Com a chegada de mais 21 mil doses, Wladimir anuncia "operação de guerra" para vacinar população
Ícaro Abreu Barbosa 22/03/2021 16:27 - Atualizado em 22/03/2021 17:58
O prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, anunciou, na manhã desta segunda-feira (22), que o município se prepara para uma “operação de guerra”, a partir desta terça (23), para aplicar as cerca de 21 mil doses da vacina contra a Covid-19 que foram entregues pelo Governo do Estado nessa manhã. Para ampliar a imunização, Campos passará a contar com 24 postos de vacinação, com funcionamento, inclusive, nos finais de semana. Um outro ponto, entretanto, acendeu o alerta no combate ao novo coronavírus: o “superferiado” anunciado pelo Governo do Estado, que pode incentivar a migração da população para as praias da região.
Em entrevista coletiva no aeroporto Bartolomeu Lisandro, após a chegada das 19.760 doses da CoronaVac e 1.242 doses da AstraZeneca/Oxford, Wladimir anunciou a liberação para usar todas as 21 mil doses de imunizantes para aplicação da primeira dose, já que a chegada das unidades para a segunda dose já está garantida.
— Estamos liberados para usar todas elas como primeira dose, pois já está garantida a chegada da segunda. Por isso, estamos montando uma força-tarefa, uma verdadeira operação de guerra, para, a partir de amanhã, começar a vacinar nosso povo, em 24 postos, inclusive durante os finais de semana. Vamos seguir com a vacinação dos grupos que estão na cartilha do ministério da saúde, não podemos furar. Mas, com essa quantidade de vacina, vai andar mais rápido o atendimento dos grupos prioritários — afirmou.
Wladimir foi ao aeroporto na manhã desta segunda para receber do secretário de Estado de Saúde, Carlos Alberto Chaves, as 21 mil doses da vacina e insumos médicos. Ainda no Bartolomeu Lisandro, o prefeito participou de uma reunião virtual com outros prefeitos da região, antes da coletiva de imprensa para falar sobre o panorama da pandemia em Campos.
Em relação ao “superferiado” de 10 dias adotado pelo Governo do Estado — entre os dias 26 de março e 4 de abril — como forma de conter o avanço da Covid-19, Wladimir demonstrou preocupação, assim como outros prefeitos, com os reflexos nas praias da região e em Campos, por ser uma cidade de passagem, cortada pela BR 101. O prefeito de Campos foi escolhido para mediar as negociações dos municípios da região com o governador em exercício, Cláudio Castro.
— Acabei de sair de uma reunião com prefeitos da região e membros do Ministério Público sobre essa questão do feriado e estamos bastante preocupados. Sabemos que as pessoas vão procurar as praias. Eu compreendo o governador Cláudio Castro e sua tentativa de esvaziar os transportes coletivos no feriadão, mas estamos preocupados com as praias e regiões de interior que as pessoas vão buscar. Campos, sendo uma cidade de passagem, cortada pela BR 101, pode sofrer. Os prefeitos da região me colocaram como interlocutor para entrar em contato com o governador Cláudio Castro, pois estamos preocupados. Ainda estamos decidindo como vamos achar uma saída para o feriadão — afirmou Wladimir Garotinho.
Prefeitura aluga leitos no Espírito Santo
Durante a entrevista coletiva, o prefeito anunciou, ainda, que está alugando leitos em Vitória, no Espirito Santo, para diminuir a fila de espera em Campos. Na manhã desta segunda-feira, todos os leitos clínicos e de UTI continuavam ocupados, enquanto seis pessoas ainda aguardavam a internação. “A realidade de Campos é que todos os 172 leitos clínicos e 119 de UTI estão ocupados. Estamos conseguindo alugar leitos em Vitória, mas não adianta aumentar leito. Não temos equipes médicas ou material disponível e está começando a faltar até oxigênio no estado do Rio de Janeiro. A situação é grave”, destacou.
O prefeito afirmou também que vai abrir mais 10 leitos de UTI, chegando a 129. “Campos já tem, a cada 10 mil habitantes, mais leitos do que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, garante o prefeito. De acordo com ele, não é falta de leitos o problema de Campos, mas sim a falta de material humano e médico. “Não há mais equipamentos no mercado e mesmo que você tenha dinheiro, os fornecedores não têm para entregar”.
Wladimir não descarta medidas mais rígidas
A possibilidade de uma fase vermelha em Campos, ou lockdown total, não foi descartada pelo prefeito. Para ele, a questão da fase é subjetiva, dependendo de critérios clínicos, epidemiológicos e médicos. “Podemos entrar na fase vermelha? Podemos. Hoje estamos na fase laranja, com bastante restrições. Podemos entrar num lockdown total? Podemos. Isso depende da empatia da população com a própria cidade. Ou as decisões são acatadas pela população, ou vamos ficar durante seis meses ou um ano tomando medidas pingadas que não vão solucionar nada. Nós queremos frear a curva e pensar em dias melhores”, ressaltou o prefeito de Campos.
Wladimir lamentou a morte de outro guarda civil municipal, na manhã desta segunda-feira, e o fato de não poder vacinar a categoria. “Hoje já morreu mais um guarda municipal, vítima da Covid, e eu não posso, ainda, vacinar esses guardas que estão na linha de frente. Isso me machuca, como prefeito e ser humano. Minha linha de frente, que é a Guarda Civil Municipal, a Postura e a Vigilância Sanitária, ainda não pode ser vacinada”.

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