Esquerda se divide e fica sem vereador em Campos
Christiano Barbosa 07/10/2024 11:12 - Atualizado em 07/10/2024 11:59
A esquerda buscava nesta eleição retomar uma cadeira de vereador em Campos. Em eleições anteriores, o PT, principal partido de esquerda, teve vereadores bem votados, mas a falta de uma nominata forte, que somasse votos de candidatos do partido/coligação para atingir o coeficiente eleitoral para uma vaga, deixava o partido fora da Câmara Municipal.
Nesta eleição, buscando não repetir os erros do passado, houve uma preocupação maior do PT de Campos com a nominata, buscando fortalecê-la para que alcançasse o coeficiente eleitoral necessário à vaga, estimado em 11 mil votos (no final em torno de 11.100 votos).
O PT faz parte, a nível nacional, da Federação Brasil da Esperança (FE BRASIL), junto com PC do B e PV, registrada no TSE. Vereadores destes partidos faziam parte da nominata em Campos. Outra federação da esquerda a nível nacional é a PSOL REDE, juntando PSOL e Rede.
Em Campos, o PSOL tem uma expoente, a Professora Natália, bem votada como candidata à Prefeitura de Campos em 2020, quando fez 11.622 votos (4,68%), ficando em 5º lugar, colada no então prefeito Rafael Diniz. Natália concorreu em 2022 como candidata à deputada federal e novamente foi bem votada, com 13.530 votos, mas mais uma vez sem ser eleita.
A Federação PSOL Rede teve a Professora Natália como candidata à vereadora agora em 2024. A nominata não tinha força e sabidamente não atingira nem de longe o coeficiente eleitoral, embora se soubesse também que Natália seria bem votada. O PT de Campos tentou demove-los da ideia, sem sucesso.
A expectativa dos analistas políticos era que o PT fizesse uma vaga, nem que fosse pela sobra do coeficiente eleitoral, tendo Tezeu Bezerra, do Sindipetro, um quadro qualificado, como puxador principal de votos e eleito.
A divisão da esquerda saiu cara na briga pela disputa de uma vaga na Câmara. A Federação PSOL Rede fez apenas 4.462 votos pra vereador, sendo 4.095 do PSOL e 367 da Rede, muito longe do coefieciente eleitoral, como era notoriamente sabido. Destes votos, 3.583 foram da Professora Natália, em mais uma bela votação.
O PT, na esteira do insucesso da candidatura de Jeffeson Azevedo a prefeito, fez 7.770 votos pra vereador em Campos, sendo 2.181 de Tezeu. A sua Federação, Brasil da Esperança (FE BRASIL), fez 8.413 votos, sendo somados aí 596 votos do PC do B e módicos 47 votos do PV. Os partidos PC do B e PV pouco contribuíram para sua federação em Campos.
Faltaram, aproximadamente, 2.700 votos para o PT eleger Tezeu em Campos. Na outra federação da esquerda, 4.462 votos também não levaram a lugar algum na Câmara. Com 60% deles, haveria um vereador de esquerda na bancada municipal. A divisão foi fatal.
A falta de pragmatismo e auto crítica da esquerda a leva a repetir exaustivamente os erros do passado, sendo um dos principais fatores para o crescimento há alguns anos da direita em todo o país, mais uma vez registrado nestas eleições municipais.
A direita, especialmente os mais radicais, com imensa rejeição ao PT, comemorou efusivamente o fato do partido não ter feito vereador em Campos. Como se algum candidato direita raiz tivesse sido eleito, quando, na verdade, os eleitos ou se reelegeram e/ou atuam em seus bairros e/ou se destacaram em outras profissões e/ou contaram com apoio de peso e/ou abriram o cofre e/ou são fisiológicos. Nada tem a ver com ideologia.
Em pleno 2024 há incautos que ainda se surpreendem com um candidato bem votado e não eleito por falta de legenda. A regra é assim, há muito anos, há várias eleições. O erro é do partido e dos candidatos que não preparam sua nominata adequadamente. 

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