José Eduardo: Um técnico de clube
Hoje vamos falar um pouco de amenidades (nem tão ameno assim): futebol (ou a ausência dele) da seleção brasileira (a principal, ou deveria).
Vamos iniciar narrando que há muitos anos (talvez nunca) se viu uma administração da CBF tão amadora, inconsequente, despreparada e ineficiente. Começou com a prisão de nababescos dirigentes, experts em negociatas e contratos fraudulentos, que macularam o nome da instituição. O processo de substituição não foi mais exitoso, pois os “reservas” imediatos, inaptos, sequer possuíam um programa de trabalho completo, sendo beócios em suas administrações. Assim, veio uma sucessão de eventos danosos: ineficiência, assédios, prosopopeias, enfim, a coroação de uma incapacidade evidente.
Ocorre que no meio desta catástrofe, o futebol continua, com uma agenda mal consecutida que inviabiliza e prejudica os clubes de futebol, de ponta, que movimentam e sustentam o espetáculo, bastando ver as declarações dos principais técnicos de futebol dos grandes clubes brasileiros.
Um dos maiores fiascos dos últimos tempos se direciona a malfadada escolha do novo técnico da seleção principal: a insistência, humilhante, em um técnico que não demonstra respeito pela seleção e prefere continuar seu projeto de clube até onde bem entender (com a total subserviência da CBF) e a escolha de um técnico claramente despreparado para dirigir um selecionado, um verdadeiro “técnico de clube”, que, ao que consta, não entendeu que dirigir um selecionado que se reúne as vésperas das partidas, por certo é totalmente diferente de dirigir um clube, diuturnamente.
O atual técnico da seleção (não sei se será ainda até a publicação do artigo; pelo menos não deveria ser!) pode ser um individuo que implantou uma ideia inovadora de projeto de futebol (no Fluminense), com relativo sucesso, mas, de forma tacanha, ainda não reconheceu que projetos desta monta necessitam de meses (ao menos) de treinamento. Ora, tal fato não ocorre, nem ocorrerá com a seleção brasileira, onde cidadãos espalhados pelo globo terrestre se reúnem, fazem dois ou três treinamentos e jogam. Qualquer idiota seria capaz de entender que é necessária uma linha mestra, inicialmente com defesa sólida, meio de campo “ocupado” e o ataque contando com as capacidades individuais e algumas jogadas ensaiadas. Sempre foi assim no selecionado brasileiro, desde as conquistas das copas. Isso não quer dizer que um novo projeto não possa ser implementado, mas não será numa eliminatória para copa do mundo de futebol, muito menos por um técnico “tampão”. Infelizmente, nem a direção da CBF, nem o orgulhoso treinador são capazes de reconhecer isso. A verdade é que o técnico “tampão” tem/tinha o desejo de “revolucionar” o futebol da seleção, a ponto de fazer a CBF “desistir” do técnico “estrela” pelo qual rasteja. Apenas um sonho!
A verdade é que o Brasil não tem um técnico competente atuando na seleção no memento; o elenco é mediano (para os padrões mundiais); nossos defensores melhores envelheceram; não temos craque que jogue para o time (senso de equipe); temos uma grande influência negativa: Neymar; e os demais precisam de treinamento e táticas simplórias de jogo para que funcionem com apenas 03 treinos. Parece simples, mas se ganha mais “vendendo dificuldades”!
Nosso melhor goleiro jogou ontem – e bem, apesar da derrota justa e inédita para o selecionado colombiano; o zagueiro Marquinhos já não acompanha mais os atacantes; os laterais são todos do mesmo nível - mediano; um camisa 10, bem, esse há tempos não aparece (talvez o Rodrigo, se o técnico posicioná-lo corretamente e deixa-lo jogar); o melhor cabeça de área está velho (Casemiro) e o que pode substituí-lo (Bruno) ainda é inexperiente; no ataque, temos um Vini Júnior que precisa jogar mais para o time (e não para seu show pessoal) e só; os centroavantes são medianos e, sinceramente, Gabriel Jesus ser a salvação da seleção é um pouco demais – um caso clássico de ausência de saúde mental!
Note que estamos em entressafra; o que fazer? Trabalhar na segurança: a melhor defesa é o ataque! O Brasil já vem, há duas décadas, sendo eliminado das competições porque não calça as “sandálias da humildade” e continua com o sonho “telúrico” de melhor do mundo. O mundo evoluiu (e melhorou); só o selecionado brasileiro não viu!
Poderíamos passar o dia discutindo táticas (ou a ausência delas) e convocações direcionadas por empresários e empresas, outro fato deplorável que é corriqueiro no Brasil (e execrado mundo afora), mas como, em tese, o futebol é “apenas” um lazer, questões mais relevantes se afiguram neste final de ano, semicaótico, com um clima aterrorizador. Assim, vamos seguindo e... “bola pra frente”!