Daniela Abreu
25/08/2020 09:19 - Atualizado em 25/08/2020 12:24
Os trabalhadores dos Correios continuam em greve e, segundo o diretor de comunicação da Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect-RJ), Pedro Alexandre Santana, com mais adesão, após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), favorável à empresa, revogando o acordo de dois anos que existia, em favor dos trabalhadores. A categoria culpa o general Floriano Peixoto, que assumiu a presidência da empresa em junho do ano passado, pela intransigência e descumprimento do acordo que, segundo eles, já existia antes do general assumir o cargo. A greve foi deflagrada no último dia 17.
Segundo Pedro Alexandre, os trabalhadores seguem em greve na tentativa de acordo com a empresa.
— Até agora a empresa não se manifestou e depois da decisão do STF o movimento aumentou para que a empresa sente para negociar com a categoria, ou com o TST (Tribunal Superior do Trabalho) junto, de alguma outra forma. Como nós estamos sem acordo, tem que se tratar um novo acordo e isso se dá ou diretamente com a empresa ou com o dissídio coletivo, pelo TST — explicou.
O diretor de comunicação explicou ainda que o STF decidiu que o acordo, que era de dois anos passasse a valer somente por um ano, com vencimento em julho. Desde então, os funcionários perderam uma série de benefícios, como auxílio creche e auxílio para filhos especiais, somando cerca de R$ 10 mil ao ano.
Em nota, a assessoria dos Correios informou que, desde o início de julho, a empresa tem negociado com as entidades representativas dos empregados os termos do Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021. "Dando continuidade às ações de fortalecimento de suas finanças e consequente preservação de sua sustentabilidade, a empresa apresentou uma proposta que visa a adequar os benefícios dos empregados à realidade do país e da estatal. A primeira premissa é o ajuste dos benefícios concedidos pelos Correios ao que está previsto na CLT e em outras legislações, resguardando todos os direitos dos empregados. A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações dos sindicatos, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período - dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida. Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos".
Ainda de acordo com nota dos Correios, na última sexta-feira (21), o plenário do STF, por unanimidade, decidiu pela manutenção de liminar impetrada pelos Correios. "Desta forma, a Sentença Normativa do TST não possui mais vigência, ou seja, não há acordo coletivo de trabalho válido. No entanto, os Correios ressaltam que os vencimentos de todos os empregados seguem resguardados e os trabalhadores continuam tendo acesso, por exemplo, ao benefício Auxílio-creche e aos tíquetes refeição e alimentação, em quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada trabalhador. Estão mantidos ainda – aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais".
A empresa alegou, ainda, que a paralisação parcial da maior companhia de logística do Brasil, em meio à pandemia da COVID-19, traz prejuízos financeiros não só aos Correios, mas a inúmeros empreendedores brasileiros, além de afetar a imagem da instituição e de seus empregados perante a sociedade.