Empresas começam a se organizar para implantar parque eólico offshore no Norte Fluminense
Açu em destaque
Uma vez sancionada a legislação federal, a expectativa é que até o fim deste ano ou no início de 2025 comecem os leilões de área e implantação das eólicas offshore, prevê Mauro Andrade, diretor-executivo de Desenvolvimento de Negócios da Prumo Logística, responsável pela operação do Porto do Açu. A pedido do governo estadual, o Porto do Açu indicou uma área de 5 km2, a 12 km da costa brasileira, para a implantação do projeto piloto eólico, em águas de até 25 metros de profundidade.
“Como estrutura portuária, apontamos um polígono no mar que não fosse muito distante da costa, que pudesse abrigar o projeto-piloto, sem atrapalhar os canais de navegação, e que estaria apto a receber o projeto do ponto de vista ambiental. Mas a palavra final será do Instituto Estadual de Ambiente (Inea). É um local relativamente raso, a 25 metros da lâmina d´água, o que facilita a instalação”, explica Andrade.
Beneficiado pela proximidade do futuro parque, o Porto do Açu deverá concentrar a logística das operações. “Temos uma grande vantagem competitiva, porque o porto abriga duas termoelétricas de gás natural, com linhas de transmissão de energia, uma de 345 megawatt (MW), a outra com 500 MW. Já está pronta a estrutura para levar energia até a subestação na costa. Atualmente, há uma capacidade ociosa de aproximadamente 1 Gigawatt, que podemos receber dos parques eólicos e fazer fluir sem maiores intervenções, atualizações ou adaptações do sistema”, acrescenta Andrade.
Hugo Leal, secretário estadual de Energia e Economia do Mar, acredita que os 40 anos de exploração offshore de petróleo e gás na costa fluminense colocaram o Rio de Janeiro na dianteira para atrair investimentos nesse campo. Além do menor custo em transmissão de energia, o estado já conta com muitas empresas de energia, entre elas a Petrobras, e centros de pesquisa de excelência.
“Nosso estado tem potencial para se transformar em um hub de geração eólica offshore, atraindo fabricantes para se instalarem no Rio de Janeiro e atendendo demandas internas do segmento nas regiões Nordeste e Sul e do mercado internacional”, afirma Leal.
Na coordenação do projeto-piloto do parque eólico offshore, a Secretaria de Energia e Economia do Mar iniciou, em janeiro, o processo de licenciamento prévio das operações, protocolando no Ibama a Ficha de Caracterização de Atividades, além de pedir a certidão de disponibilidade de espelho d’água à Superintendência de Patrimônio da União. Enquanto aguarda a apreciação do PL 11.247/18 pelo Senado, a Secretaria tem conversado com o governo federal sobre o licenciamento do projeto-piloto. Com esse documento, será requisitada a cessão para o estado do Rio do polígono onde será instalado o projeto-piloto, informa Leal.
“O projeto-piloto tem como objetivo testar a viabilidade da implantação de eólicas offshore no estado e contempla a avaliação de variáveis como o desempenho das turbinas, a interface com a fauna e a flora marinha e comunidades pesqueiras, a medição dos ventos e a geração de energia. Foram formados sete grupos temáticos, com representantes da Secretaria e das empresas interessadas, para tratar dos aspectos jurídicos, de licenciamento, regulação, financiamento, tecnologia, capacitação de fornecedores e institucional. A experiência na produção de petróleo em ambiente offshore é um dos principais fatores competitivos do estado do Rio. Essa sinergia é representada pela cadeia de suprimentos madura, pela mão de obra capacitada, além da enorme quantidade de dados e informações referentes ao solo marinho e ao regime de ventos”, diz Leal.
Hidrogênio de baixo carbono
Um dos atrativos que o parque eólico pode vir a oferecer é a conexão com a produção de hidrogênio verde, ou de baixo carbono, contribuindo para o processo de descarbonização da economia, como foi mencionado pelo secretário Hugo Leal, na primeira reunião de divulgação do projeto, em julho de 2023. Na época, Leal comentou que, com a implantação de eólicas offshore, seria dado um passo para a produção de hidrogênio de baixo carbono.
“A geração eólica será mais uma fonte de energia renovável que se integrará à matriz energética, contribuindo para a sua diversificação, para o aumento da segurança energética e para a descarbonização da economia do nosso estado”, afirma Leal.
Mauro Andrade também vê a geração eólica como uma fonte renovável que o país se destaca por ter uma matriz de energia “que já é muito limpa”: “A matriz elétrica do Brasil é 90% renovável. Hidrogênio verde é um eletrointensivo. Se conseguirmos fazer do Brasil um produtor relevante no cenário mundial de hidrogênio verde, as eólicas offshore vão ajudar no fornecimento dessa energia”, pontua Andrade.
Para Karine Fragoso, a produção de hidrogênio verde atende a uma demanda dos consumidores, que cada vez mais exigem produtos com menores teores de carbono. “A produção de óleo e gás brasileira já apresenta níveis, nas emissões de CO?, que são menores em relação à média mundial. Um dos modelos que vem sendo estudados é a eletrificação das plataformas a partir da geração de energia renovável, através da eólica offshore, reforçaríamos esse nosso diferencial competitivo, reduzindo ainda mais a pegada de carbono de nosso petróleo, além de elevar nossa posição a um patamar mais atraente no mercado internacional”, completa Karine.
Bons ventos refrescam o panorama energético brasileiro que vem do mar, como mostra reportagem especial da Carta da Indústria da Firjan. Lançado em meados de 2023, o Projeto-Piloto Eólica Offshore, liderado pela Secretaria de Energia e Economia do Mar do governo do Estado do Rio, tem como objetivo criar um ambiente facilitador para desenvolvimento de projetos e contribuir para viabilizar a implantação de eólicas offshore na região Norte do estado. A expectativa é que até o início de 2025 comecem os leilões de área e implantação das eólicas offshore, e o Porto do Açu indicou uma área de 5 km² a 12 km da costa para a implantação do projeto piloto.
A iniciativa do Governo do Estado já atraiu mais de 60 empresas e instituições de diferentes segmentos, como óleo e gás, logística portuária e energia, com interesse em participar desse novo mercado no Rio, que apresenta potencial de geração de 24 GW, sem considerar áreas em licenciamento que hoje estão sobrepostas, e mais de 500 mil postos de trabalho ao longo da implementação desses projetos. Em paralelo, está em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 11.247/18, que trata da regulamentação da instalação de parques marítimos, com torres de 120 metros de altura, que captarão a energia cinética das correntes de ar para transformá-las em energia elétrica limpa e renovável.
Toda essa movimentação é acompanhada de perto pela Firjan, que participa das ações em torno do desenvolvimento desse novo mercado no estado do Rio – que concentra suas oportunidades na região Norte Fluminense, auxiliando conectar interessados em investir no avanço de energia limpa e na descarbonização das empresas de petróleo e gás. A concretização dos investimentos impulsionará crescimento econômico local, com a chegada de novas indústrias e abertura de postos de trabalho, o que demandará capacitações para as quais a federação está atenta, de modo que as riquezas geradas permaneçam na região, salienta Francisco Roberto de Siqueira, presidente da Firjan Norte Fluminense.
“A expectativa é que outras indústrias sejam atraídas, tanto na produção de equipamentos para esse fim quanto no desenvolvimento de outros mercados, como o de hidrogênio. A previsão de investimentos em eólica se soma a uma gama de projetos de energia renovável, também localizados na região Norte Fluminense, preparando o estado do Rio e o Brasil para a transição energética a partir da integração de diversas soluções. E isso numa realidade em que já temos um ecossistema de óleo e gás consolidado na região, como em poucos lugares no país”, ressalta Siqueira.
Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da federação, conta que, no âmbito do projeto-piloto, a Firjan está envolvida em subgrupos de regulação, licenciamento, financiamento e capacitação do projeto, visando alcançar o melhor resultado para o desenvolvimento da indústria fluminense. “Damos apoio a aspectos fundamentais para o aumento dos negócios, estabelecendo relações estreitas com todos os stakeholders envolvidos, que representam desde associações empresariais, órgãos do poder público e governos de países até grandes empresas dos mercados de petróleo, gás, naval e eletricidade”, conta.
Karine lembra que o estado já tem mão de obra altamente qualificada na cadeia produtiva de energia e naval, o que o torna atraente para investimentos nesse campo. A necessidade de empresas, incluindo as de serviços, logística e para atender ao aumento de circulação local, pode gerar mais de 500 mil postos de trabalho ao longo da implementação e operação dos projetos, de acordo com cálculos da federação, a partir de dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Esse panorama exigirá soluções de capacitação e desenvolvimento profissional para atendimento a esse mercado.
A iniciativa do Governo do Estado já atraiu mais de 60 empresas e instituições de diferentes segmentos, como óleo e gás, logística portuária e energia, com interesse em participar desse novo mercado no Rio, que apresenta potencial de geração de 24 GW, sem considerar áreas em licenciamento que hoje estão sobrepostas, e mais de 500 mil postos de trabalho ao longo da implementação desses projetos. Em paralelo, está em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 11.247/18, que trata da regulamentação da instalação de parques marítimos, com torres de 120 metros de altura, que captarão a energia cinética das correntes de ar para transformá-las em energia elétrica limpa e renovável.
Toda essa movimentação é acompanhada de perto pela Firjan, que participa das ações em torno do desenvolvimento desse novo mercado no estado do Rio – que concentra suas oportunidades na região Norte Fluminense, auxiliando conectar interessados em investir no avanço de energia limpa e na descarbonização das empresas de petróleo e gás. A concretização dos investimentos impulsionará crescimento econômico local, com a chegada de novas indústrias e abertura de postos de trabalho, o que demandará capacitações para as quais a federação está atenta, de modo que as riquezas geradas permaneçam na região, salienta Francisco Roberto de Siqueira, presidente da Firjan Norte Fluminense.
“A expectativa é que outras indústrias sejam atraídas, tanto na produção de equipamentos para esse fim quanto no desenvolvimento de outros mercados, como o de hidrogênio. A previsão de investimentos em eólica se soma a uma gama de projetos de energia renovável, também localizados na região Norte Fluminense, preparando o estado do Rio e o Brasil para a transição energética a partir da integração de diversas soluções. E isso numa realidade em que já temos um ecossistema de óleo e gás consolidado na região, como em poucos lugares no país”, ressalta Siqueira.
Karine Fragoso, gerente de Petróleo, Gás e Naval da federação, conta que, no âmbito do projeto-piloto, a Firjan está envolvida em subgrupos de regulação, licenciamento, financiamento e capacitação do projeto, visando alcançar o melhor resultado para o desenvolvimento da indústria fluminense. “Damos apoio a aspectos fundamentais para o aumento dos negócios, estabelecendo relações estreitas com todos os stakeholders envolvidos, que representam desde associações empresariais, órgãos do poder público e governos de países até grandes empresas dos mercados de petróleo, gás, naval e eletricidade”, conta.
Karine lembra que o estado já tem mão de obra altamente qualificada na cadeia produtiva de energia e naval, o que o torna atraente para investimentos nesse campo. A necessidade de empresas, incluindo as de serviços, logística e para atender ao aumento de circulação local, pode gerar mais de 500 mil postos de trabalho ao longo da implementação e operação dos projetos, de acordo com cálculos da federação, a partir de dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Esse panorama exigirá soluções de capacitação e desenvolvimento profissional para atendimento a esse mercado.
Açu em destaque
Uma vez sancionada a legislação federal, a expectativa é que até o fim deste ano ou no início de 2025 comecem os leilões de área e implantação das eólicas offshore, prevê Mauro Andrade, diretor-executivo de Desenvolvimento de Negócios da Prumo Logística, responsável pela operação do Porto do Açu. A pedido do governo estadual, o Porto do Açu indicou uma área de 5 km2, a 12 km da costa brasileira, para a implantação do projeto piloto eólico, em águas de até 25 metros de profundidade.
“Como estrutura portuária, apontamos um polígono no mar que não fosse muito distante da costa, que pudesse abrigar o projeto-piloto, sem atrapalhar os canais de navegação, e que estaria apto a receber o projeto do ponto de vista ambiental. Mas a palavra final será do Instituto Estadual de Ambiente (Inea). É um local relativamente raso, a 25 metros da lâmina d´água, o que facilita a instalação”, explica Andrade.
Beneficiado pela proximidade do futuro parque, o Porto do Açu deverá concentrar a logística das operações. “Temos uma grande vantagem competitiva, porque o porto abriga duas termoelétricas de gás natural, com linhas de transmissão de energia, uma de 345 megawatt (MW), a outra com 500 MW. Já está pronta a estrutura para levar energia até a subestação na costa. Atualmente, há uma capacidade ociosa de aproximadamente 1 Gigawatt, que podemos receber dos parques eólicos e fazer fluir sem maiores intervenções, atualizações ou adaptações do sistema”, acrescenta Andrade.
Projetos de longo prazo
As torres de 120 metros de altura fincadas sobre o mar no litoral Norte fluminense só devem começar a operar a toda carga em 2032, calcula Mauro Andrade. “O projeto-piloto deve levar de três a quatro anos para sair do papel. E os projetos de capital podem começar a funcionar lá para 2032, se tivermos um leilão de cessão de área ao fim deste ano. Para desenvolver projetos de maior envergadura são necessários de seis a sete anos”, diz o diretor da Prumo Logística, que elogia a visão do governo estadual em lançar o projeto-piloto: “Esse é um segmento que não existe no Brasil, e o governo do Rio teve uma boa iniciativa ao entender que precisava fomentar essa atividade para diminuir os riscos operacionais”.
As torres de 120 metros de altura fincadas sobre o mar no litoral Norte fluminense só devem começar a operar a toda carga em 2032, calcula Mauro Andrade. “O projeto-piloto deve levar de três a quatro anos para sair do papel. E os projetos de capital podem começar a funcionar lá para 2032, se tivermos um leilão de cessão de área ao fim deste ano. Para desenvolver projetos de maior envergadura são necessários de seis a sete anos”, diz o diretor da Prumo Logística, que elogia a visão do governo estadual em lançar o projeto-piloto: “Esse é um segmento que não existe no Brasil, e o governo do Rio teve uma boa iniciativa ao entender que precisava fomentar essa atividade para diminuir os riscos operacionais”.
Hugo Leal, secretário estadual de Energia e Economia do Mar, acredita que os 40 anos de exploração offshore de petróleo e gás na costa fluminense colocaram o Rio de Janeiro na dianteira para atrair investimentos nesse campo. Além do menor custo em transmissão de energia, o estado já conta com muitas empresas de energia, entre elas a Petrobras, e centros de pesquisa de excelência.
“Nosso estado tem potencial para se transformar em um hub de geração eólica offshore, atraindo fabricantes para se instalarem no Rio de Janeiro e atendendo demandas internas do segmento nas regiões Nordeste e Sul e do mercado internacional”, afirma Leal.
Na coordenação do projeto-piloto do parque eólico offshore, a Secretaria de Energia e Economia do Mar iniciou, em janeiro, o processo de licenciamento prévio das operações, protocolando no Ibama a Ficha de Caracterização de Atividades, além de pedir a certidão de disponibilidade de espelho d’água à Superintendência de Patrimônio da União. Enquanto aguarda a apreciação do PL 11.247/18 pelo Senado, a Secretaria tem conversado com o governo federal sobre o licenciamento do projeto-piloto. Com esse documento, será requisitada a cessão para o estado do Rio do polígono onde será instalado o projeto-piloto, informa Leal.
“O projeto-piloto tem como objetivo testar a viabilidade da implantação de eólicas offshore no estado e contempla a avaliação de variáveis como o desempenho das turbinas, a interface com a fauna e a flora marinha e comunidades pesqueiras, a medição dos ventos e a geração de energia. Foram formados sete grupos temáticos, com representantes da Secretaria e das empresas interessadas, para tratar dos aspectos jurídicos, de licenciamento, regulação, financiamento, tecnologia, capacitação de fornecedores e institucional. A experiência na produção de petróleo em ambiente offshore é um dos principais fatores competitivos do estado do Rio. Essa sinergia é representada pela cadeia de suprimentos madura, pela mão de obra capacitada, além da enorme quantidade de dados e informações referentes ao solo marinho e ao regime de ventos”, diz Leal.
Hidrogênio de baixo carbono
Um dos atrativos que o parque eólico pode vir a oferecer é a conexão com a produção de hidrogênio verde, ou de baixo carbono, contribuindo para o processo de descarbonização da economia, como foi mencionado pelo secretário Hugo Leal, na primeira reunião de divulgação do projeto, em julho de 2023. Na época, Leal comentou que, com a implantação de eólicas offshore, seria dado um passo para a produção de hidrogênio de baixo carbono.
“A geração eólica será mais uma fonte de energia renovável que se integrará à matriz energética, contribuindo para a sua diversificação, para o aumento da segurança energética e para a descarbonização da economia do nosso estado”, afirma Leal.
Mauro Andrade também vê a geração eólica como uma fonte renovável que o país se destaca por ter uma matriz de energia “que já é muito limpa”: “A matriz elétrica do Brasil é 90% renovável. Hidrogênio verde é um eletrointensivo. Se conseguirmos fazer do Brasil um produtor relevante no cenário mundial de hidrogênio verde, as eólicas offshore vão ajudar no fornecimento dessa energia”, pontua Andrade.
Para Karine Fragoso, a produção de hidrogênio verde atende a uma demanda dos consumidores, que cada vez mais exigem produtos com menores teores de carbono. “A produção de óleo e gás brasileira já apresenta níveis, nas emissões de CO?, que são menores em relação à média mundial. Um dos modelos que vem sendo estudados é a eletrificação das plataformas a partir da geração de energia renovável, através da eólica offshore, reforçaríamos esse nosso diferencial competitivo, reduzindo ainda mais a pegada de carbono de nosso petróleo, além de elevar nossa posição a um patamar mais atraente no mercado internacional”, completa Karine.
Fonte: Ascom Firjan