José Eduardo: Caos na mobilidade urbana
Há algum tempo temos notado a boa vontade e as tentativas (vãs) de organizar e humanizar o tráfego na cidade de Campos dos Goytacazes. Lamentavelmente, por razões diversas, este intuito não foi alcançado (e ainda não há sinal de solução no horizonte).
Em verdade, é necessário aplicar uma bem sedimentada Engenharia de Tráfego, visando implementar soluções para o fluxo de veículos e pedestres em vias urbanas e rodovias circundantes e que entremeiam a cidade.
As vertentes da mobilidade urbana são analisadas na Ciência da Engenharia de Trafego; de modo que se possam criar condições de ampla e saudável circulação dos munícipes.
Lamentavelmente, neste momento, no obscuro atual cenário, ainda que com movimentos quase diários, no mais das vezes até açodados, não estamos vislumbrado esta esperada melhoria. No modal do transporte urbano, após inúmeras tentativas de controlar as vans, que promovem uma verdadeira “corrida maluca” pela cidade, parece que vamos voltar à ideia do alcaide anterior, tão combatida, mas que deve emergir nos mesmos moldes que, na época, ensejaram o projeto, ou seja, um espelho das Metrópoles avançadas, como por exemplo, Curitiba, entre outras. Não que este modelo não tenha vícios – nenhum é isento – porem parece mais apropriado, desde que se contenha o atual monopólio das vans e o pouco empreendedorismo dos empresários de ônibus, que há muito somente esperam vantagens e subsídios públicos, mas pouco colocam de conforto e bons serviços à disposição desta população combalida.
Mas é no escopo da sinalização e do reposicionamento do tráfego urbano que reside o “calcanhar de aquiles”, pois em que pese as insistentes mudanças, quase sempre sem gestão, a tentativa de disciplinar e possibilitar o trânsito de bicicletas está caótica, assim como ocorre com os “Motoqueiros” (boa parte motoboys) – o oposto dos civilizados motociclistas, onde o caos impera, sendo que quanto ao ciclista, este acha que as ruas são trilhas de suas competições e os motoqueiros desconhecem faixas de pedestres, semáforos, mão e contramão, entre outras coisas.
A nova moda agora é ciclovia! Tudo bem que andar de bicicleta é saudável... mas não em Campos! Ademais, como incentivar a bicicleta e o transporte urbano se no primeiro caso o simples fato de criar miniciclovias não resolve nada e no segundo caso, com o precário transporte urbano, também melhor ir à pé. E os motoristas? Pagam caros impostos, são sujeitos a um código rigoroso, aos guardas municipais instruídos para multar, muitas vezes agressivos e de pouco tato, e não tem onde estacionar... Campos é uma cidade sem estacionamentos públicos... vias e mais vias são entupidas de faixas, tachões, sinaleiras, placas de 100 m em 100m, como se isso promovesse educação no trânsito.
Temos um caso interessante de citar de uma via de grande circulação, em frente/lateral de um famoso Centro Educacional Federal de Campos, onde num dia estacionava-se na direita da via; no outro dia passou-se a estacionar na esquerda da via e logo depois acabaram com os estacionamentos na via e criaram uma ciclofaixa...uma bagunça! Como o cidadão poderá se orientar? Não bastassem as obras de asfaltamento (no mais das vezes necessários) nos horários mais inusitados (e impróprios), com pouca informação, agora temos, por exemplo, via de grande comércio onde não se tem como estacionar os veículos para acessar aos comércios. Quem ganha com isso? Os sortudos proprietários de estacionamentos privados, que são, em verdade, verdadeiros cercadinhos, muitas vezes sem demarcação ou respeito às vagas prioritárias, banheiros para os clientes, acessibilidade, etc., mas lucrando com a precariedade e o improviso público.
Basta ver a obra de duplicação na entrada da cidade, pelo Shopping Estrada, onde as vias ficaram mais largas, mas o trânsito continua a mesma aporrinhação de sempre, pois os gargalhos foram mantidos, quais sejam: a chegada na BR, sem escape da Av. Arthur Bernardes; o bendito semáforo em plena rodovia, próximo do Shopping Boulevard e a famigerada saída do Shopping Estrada, que obriga a todo trânsito da BR parar para dar passagem. Parecem problemas evidentes, mas cujas soluções (pontes viadutos, etc.), próprias de grandes cidades, aqui em Campos teimam em não se materializar.
Enquanto isso, um cidadão, vindo para Campos, que chega rápido a Ururaí, depois enfrenta uma via crucis para adentrar na cidade, principalmente em dias de maiores movimentos (que na verdade recrudesceu depois desta inusitada e escabrosa obra da Estrada dos Ceramistas, exatamente no final de ano, onde o movimento para as festas é enorme)... parece que somente algumas pessoas não sabem disso... ou se aproveitam do caos. Bem...segue o jogo!