O plano de Bolsonaro parece claro: instigar uma turba de apoiadores no próximo dia 7 de setembro ao golpismo declarado. As pautas serão antidemocráticas, não restam dúvidas. Comprovado, ao fim e ao cabo, quando foi preciso afastar um comandante da Polícia Militar de São Paulo por convocações para as manifestações que atacavam o STF e o Congresso — instituições sem as quais não há democracia.
Todas as pesquisas demonstram que o bolsonarismo raiz limita-se de 20 a 25% do eleitorado. É um grupo radicalizado que vê em Bolsonaro alguém que finalmente falou o que eles pensam. Para eles, um ser mitológico, digno de adoração. Grupo que tem número, disposição e ímpeto antidemocrático bastante para fazer uma grande manifestação no dia 7, levando Bolsonaro a crer que tem apoio para ser ditador — “só posso agir com o apoio de vocês nisso daí”, costuma dizer no cercadinho do Alvorada.
Porém, algumas derrotas sofridas nesta semana indicam que o presidente não irá subir no palanque das manifestações, liderando o golpe (ou autogolpe) pessoalmente. A tentativa de impeachment no Senado do ministro do STF Alexandre Moraes, naufragou. A ação que pretendia impedir o Supremo abrir investigações sem aval da Procuradoria-Geral da República morreu sem nem chegar perto da praia.
E o mais importante: “Sejamos, junto aos irmãos brasileiros, inspiradores de paz, união, liberdade, democracia, justiça, ordem e progresso, que o nosso povo tanto almeja e merece, dedicando-nos, inteiramente, à defesa da soberania nacional e ao bem do nosso amado país.” — se manifestou assim o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, em cerimônia do Dia do Soldado, ontem (25).
Sem aval do exército e com a desidratação visível da parte do eleitorado que ainda o apoiava — e dizia “E o PT?” para qualquer indagação que não sabiam explicar —, Bolsonaro deverá assistir as manifestações pela “Globo Lixo” e torcer, torcer muito para que a única chance de vitória para ele se concretize: a oposição responder com violência à ameaça de golpe.