Presidente do Partido Verde (PV) em Campos desde 2012, Gustavo Matheus, renuncia publicamente a seu cargo nesta sexta (03), em sua página no Facebook. Na postagem, Gustavo diz que “está fora” e que o “partido se apequena”. Como motivo de sua saída cita que o PV estaria “ao bel prazer da mais nova dupla sertaneja”, referindo-se ao deputado estadual Rodrigo Bacellar (SD) e Rafael Diniz (Cidadania).
A decisão abre espaço para composição de nova diretoria no partido. Hans Muylaert, diretor de Turismo do governo Rafael Diniz, foi citado na postagem de Matheus como provável futuro presidente da sigla. Hans já havia disputado a presidência com Gustavo em maio do ano passado.
Sobre o acordo de Bacellar e Diniz, Gustavo diz que o movimento de ontem (03), que confirmou a filiação do juiz aposentado Pedro Henrique Alves ao Solidariedade, onde também participaram a ginecologista Cândida Barcelos e o ex-deputado Pastor Éber Silva – ambos do DEM que formam a base de apoio de Bacellar junto com o PTC e MDB – teria sido uma estratégia para atacar as pré-candidaturas de Caio Vianna (PDT) e Wladimir Garotinho (PSD) e ainda afirma que entre esses três nomes estaria o vice de Rafael.
“A manobra de Rodrigo em lançar nomes ao tabuleiro serve para nada mais, nada menos, que escolher o vice de Rafael. E o PV, que em breve terá como presidente o diretor de Turismo de Diniz, se presta a este papel, mas eu não” — afirmou Gustavo em rede social.
Ao blog, Gustavo vai além. Volta a atacar fortemente o governo e diz não ser “coerente” o partido voltar a fazer do grupo político do prefeito — Não seria coerente voltarmos a fazer parte de um grupo que ajudamos a eleger, mas que não foi fiel ao que se propôs. Deixamos o governo com críticas duras praticamente depois de um ano de gestão por discordar do que vinha sendo feito ou não. Há alguém nesta cidade que gostaria de seguir qualquer direção onde Rafael esteja no horizonte após esses desastrosos quatro anos?
Indagado sobre sua afirmação de que o (a) vice de Rafael Diniz, na pré-candidatura para o próximo pleito, estaria entre os três nomes apresentados pelo deputado Rodrigo Bacellar, reafirma categoricamente:
“Com toda certeza. Ou dali sairá o vice de Rafael ou o candidato. Depende da desenvoltura e viabilidade do nome escolhido até as convenções. Lamentavelmente! Torço para que não esteja sendo ludibriados, como muitos estão e saibam onde estão pisando”.
Sobre o racha com Hans, Gustavo é mais cauteloso. Mas fala em "oportunismo eleitoral". Perguntado sobre sua avaliação política da possível nova gestão partidária com Hans ele diz que “faz parte” a decisão dele de ficar no governo. No fim da entrevista, citando o representante histórico do PV, Joca Muylaert, pai de Hans, perguntado se representaria o retorno do modo de gestão política dentro do PV, Gustavo finaliza falando ainda sobre a possibilidade de nova legenda:
“Não há racha entre a gente. Ele preferiu seguir no governo quando saímos, faz parte. Quanto ao saudoso Joca, seu pai, eu não estaria no PV se não fosse por ele. Afinal, Joca foi quem me filiou, assinou minha ficha e fez o convite. A avaliação que faço é a realizada no texto. O partido verde resolveu apoiar o governo, desrespeitando o princípio do municipalismo, que já foi forte dentro da sigla. Não há nenhum "tipo de retorno de gestão política dentro do partido". Há oportunismo eleitoral. Se tivesse a ver com gestão partidária, não fariam este movimento há seis meses da eleição e há um dia do prazo final de filiações. É sempre assim. Partido na cabeça de algumas pessoas só tem utilidade na hora eleição. Infelizmente, com muita tristeza, deixo o partido, meu único partido em toda vida, minha casa. Lugar onde consegui ser o candidato a vereador mais votado da história do PV em Campos, onde alcancei a primeira suplência e defendi suas bandeiras e pautas com unhas e dentes. Estou ainda muito magoado e nunca me imaginei em outro partido. Amanhã (sábado, 04, último prazo para filiações partidárias para as próximas eleições) pensarei sobre isso".