Arthur Soffiati - Os principais personagens da crise climática atual
2- Clima. Está merecendo a máxima atenção da comunidade científica. Num reducionismo, fala-se mesmo que a crise ambiental é uma crise climática. A atmosfera está se aquecendo pelos gases lançados pela economia de mercado. O clima passa por drásticas mudanças. Secas intensas. Chuvas volumosas. Temperaturas altas e baixas acima das médias holocênicas. Bem recentemente, as chuvas intensas castigaram o Rio Grande do Sul, o Quênia, o Afeganistão, não se sabendo que lugar será o próximo alvo. Temperaturas batem recordes desde 1850, quando começaram as medições mundiais. Quanto mais se aperfeiçoam os sistemas de aferição climática, mas se constata que, realmente, estamos criando um clima hostil à humanidade e a vida em geral.
3- Oceanos. A maior superfície do planeta é ocupada pelos oceanos. A grande evaporação decorre deles. Dois fenômenos climáticos – El Niño e La Niña – são característicos do Holoceno, mas estão sendo potencializados pelas mudanças climáticas. Além do mais, eles estão muito aquecidos, gerando mais frequentemente tempestades de vento e chuva, alterações nos fenômenos meteorológicos, morte de corais e danos à vida marinha.
4- Águas continentais. São representadas por água doce e salobra, superficial e subterrânea. Elas estão nos rios, lagos, lagunas e lençol freático. Ao longo de séculos, procedeu-se a um processo de ocidentalização das águas continentais. Rios foram barrados para transposições, reservatórios e geração de energia elétrica. Lagos, banhados e brejos foram drenados para dar lugar a lavouras, pastos e núcleos urbanos. Águas freáticas foram bombeadas e rebaixadas. Além disso, foram poluídas por esgoto e lixo. As águas continentais não cumprem a função de esponjas e drenagem que cumpriam há cem anos. Poluídas e correndo com grande velocidade e força, elas têm sido, junto com as tempestades de vento, o principal fator de destruição das obras humanas, que secularmente as afetaram. Hoje, há mais água em forma de vapor do que antes da crise ambiental.
5- Vegetação nativa. Grosso modo, podemos classificar os grandes biomas e ecossistemas vegetais nativos da Terra em herbáceos (tundra, estepes, campos sulinos), arbustivos (savanas, Cerrado, Caatinga) e arbóreos (florestas equatoriais, tropicais, frias e costeiras). Todos foram alterados pela atividade humana. A remoção foi gigantesca em todas as partes do mundo. A Mata Atlântica foi reduzida a 10% das suas dimensões originais. A Amazônia é agora o alvo das atividades econômicas antiflorestais. Sem vegetação nativa, o solo fica exposto às intempéries, sofrendo erosão. A terra carreada corre para os rios e lagoas, produzindo turbidez e assoreamento. Mais rasos, eles transbordam com mais facilidade e rapidez. Na recente enchente que assolou muitas cidades no Rio Grande do Sul, é de se notar árvores que resistiram à força das águas em meio a escombros de casas que foram arrastadas pela correnteza.
Pode-se observar que, além dos alagamentos, os transbordamentos são os principais responsáveis pela destruição de áreas rurais e urbanas, causando descomunais prejuízos em vidas e na economia. Estimativas recentes calculam que o Brasil perdeu cerca de R$ 140 bilhões desde 2015 por conta de secas severas e enchentes destruidoras.
6- Urbanização. A humanidade chega hoje a 8 bilhões de habitantes. A maioria foi viver em cidades. A maioria é pobre e mora em áreas de risco, como encostas de morros e margens de rios. A maioria é que sofre com as mudanças climáticas. Com as enchentes que vêm assolando o sopé dos Himalaias, da Serra do Mar, das terras planas em todo o mundo, os principais assolados são os pobres. Mas, agora, rodovias, casas de luxo, casas comerciais, veículos de transporte coletivo e individual estão sendo atingidos. Existem propostas para tornar as cidades resilientes aos alagamentos e transbordamentos. Mas há dois problemas: as tempestades se tornam mais frequentes e mais destruidoras e as cidades se transformam muito lentamente. O mais comum tem sido reconstruir cidades destruídas e não adotar novos modelos.
1- Holoceno. Por mais que a maioria dos especialistas em ecologia, climatologia, hidrologia, urbanismo, arquitetura e outros saberes estejam adotando com entusiasmo os conceitos de Antropoceno e Capitaloceno (há outros), prudentemente continuo minhas análises no âmbito do Holoceno. Oficialmente, esta época geológica começou há 11.700 anos. Ela sucede a última glaciação do Pleistoceno. Trata-se de uma época com condições climáticas tépidas e pode muito bem ser o intervalo entre uma glaciação e outra. Além do mais, a Comissão Internacional de Estratigrafia da União Internacional de Ciências Geológicas ainda não se manifestou oficialmente sobre a nova época. Assim, continuo entendendo que atravessamos uma crise ambiental dentro do Holoceno, crise esta pela primeira vez provocada por ações coletivas da humanidade no âmbito de um sistema econômico. Que componentes da Terra afetam e são mais afetados pela crise?
2- Clima. Está merecendo a máxima atenção da comunidade científica. Num reducionismo, fala-se mesmo que a crise ambiental é uma crise climática. A atmosfera está se aquecendo pelos gases lançados pela economia de mercado. O clima passa por drásticas mudanças. Secas intensas. Chuvas volumosas. Temperaturas altas e baixas acima das médias holocênicas. Bem recentemente, as chuvas intensas castigaram o Rio Grande do Sul, o Quênia, o Afeganistão, não se sabendo que lugar será o próximo alvo. Temperaturas batem recordes desde 1850, quando começaram as medições mundiais. Quanto mais se aperfeiçoam os sistemas de aferição climática, mas se constata que, realmente, estamos criando um clima hostil à humanidade e a vida em geral.
3- Oceanos. A maior superfície do planeta é ocupada pelos oceanos. A grande evaporação decorre deles. Dois fenômenos climáticos – El Niño e La Niña – são característicos do Holoceno, mas estão sendo potencializados pelas mudanças climáticas. Além do mais, eles estão muito aquecidos, gerando mais frequentemente tempestades de vento e chuva, alterações nos fenômenos meteorológicos, morte de corais e danos à vida marinha.
4- Águas continentais. São representadas por água doce e salobra, superficial e subterrânea. Elas estão nos rios, lagos, lagunas e lençol freático. Ao longo de séculos, procedeu-se a um processo de ocidentalização das águas continentais. Rios foram barrados para transposições, reservatórios e geração de energia elétrica. Lagos, banhados e brejos foram drenados para dar lugar a lavouras, pastos e núcleos urbanos. Águas freáticas foram bombeadas e rebaixadas. Além disso, foram poluídas por esgoto e lixo. As águas continentais não cumprem a função de esponjas e drenagem que cumpriam há cem anos. Poluídas e correndo com grande velocidade e força, elas têm sido, junto com as tempestades de vento, o principal fator de destruição das obras humanas, que secularmente as afetaram. Hoje, há mais água em forma de vapor do que antes da crise ambiental.
5- Vegetação nativa. Grosso modo, podemos classificar os grandes biomas e ecossistemas vegetais nativos da Terra em herbáceos (tundra, estepes, campos sulinos), arbustivos (savanas, Cerrado, Caatinga) e arbóreos (florestas equatoriais, tropicais, frias e costeiras). Todos foram alterados pela atividade humana. A remoção foi gigantesca em todas as partes do mundo. A Mata Atlântica foi reduzida a 10% das suas dimensões originais. A Amazônia é agora o alvo das atividades econômicas antiflorestais. Sem vegetação nativa, o solo fica exposto às intempéries, sofrendo erosão. A terra carreada corre para os rios e lagoas, produzindo turbidez e assoreamento. Mais rasos, eles transbordam com mais facilidade e rapidez. Na recente enchente que assolou muitas cidades no Rio Grande do Sul, é de se notar árvores que resistiram à força das águas em meio a escombros de casas que foram arrastadas pela correnteza.
Pode-se observar que, além dos alagamentos, os transbordamentos são os principais responsáveis pela destruição de áreas rurais e urbanas, causando descomunais prejuízos em vidas e na economia. Estimativas recentes calculam que o Brasil perdeu cerca de R$ 140 bilhões desde 2015 por conta de secas severas e enchentes destruidoras.
6- Urbanização. A humanidade chega hoje a 8 bilhões de habitantes. A maioria foi viver em cidades. A maioria é pobre e mora em áreas de risco, como encostas de morros e margens de rios. A maioria é que sofre com as mudanças climáticas. Com as enchentes que vêm assolando o sopé dos Himalaias, da Serra do Mar, das terras planas em todo o mundo, os principais assolados são os pobres. Mas, agora, rodovias, casas de luxo, casas comerciais, veículos de transporte coletivo e individual estão sendo atingidos. Existem propostas para tornar as cidades resilientes aos alagamentos e transbordamentos. Mas há dois problemas: as tempestades se tornam mais frequentes e mais destruidoras e as cidades se transformam muito lentamente. O mais comum tem sido reconstruir cidades destruídas e não adotar novos modelos.