O prefeito Wladimir Garotinho (PSD) voltou às redes sociais no início da noite desta quinta-feira (9) para dizer que os funcionários da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guarus tiveram quitados seus salários atrasados. A informação não foi confirmada por representantes do corpo clínico da unidade. No entanto, a secretaria de Estado de Saúde liberou a verba para a organização social Instituto Lagos, responsável pelos funcionários, e a expectativa é que o dinheiro seja depositado aos trabalhadores em breve. Eles realizam há mais de 48 horas uma paralisação das atividades por conta da falta de pagamento e estão em reunião para decidir pela continuidade ou não do movimento.
Mais cedo, Wladimir pediu ao governador Cláudio Castro (PL) que passe à Prefeitura de Campos a administração e criticou direção da UPA, que é ligada ao secretário estadual de Governo e seu adversário político Rodrigo Bacellar. Na sequência, recebeu uma forte resposta do atual responsável pela unidade, o médico Bruno Calil, terceiro colocado na última eleição a prefeito.
Em nota, a secretaria de Estado de Saúde informou que realizou na quarta (8) os pagamentos referentes a novembro e dezembro ao Instituto Lagos Rio. Segundo a secretaria, o valor seria creditado na conta da OS até o final da semana por causa do fluxo bancário.
O órgão também divulgou que o motivo do atraso no repasse foi o fato a não apresentação da documentação que precisa ser repassada à secretaria por parte da OS a cada faturamento, conforme previsto em lei.
Polêmica
Na primeira publicação, Wladimir pede ao governador que a UPA passe a ser administrada pela Prefeitura de Campos a partir de janeiro e, sem citar nomes, cutuca a direção da unidade e o grupo de Bacellar.
“Estou gravando esse vídeo para me solidarizar com os funcionários da UPA, que é a única saúde administrada pelo Governo do Estado em Campos. Mas, infelizmente, tem um grupo político que está à frente essa UPA e que não respeita funcionário e os salários estão atrasados. Queria fazer um pedido público ao governador Cláudio Castro, que é meu amigo. Governador, sou seu aliado. Estamos fazendo grandes parcerias pela cidade de Campos, o senhor tem me ajudado a reconstruir essa cidade. Assim que virar o ano, pode passar a administração da UPA para a Prefeitura de Campos que, assim como os funcionários da Prefeitura estão com salários em dia, vamos também colocar os salários dos funcionários da UPA em dia”, disse Wladimir.
Também pelas redes sociais, Bruno Calil não respondeu sobre o atraso nos pagamentos, mas chamou Wladimir de “mau caráter” e disse que o prefeito queria “jogar para a galera”.
“Prefeito de Campos, para de jogar para a galera. Você não se solidariza com os funcionários públicos da Prefeitura de Campos que estão há sete anos sem aumento? Você não se solidariza com os RPAs da Prefeitura que não têm direito à férias, a 13º salário e a nenhum direito trabalhista? Prefeito, vira homem. O senhor não se solidariza com a UPH de Morro do Coco não ter pediatra nenhum dia da semana? A Campos ter mais de 40 UBSs fechadas, a UPH de Santo Eduardo não ter pediatra? Ao Hospital São José, quando tem médico, não tem remédio e quando tem remédio, não tem médico? Para de jogar para a galera e deixa de ser mau caráter. A intenção sua é jogar a população contra o governador. Vira homem, rapaz”, declarou Calil.
Paralisação
Com o movimento de protesto, a UPA só tem recebido casos de extrema gravidade. Na última paralisação do corpo clínico da UPA, mais de 40 profissionais, em 28 de outubro para receber o salário de setembro, o depósito foi efetivado em cinco horas após restrição dos atendimentos.
Segundo os médicos, em outubro, representantes da OS fizeram a promessa de que pagariam os dois meses atrasados (outubro e novembro) até o dia 5 de dezembro e não cumpriram. "Então, nos organizamos e decidimos fazer a paralisação até o pagamento ser posto em dia. Eles quebraram o acordo. Paralisamos o atendimento ambulatorial de rotina, mas estamos atendendo, obviamente, emergência e urgência, até a regularização do pagamento", chegou a dizer Thiago Rocha, médico plantonista da emergência da UPA, na quarta-feira (08).
Os profissionais temem ainda que a situação não seja regularizada: “Até porque a empresa terceirizada pelo Estado, responsável pelo pagamento do nosso salário, existe a previsão de não voltar mais a partir do ano que vem. Estamos antecipando um calote que está por vir. Temos a informação de que o Estado já fez repasse para a OS e ela não repassou. Queremos apenas a regularização do salário”, completou o profissional junto com os seus companheiros que estão no plantão. Eles afirmam que podem abrir uma mesa de negociação diretamente com o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.
Em nota, a secretaria de Estado de Saúde confirmou a liberação do dinheiro e informou que está realizando uma melhoria no sistema de prestação de contas da OS.
Confira abaixo a nota completa:
A Secretaria de Estado de Saúde informa que a UPA Campos está atendendo casos de pacientes amarelo e vermelho. Conforme já esclarecido, após a regularização da documentação da OS Instituto Lagos Rio, que administra a unidade, a SES realizou na última quarta-feira (08) o pagamento referente aos meses de novembro e dezembro.
A Secretaria de Saúde ressalta estar implantando um sistema de prestação de contas em tempo real para melhor controle das despesas das OSS que administram unidades do estado. Desde setembro, todos os editais de seleções de organizações sociais voltados para a gestão de unidades de saúde trazem uma cláusula que obriga as OSS contratadas a implantarem uma plataforma eletrônica com o objetivo de sistematizar os procedimentos de prestação de contas. Três editais já foram publicados com esse item.