Guardar, um poeta cantador!
O clima é de tristeza mesmo que a esperança se aviste por termos vivido no mesmo tempo com esse poeta, filósofo, pensador, compositor Antônio Cícero.
Ele entendia bem do que é Fulgás e em amor era especialista cheio de dúvidas, mas inteiramente entregue de corpo, alma e paixão.
Ele entendia bem do que é Fulgás e em amor era especialista cheio de dúvidas, mas inteiramente entregue de corpo, alma e paixão.
Sua partida, ele mesmo escolheu, gerando tantas opiniões, convicções, assombros...
Não sabemos bem o que dizer sobre esse adeus mas temos certeza do quanto valeu tê-lo conhecido, com aqueles olhos buscadores, o rosto trazendo as marcas do que se foi, a seriedade no dizer cada palavra que ele não guardava em gavetas. O seu Guardar era nos olhos que exultavam ao ver a coisa preciosa diante de si. Os olhos eram carregadores de encantamentos e, assim, seu dentro era rico em preciosidades sentimentais.
Não sabemos bem o que dizer sobre esse adeus mas temos certeza do quanto valeu tê-lo conhecido, com aqueles olhos buscadores, o rosto trazendo as marcas do que se foi, a seriedade no dizer cada palavra que ele não guardava em gavetas. O seu Guardar era nos olhos que exultavam ao ver a coisa preciosa diante de si. Os olhos eram carregadores de encantamentos e, assim, seu dentro era rico em preciosidades sentimentais.
Aos 71 anos passou a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, o que trouxe à sua caminhada uma responsabilidade poética. Poderia ter tido mais tempo para dividir encantamentos com os seus amigos e amigas imortais. Ele diria, como na sua canção: Virgem, que "as coisas não precisam de você". Só que precisamos muito dessa voz poderosa que ele nos ofertou. Suas canções conhecidas na voz da irmã Marina Lima, estão abrigadas em nossos neurônios, são inesquecíveis.
"Meu amor
Se você for embora
Sabe bem o que será de mim"...
Se você for embora
Sabe bem o que será de mim"...
É, Antônio Cícero foi embora. Ficamos aqui com os olhos rasos d'água porque nada será como antes.
O diagnóstico de Alzheimer recebido em junho de 2023 foi destruidor para a alma inquieta do filósofo poeta.
O diagnóstico de Alzheimer recebido em junho de 2023 foi destruidor para a alma inquieta do filósofo poeta.
O que fazer sem seus pertences mais valiosos, as memórias? O tempo vivido?
Assim, ele decidiu partir, aos 79 anos, e não nos cabe julgar. Nada sabemos sobre as dores das pessoas, às vezes não conseguimos nem entender as nossas próprias dores e o que fazer com elas.
Assim, ele decidiu partir, aos 79 anos, e não nos cabe julgar. Nada sabemos sobre as dores das pessoas, às vezes não conseguimos nem entender as nossas próprias dores e o que fazer com elas.
Certo, mesmo, é que guardarmos o poeta em nossas lembranças, graças que ainda a temos conosco.
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
Admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
Ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
Isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
Por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
Antônio Cícero ‘Guardar’: poemas escolhidos
Guardaremos você, nosso poeta cantador, naquela primeira estrela da noite, bem à esquerda, no firmamento!
Auxiliadora Freitas,
Professora pública e universitária, Pedagoga, Psicopedagoga, especialista em educação, gestão pública, ensino superior e planejamento educacional.
MBY em políticas públicas.
Vice-presidente da Academia Pedralva de Letras e Artes
Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.
Em cofre não se guarda coisa alguma.
Em cofre perde-se a coisa à vista.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
Admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por
Ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
Isto é, estar por ela ou ser por ela.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos.
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,
Por isso se declara e declama um poema:
Para guardá-lo:
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
Antônio Cícero ‘Guardar’: poemas escolhidos
Guardaremos você, nosso poeta cantador, naquela primeira estrela da noite, bem à esquerda, no firmamento!
Auxiliadora Freitas,
Professora pública e universitária, Pedagoga, Psicopedagoga, especialista em educação, gestão pública, ensino superior e planejamento educacional.
MBY em políticas públicas.
Vice-presidente da Academia Pedralva de Letras e Artes