Um dos principais instrumentos de uma eleição é o debate político. É essencial para o eleitor avaliar com clareza as propostas e as prioridades de cada candidato. O debate aprimora o sistema democrático.
Ontem (11) e hoje (12) à FolhaFM (aqui e aqui) não promoveu um debate, visto que os dois candidatos a reitor da Uenf não foram submetidos ao mesmo tempo e em mesmo local à sabatina. Porém, quando ofereceu oportunidade igual aos dois personagens, que compõe o segundo turno na eleição na universidade estadual, promoveu um confronto de ideias, perfis e propostas, importantes para a escolha dos votantes.
Raul Palacio sai vencedor do primeiro turno com 41,70% dos votos. Carlão empata com Enrique Medina no mesmo pleito, ambos com 28,52%. Pelos critérios definidos em estatuto, Carlão avança ao segundo turno. Consenso entre analistas políticos, sabe-se que se inicia uma nova eleição quando há segundo turno. Outras posturas dos candidatos se apresentam e parte do eleitor migra seus votos. Raul e Carlão sobem o tom, como também é praxe, principalmente quando o primeiro colocado possui uma margem ampla.
Os candidatos - polêmicas e perfis
Raul foi acusado por um veículo de comunicação da cidade que não dispõe de boa reputação, de baixa produção acadêmica e ligações com políticos. Foi exposto uma foto em que o candidato a reitor aparece ao lado do ex-deputado federal, Paulo Feijó. Carlão, em comentário de rede social, na postagem do blog Opiniões de Aluysio Abreu Barbosa, foi acusado de ligação com o PSOL. Mesmo com o tom acusatório externo, os candidatos responderam às acusação no programa da FolhaFM. Sobre a publicação que acusa Raul, Carlão não quis se posicionar, mesmo sendo “favorecido” por ela.
Raul, mais firme e agregador, soube conduzir as acusações. Apresenta mais trato político, transita melhor entre os ambientes e abriria as portas da Uenf à comunidade e à outras instituições. Demonstra que terá melhor capacidade de articulação. Pesa contra ele a aderência à burocracia, junto com o desagaste da gestão atual. É fato que a produção acadêmica do candidato é tímida, possivelmente aquém para um candidato um reitor de uma universidade do porte da Uenf e da qualidade de pesquisa que produz, embora não há esse parâmetro como pré-requisito estatutário para ser regente.
Carlão demonstra estar pressionado. Reage as acusações com mais dificuldade e demonstrou menor pretensão em abrir a universidade e menor habilidade em trabalhar politicamente a Uenf, embora tenha reconhecido o governo estadual como um parceiro necessário à universidade na entrevista de hoje. Por outro lado, tem vasta contribuição, tanto acadêmica, quanto de criação de iniciativas dentro da instituição. É respeitado por sua história e representa o “novo”, já que não está aliado a gestão passada. Carlão produziu pesquisa quando a Uenf passou por dificuldades financeiras sérias no governo Pezão. Fato que atraiu recursos.
A escolha final
O filósofo grego Platão ensina que “não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles que gostam”. A política é presente em todas nossas ações sociais e devem permear nossa escolhas, principalmente as institucionais. A oportunidade oferecida na rádio permitiu ver perfis diferentes. Caberá a Uenf, através de seus professores, alunos e corpo técnico definir qual destino prefere. Qual perfil se adéqua mais a realidade do campus, qual proposta é mais realizável e qual característica será melhor aproveitada. A eleição cumpre justamente esse papel. Uma escolha.