas, ninguém vê como está difícil morar aqui, principalmente aos finais de semana. Não é de hoje que todos noticiam as barbáries que acontecem e nada muda — disse ela.
Esse pensamento é compartilhado por uma comerciante, moradora do bairro há 10 anos, que preferiu não ter o nome divulgando por temer represálias.
— Se as pessoas têm coragem de sair atirando por nada, imagina se cismarem com a gente? É necessário que se faça algo sem que as pessoas precisem se expor. Na verdade, eu penso que eles estão esperando acontecer outra tragédia aqui para fazer algo — comentou.
Segundo a comerciante, tem havido uma “mudança de público” na Pelinca nos últimos anos.
— De 2019 para cá, o público daqui mudou. Não sei dizer o porquê, talvez nem haja explicação, mas mudou. Hoje, a baderna está sem controle. Eles brigam e causam tumulto sempre nas madrugadas, quando o policiamento não circula tanto. Parecem vir de outros locais, como se aqui fosse a saideira. Vejo isso como a certeza deles da impunidade — explicou.
Outra reclamação, feita pelo morador Sebastião Ribeiro Rosa, de 69 anos, diz respeito a motos com escapamento torbal.
— Moro aqui há 50 anos, desde pequeno. Vi o crescimento da Pelinca e o seu abandono também. Além de todos os problemas, esses meninos de moto passam fazendo um barulho que incomoda até mesmo a nós, que moramos nos andares de prédio mais altos. Podemos enumerar os problemas, mas não podemos dizer o mesmo das soluções, porque ninguém faz nada — lamentou.
A Folha buscou um posicionamento da secretaria municipal de Ordem Pública, mas não obteve retorno da Prefeitura até o fechamento desta matéria.
Cobrança
O vereador Raphael Thuin é um dos parlamentares que mais têm abordado a baderna na Pelinca. Em recente vídeo na redes sociais, ele voltou a cobrar o poder público, já tendo protocolado, em julho, um ofício solicitando atuação do Ministério Público Estadual.
— A situação na avenida Pelinca já ultrapassou todas as possibilidades dos absurdos mais incabíveis e inaceitáveis. O que mais precisa acontecer para a Prefeitura tomar uma atitude e reestabelecer definitivamente a ordem pública na Pelinca? Os próprios donos dos estabelecimentos já pediram ajuda da fiscalização... e nada muda! Os trabalhadores e profissionais que vivem da promoção do entretenimento também não merecem ter suas vidas e seus negócios expostos a tamanho caos. A Prefeitura segue colhendo impostos dos moradores da região sem sequer promover o mínimo, que é a garantia da ordem pública na cidade — escreveu o parlamentar.
Caos
Os tumultos na Pelinca têm sido recorrentes. No final de julho, uma briga foi registrada em vídeo que viralizou nas redes sociais. As imagens mostraram pelo menos quatro homens brigando. Um deles foi atingido por socos e chutes, mesmo caído no chão. Até uma mesa foi usada para bater na cabeça do homem. Ao tentar levantar por diversas vezes, ele voltou a cair devido às agressões.
No dia 2 do mesmo mês, outro episódio havia ocorrido. Em vídeo gravado por moradores, foi possível escutar um som alto na rua, havendo concentração de pessoas no cruzamento da avenida Pelinca com a rua Mariano de Brito. No vídeo, uma pessoa narra que a bagunça acontecia por volta das 4h.
Em ambos os casos, a Prefeitura chegou a informar que segue realizando a operação Choque de Ordem na região da Pelinca e em outros pontos da cidade, com atuação intensificada e ininterrupta no período noturno, em conjunto com a Guarda Civil Municipal e a PM.
Em novembro do ano passado, durante comemoração de torcedores do Flamengo pela conquista da Copa Libertadores da América, três pessoas foram baleadas na Pelinca. Marcelo Caetano de Andrade, de 37 anos, morreu na hora; enquanto Myrelle Sophia Santiago Marinho Lírio, de 12 anos, e um jovem de 18 anos, apontado pela Polícia Civil como alvo do atirador, faleceram posteriormente, no Hospital Ferreira Machado.

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