O prefeito Wladimir Garotinho (PSD) divulgou um vídeo nas redes sociais pedindo ao governador Cláudio Castro (PL) que seja repassada à Prefeitura de Campos a administração da UPA de Guarus. Nesta quinta-feira (9), o corpo clínico da unidade completou o segundo dia de paralisação das atividades por causa do atraso no pagamento dos salários de outubro e novembro.
No entanto, a publicação de Wladimir coloca fogo na disputa política com o grupo do secretário estadual de Governo e deputado licenciado Rodrigo Bacellar. Isso porque a coordenação da UPA é do médico Bruno Calil, terceiro colocado na última eleição para prefeito, com apoio de Bacellar. No vídeo, o prefeito se solidarizou com os funcionários, mas deixou sua cutucada.
“Estou gravando esse vídeo para me solidarizar com os funcionários da UPA, que é a única saúde administrada pelo Governo do Estado em Campos. Mas, infelizmente, tem um grupo político que está à frente essa UPA e que não respeita funcionário e os salários estão atrasados. Queria fazer um pedido público ao governador Cláudio Castro, que é meu amigo. Governador, sou seu aliado. Estamos fazendo grandes parcerias pela cidade de Campos, o senhor tem me ajudado a reconstruir essa cidade. Assim que virar o ano, pode passar a administração da UPA para a Prefeitura de Campos que, assim como os funcionários da Prefeitura estão com salários em dia, vamos também colocar os salários dos funcionários da UPA em dia”, disse Wladimir.
Os profissionais ainda não receberam os salários de outubro e novembro e já trabalham dezembro temendo "calote" da Organização Social (OS) Instituto Lagos Rio, empresa terceirizada responsável pelo repasse, que deverá deixar de prestar o serviço no próximo ano.
A secretaria estadual de Saúde (SES) segue sem reconhecer a paralisação. Também, havia informado que faria na quarta-feira (08) o repasse dos meses de novembro e dezembro para a OS Instituto Lagos Rio. O Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), que acompanha o caso, informa nesta quinta-feira (09), que até o momento, não conseguiu estabelecer contato com a SES e com o Instituto dos Lagos.
Na última paralisação do corpo clínico da UPA, mais de 40 profissionais, em 28 de outubro para receber o salário de setembro, o depósito foi efetivado em cinco horas após restrição dos atendimentos.
Segundo os médicos, em outubro, representantes da OS fizeram a promessa de que pagariam os dois meses atrasados (outubro e novembro) até o dia 5 de dezembro e não cumpriram. "Então, nos organizamos e decidimos fazer a paralisação até o pagamento ser posto em dia. Eles quebraram o acordo. Paralisamos o atendimento ambulatorial de rotina, mas estamos atendendo, obviamente, emergência e urgência, até a regularização do pagamento", chegou a dizer Thiago Rocha, médico plantonista da emergência da UPA, na quarta-feira (08).
Os profissionais temem ainda que a situação não seja regularizada: “Até porque a empresa terceirizada pelo Estado, responsável pelo pagamento do nosso salário, existe a previsão de não voltar mais a partir do ano que vem. Estamos antecipando um calote que está por vir. Temos a informação de que o Estado já fez repasse para a OS e ela não repassou. Queremos apenas a regularização do salário”, completou o profissional junto com os seus companheiros que estão no plantão. Eles afirmam que podem abrir uma mesa de negociação diretamente com o secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe.
A Folha aguarda informação da Secretaria Estadual de Saúde sobre a efetivação do repasse de valores para a OS na quarta-feira. Em notas anteriores, a pasta chegou a informar: “O pagamento estava pendente porque a OS não havia apresentado documentação que precisa ser repassada à SES a cada faturamento, conforme previsto em lei. O valor será creditado na conta da organização até o fim desta semana, devido ao fluxo bancário”.