Arnaldo Neto
22/10/2019 20:50 - Atualizado em 30/10/2019 17:16
O esquema de "rachadinha" investigado pelo Ministério Público e que levou à prisão o veredor Gersinho Crispim (SD), na quarta-feira (16), foi delatado pelo subdiretor da Câmara de São João da Barra, Jonas Nogueira dos Santos. As investigações continuam, sob sigilo, e a Justiça decidiu, em audiência de custódia, soltar o parlamentar sanjoanense um dia após ele ser preso. No entanto, medidas restritivas foram aplicadas a Gersinho, entre elas o afastamento do mandato por seis meses.
Gersinho estava como segundo secretário da mesa diretora da Câmara. Jonas seria indicação dele para o cargo na Casa. Esse seria o motivo pelo qual o delator era apontado como assessor do vereador.
Nessa segunda-feira (21), a Câmara notificou Gersinho sobre a decisão de afastamento do mandato, por ordem judicial, por seis meses. Na sessão desta terça (22), no entanto, o nome dele continuava normalmente no painel da Casa. Nos próximos dias, conforme informou a assessoria da Câmara, o suplente Alan de Grussaí (PSDB) será convocado.
Sobre o futuro de Jonas no cargo de confiança, nesta terça, "o Legislativo está requerendo mais informações ao TJRJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro), para uma melhor tomada de decisão".
A prisão em flagrante, na frente da Câmara, foi efetuada logo após o vereador ter recebido de um assessor R$ 3,5 mil, que seriam fruto da prática de rachadinha – o confisco de parte dos salários dos servidores – o que configura crime de peculato. Gerson Crispim já vinha sendo investigado pelo Ministério Público por supostos repasses de valores mensais da remuneração de servidores nomeados por ele para trabalhar em seu gabinete, sendo a prisão decorrente de ação controlada judicialmente comunicada.
“As investigações apontam para a existência de uma embrionária organização criminosa, hierarquicamente organizada e suficientemente sedimentada para a prática de reiterados crimes contra a administração municipal, causando prejuízos aos cofres públicos do Município de São João da Barra”.
Segundo a defesa do vereador afastado, a delação do assessor, que gerou a prisão, foi homologada pelo desembargador Paulo Baldez, que integra o 3º Grupo de Câmaras Criminais do TJ, desde 1º de outubro. A ação corre sob sigilo.
Antes de ser levado ao presídio, Gersinho ficou por aproximadamente dez horas na 145ª Delegacia de São João da Barra, mas permaneceu em silêncio.
Em nota, na semana passada, a Câmara informou que “determinou à Procuradoria Legislativa que adote as providências cabíveis, tão logo seja notificada do conteúdo da decisão judicial. Todas as informações de conhecimento da Câmara chegaram através dos órgãos de imprensa”.