Política de Campos na luta por representativade feminina
05/06/2024 12:59 - Atualizado em 05/06/2024 19:10

 

Dos 373.913 eleitores aptos em Campos, a maioria é composta por mulheres. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que 54% do eleitorado campista é formado por mulheres, o que equivale a 200.104 eleitoras. Mesmo em número maior de participantes, a representatividade feminina na política deixa a desejar. Na atual legislatura, por exemplo, como 25 cadeiras da Câmara são ocupadas por homens, inclusive a Comissão dos Direitos das Mulheres é composta só por eles. Ex-vereadoras e pré-candidatas ao Legislativo comentam a composição atual e esperam por mudanças.

A ex-vereadora e ex-presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima, Auxiliadora Freitas, lembrou que há 92 anos o Código Eleitoral passou para garantir às mulheres o direito ao voto. “Entretanto, após quase um século, os cargos eletivos de representação são majoritariamente ocupados pela presença masculina, fato que impõe um lugar de sub-representação da mulher seja nos espaços de poder e decisão, as assimetrias de gênero permanecem enraizadas. E isso não apenas em Campos, mas em todo o Brasil. Vemos que algo é bem potente para que isso ainda ocorra. O domínio dos partidos políticos por políticos tradicionais que compõem a legenda afim de perpetuarem seus mandatos dificultando a entrada da mulher de forma competitiva é algo que contribui muito e praticamente expulsa a mulher de se colocar para uma candidatura e vencer as eleições”, comentou.

Para a ex-subsecretária de Políticas para Mulheres, Josiane Morumbi, que também ocupou cargo na Câmara entre 2017 e 2020, a representatividade feminina na política de Campos está em um estado alarmante. “Atualmente, entre os 25 vereadores que compõem a Câmara Municipal, todos são homens. Isso representa um retrocesso significativo em relação à legislatura anterior, quando eu e mais três mulheres ocupavam cadeiras na Câmara. A ausência total de mulheres no atual quadro de vereadores é um reflexo preocupante da exclusão feminina na política local. Para mudar essa realidade, é crucial promover a participação política das mulheres desde uma base. Minha mensagem para as mulheres de Campos é que não desistam e continuem lutando por seus espaços. A política precisa da voz e da participação ativa das mulheres”, disse.

Na visão da professora Natália Soares, que concorreu às eleições majoritárias em 2020, a “sub-representatividade” das mulheres nos espaços políticos é um reflexo da sociedade patriarcal. “Não é uma situação específica de Campos, mas existe uma relação direta entre conservadorismo, patriarcado e maior ou menor presença de mulheres em espaços públicos e violência de gênero.Em toda a história do município houve apenas 15 mulheres eleitas para Câmara de vereadores e uma mulher prefeita. Hoje são 25 vereadores, nenhuma mulher, sendo que representamos 52% da população campista. Isso é um retrato de barreiras estruturais, culturais e sociais que limitam o nosso acesso a esses espaços, como a falta de recursos e financiamentos, ausência de prioridade em campanhas, sistemas eleitorais desfavoráveis, falta de incentivo e apoio, desigualdade nos cuidados familiares, discriminação de gênero”, comentou.

A presidente do PT Campos e ex-vereadora, Odisséia de Carvalho diz que a participação feminina ao longo do tempo vem aumentando gradativamente, mas ainda é baixa se compararmos a itens de eleitoras no Brasil com o número de mulheres eleitas. “Temos hoje pouco mais de 52% de eleitoras mulheres, mas apenas quatro senadoras das 27 cadeiras, na Câmara Federal foram eleitas 91 das 513 cadeiras, na Alerj temos 15 deputadas das 70 cadeiras. O Brasil se encontra na 133ª posição de um ranking de 186. Precisamos mudar esta história, mas não basta ser mulher, tem que levantar as bandeiras das políticas públicas para mulheres. Acredito que a mulher deve estar onde ela quiser”, opinou.

Para a jornalista Cláudia Eleonora, o novo cenário político vislumbra a participação feminina. “Os espaços de tomada de decisão devem ser diversos, plurais. A mulher tem uma postura mais conciliadora, um olhar atento para as causas sociais e para as categorias consideradas minorizadas. Somos a maioria do eleitorado. Precisamos defender com veemência, uma sociedade mais justa, lutar pelas causas que nos atingem, como o combate à violência e por equidade. A representatividade da mulher na política é urgente, ajuda a inspirar outras mulheres e novas lideranças, no processo democrático”, afirmou.

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    Mário Sérgio Junior

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