“A senhora é raíz nessa cidade e no coração de todos aqueles que compartilharam parte da vida com você”. Assim a professora Bárbara Sota se dirigiu à mãe, Sônia Regina Sóta Quintan, em publicação no Instagram no último dia 21. Uma das 116 vítimas da Covid-19 em São Fidélis, Sônia foi a primeira homenageada no projeto “Raízes que ficam”, da secretaria de Desenvolvimento Ambiental, que iniciou a montagem de um memorial no Horto Municipal. Ao lado das árvores de diferentes espécies que serão plantadas, ficarão placas alusivas a pessoas que foram a óbito em decorrência do coronavírus.
— É um projeto feito com muito carinho e respeito — afirma a secretária municipal de Desenvolvimento Ambiental, Jadária Marchetti Freixo: — Infelizmente, estamos vivendo essa situação atípica pela qual nunca imaginamos passar. Então, pensamos no que poderíamos fazer para proporcionar uma homenagem viva. Porque pessoas se foram e não deu tempo nem de nos despedirmos, sequer darmos um abraço. Fomos podados. Por isso, na homenagem, é um momento em que a gente para tudo e foca na família.
A homenagem a Sônia Sóta foi feita com o plantio de um ipê. Professora como a filha Bárbara, Sônia lecionava língua portuguesa e artes no Colégio Estadual de São Fidélis (Cesf), onde também foi coordenadora pedagógica e, durante muitos anos, esteve à frente do Grupo Teatral Máscaras. Entre outros espetáculos, ela escreveu e dirigiu “A Fantástica Fábrica de Natal”, tradicionalmente apresentado aos finais de ano no auditório do Cesf. Também organizou saraus e o Bloco Bal Masqué, este com objetivo de relembrar os antigos carnavais de rua, além de ter integrado a Academia Fidelense de Letras e a Associação Zona Cultural Fidelense. Sônia Sóta foi a óbito em 14 de maio de 2020, aos 59 anos.
— Quando a gente colocou o projeto em evidência, a Bárbara, filha de Sônia, nos procurou e fez o cadastro. E calhou de a Sônia ser uma pessoa com uma história tão bonita dentro do município, uma pessoa que só semeava coisas boas, tinha alegria em resgatar, algo que era dela. Então, calhou mesmo de ela ser a primeira homenageada — explica a secretária Desenvolvimento Ambiental.
Segundo Jadária Marchetti Freixo, há outros cinco plantios já agendados por familiares de vítimas da Covid-19. A muda da árvore escolhida e a confecção da placa são oferecidas pela secretaria, que realiza a homenagem a partir do interesse de parentes próximos. O primeiro passo para realizar o cadastro é entrar em contato pelo telefone (22) 2758-7714. Além de ipês, também há a opção de serem plantadas árvores frutíferas.
— Temos algumas espécies. Só pedimos para que a família compareça. Aqui, a gente cria um ambiente muito particular, onde a família chora, conta histórias da pessoa homenageada... Então, é um ambiente que a gente respeita muito, fazendo o agendamento e parando tudo para dar um suporte aos familiares — comenta Jadária: — Futuramente, vamos colocar alguns bancos aqui, perto das árvores plantadas, para a família “sentar à sombra daquela pessoa homenageada” e contar histórias sobre tudo o que ela fez. As raízes têm que ficar. A pessoa se foi, mas tudo o que ela fez, tudo o que contribuiu na sociedade e a sua importância para a família, tudo isso fica.
De Sônia Sóta, a partir de agora, a Cidade Poema contará também com as flores rosas que logo brotarão no ipê que leva o seu nome. Certamente, tão belas quanto o legado por ela deixado.