O Dia Internacional de Combate a Violência Contra Mulher foi lembrado em Campos na tarde desta segunda-feira (25). Um grupo de mulheres percorreu algumas ruas da cidade com cartazes para chamar atenção da população para a causa. A passeata passou pela beira-valão e motoristas foram abordados com panfletos informativos. Os últimos dados do Dossiê Mulher, divulgados pelo Instituto Segurança Pública (ISP-RJ) com informações de 2018, mostram que o município teve 1552 casos de violência contra a mulher registrados, 39% deles são de violência física, 33,7% psicológica, 15,2% moral e 7,7% sexual. Em 2019, três mulheres foram assassinadas com quem haviam mantido relacionamentos anteriores.
Em seguida elas seguiram para a sede da Prefeitura Municipal de Campos, onde foi realizada uma palestra. A programação foi organizada pela Associação comunitária de mulheres e contou com o apoio da presidente da Comissão de Direitos da Mulher da Câmara Municipal, Josiane Morumbi.
— Segundo a delegada Ana Paula, o número de registros de violência contra mulher e de prisões em flagrante até agosto já superou o ano passado inteiro. O Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) é fundamental para ser um espaço de acolhimento e atendimento. Fizemos a indicação legislativa e já existe uma decisão judicial nesse sentido — disse Josiane.
Neste domingo, a Folha trouxe uma matéria especial sobre o assunto. O evento é organizado pela Associação comunitária de mulheres de Campos, movimento que nasceu em 1998. Por dez anos, a associação manteve o Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (Niam), onde uma equipe composta por psicóloga, advogada e assistente social auxiliavam vítimas de violência.
O Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher foi encerrado há mais de 10 anos. Hoje, grupos de defesa dos direitos das mulheres, em Campos, lutam pela instalação do Ceam. O Ministério Público entrou com uma Ação Civil Pública e em dezembro de 2018, a 1ª Vara Cível de Campos determinou que o Estado e o município promovessem a sua instalação. No entanto, os réus apelaram da sentença, que aguarda julgamento no Tribunal de Justiça.
“Em 1999 fomos a secretária de políticas públicas do estado, Marisa Chaves, que vai ser palestrante no evento desta segunda. Ficamos 12 anos trabalhando. Na hora de renovar o protocolo de intenções, entre Campos e o Rio de Janeiro, para renovar o projeto, a prefeita de cidade Rosinha Garotinho estava brigada com o governador, na época o Sérgio Cabral, e não quis assinar. Resolveram fechar o Niam, as mulheres ficaram desamparadas. Continuamos a fazer o trabalho voluntário, mas é difícil sem a mesma estrutura. Nossa luta, agora, é para que o governo implante o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam)”, explicou Vera Coutinho.