Camilla Silva
30/11/2019 16:13 - Atualizado em 03/12/2019 13:18
A pouco menos de quatro meses para completar 18 anos de sua inauguração, o Hospital Geral de Guarus vive um momento difícil ao mesmo tempo em que aguarda uma ampliação de sua importância dentro do sistema de Saúde municipal. Há cerca de 10 dias, os problemas no telhado da unidade se agravaram com a chuva forte que chegou no mês de novembro, interditando setores e causando a necessidade de transferência de alguns pacientes para hospitais da rede contratualizada. Gestores e outros profissionais que participaram da execução do projeto afirmam que causa do problema foi a instalação de um sistema de ar-condicionado, no ano de 2009, que furou a manta impermeabilizadora da unidade em diversos pontos, causando infiltração. Para solucionar problemas, três ações na unidade estão previstas.
— A garantia do serviço de impermeabilização é de 5 anos, isso se você não modificar. Se for fazer uma intervenção, como colocar uma antena, passar uma afiação, trocar o ar-condicionado, o ideal é verificar qual foi a empresa que realizou o serviço para acompanhar, chamá-la e pedir para que ela restaure os pontos que foram danificados. Existe ainda a necessidade de fazer a manutenção periódica, que seria fazer limpeza da área, verificar os ralos, identificar se algum dano foi causado na manta — afirmou o diretor executivo do Instituto Brasileiro de Impermeabilização, José Miguel Morgado.
Conforme trouxe o Ponto Final da última sexta, foram as intervenções feitas no teto do HGG, para instalação de ar-condicionado split, no início do governo municipal Rosinha Garotinho, em 2009, que geraram o problema de infiltração de água de chuva no hospital. A coluna confirmou a informação, após o autor do projeto, Victor Aquino, ter dito no programa Folha no Ar da terça que quando o hospital não teve nenhum problema nos anos iniciais de funcionamento. “Começaram a rasgar essa laje impermeabilizada com dutos para descer o ar-condicionado. A laje virou um queijo suíço”.
O ex-secretário de Saúde do município, Geraldo Venâncio, também atribuiu o rompimento da manta para instalação de um sistema de ar condicionados na unidade hospitalar, além da falta de manutenção.
— O HGG funcionou durante 5 ou 6 anos sem nunca ter tido um problema. Depois, foram relaxando um pouco na manutenção, que tem que ser curativa e preventiva. O hospital é igual a casa da gente. Deu algum defeito, a gente tem que consertar. Não pode deixar aquele defeito se perpetuar — afirmou Geraldo Venâncio.
O fato ocorrido na última semana não foi a primeira vez que o teto do HGG apresentou problemas. Em 2014, um vídeo, feito por um leitor, mostra o centro cirúrgico da unidade de saúde totalmente alagada.
O projeto de recuperação e ampliação da unidade funciona atualmente em três frentes. A verba de R$ 5 milhões anunciada por Wilson Witzel, no dia 21, é para concluir uma estrutura já iniciada na frente da unidade, onde irá ser instalada o atendimento de emergência. O valor ainda não está liberado para o município. “O HGG não foi idealizado para atender emergência. Com essas obras, além de obras de reparo, nós estamos adequando para atender a emergência, para atender o que o município está se propondo agora, que são os pacientes que antigamente que ficavam no Ferreira Machado, pelo volume de pacientes que ele recebe. A nossa proposta é transformar o HGG em um hospital de emergência, com aquele heliponto funcionando”, afirmou o diretor-geral da unidade Dante Pinto. As obras de ampliação da emergência da unidade foram iniciadas em 2014 e tinha prazo de conclusão de 18 meses, mas foi deixada de lado.
Outra iniciativa relacionada a unidade é referente a uma emenda parlamentar de R$ 5 milhões, do ex-deputado federal Paulo Feijó , que será usada para fazer o novo telhado na unidade e outras reformas. A prefeitura informou, em nota, que a licitação foi homologada e, agora, o município aguarda a liberação dos recursos por parte da Caixa Econômica Federal para iniciar as obras. A licitação, que teve edital publicado em setembro, foi vencida pela Projecons Projetos e Construções LTDA, pelo valor de R$ 4.050.623,14. No entanto a construção do telhado não é recomendada pelo IBI.
— Você tem uma estrutura pronta que é uma laje. Dependendo do caso, sai mais barato você refazer essa impermeabilização a fazer toda uma estrutura de um telhado. Uma chuva de vento entra nas frestas da telha, o que vai dar vazamento embaixo. O produto impermeabilizante é muito mais duradouro — defendeu o diretor executivo do Instituto, José Miguel .
Já para atender as necessidades emergenciais da unidade, causadas pelas chuvas do início de novembro, estão sendo realizados, com recursos próprios da unidade, reparos para colocar setores que foram interditados em funcionamento. Inicialmente, foram sete, mas até o momento, apenas dois permaneciam fechados segundo a direção da unidade. “Segunda-feira já começa a montar o canteiro de obras para começar a mexer no CME [Centro de Materiais e Esterilização]. Depois que terminar, ele vai para o centro cirúrgico. A previsão é de até dois meses para essas duas obras ficarem prontas”, completou Dante Pinto.
Médicos destacam relevância regional
Apesar dos problemas, quem fez e faz parte da sua história não esconde o orgulho de ter participado do projeto da unidade de Guarus e destaca a importância no atendimento da população local e de toda a região. O diretor do Hospital Dante Pinto afirma que importância do local deve aumentar com a ampliação. “O HFM vai atender o Trauma, o HGG vai fazer a emergência clínica, pediátrica e a cirurgia branca, a infecciosa”, explicou.
Já o ex-secretário de Saúde, Geraldo Venâncio, que também participou da implantação do HGG afirmou que mesmo com os problemas que tem tido, ele atende cerca de 180 mil pessoas que residem em Guarus. “Se elas tivessem que atravessar a ponte toda vez para procurar atendimento seria uma tragédia. Mesmo com as dificuldades, atende muita gente e presta o serviço muito bem”, completou Geraldo Venâncio.
O arquiteto Victor Aquino defendeu que toda medida que puder ser feita deve ser realizada para garantir o funcionamento do hospital.
— Se a gente é campista, se gosta do hospital, se entende que ele é necessário para cidade, nós temos que buscar uma solução, independente de buscar quem foi o governo. Houve um erro do governo, houve. E houve erros dos governos posteriores que não fizeram a manutenção. Arnaldo [Vianna] queria fazer uma hospital para atender um bairro com uma população carente. Então eu fiquei com muito orgulho de participar deste projeto —, afirmou o arquiteto.