A Polícia Civil prendeu, na tarde desta quarta-feira (29), o suspeito do assassinato de Tamires Ramos Martins, de 23 anos, morta a tiros na localidade de Donana, no dia 2 de abril. O homem é o ex-namorado da vítima e se apresentou na 134ª Delegacia de Polícia (Centro). Durante a tarde, o delegado titular, Bruno Cleuder, promoveu uma coletiva de imprensa e apresentou detalhes sobre o caso. Ele afirmou que a rendição foi negociada com o advogado do suspeito, que será transferido para o presídio de Itaperuna.

O delegado informou que já havia indícios suficientes que apontavam o ex-namorado da vítima como autor do crime. À medida em que o inquérito policial foi avançando, ele resolveu se entregar. “Ele confessou o crime e contou o modus operandi, sendo deflagrados três disparos de arma de fogo contra a vítima, de dentro do carro do amigo. O motivo seria ciúmes por ela estar se envolvendo com outro rapaz. Ele teme por sua integridade física no cárcere, já que o fato gerou grande repercussão. Sob o risco de represália, negociei com o diretor do presídio de Campos a transferência dele para o presídio em Itaperuna”, disse, ressaltando que o homem foi preso por prática de feminicídio.

Já o amigo do suspeito, que seria proprietário do veículo, se apresentou à 145ª Delegacia de Polícia (São João da Barra) no dia do crime e, após ser ouvido, foi liberado. “O fato de ele se apresentar à sede policial fez com que não fosse preso em flagrante. Mas há indícios contra ele, no sentido de cooperação, já que o carro utilizado no crime era dele”, acrescentou.

De acordo com a polícia, a jovem voltava da escola, quando parou em uma lanchonete. O criminoso a teria chamado para entrar no carro, mas ela se recusou e, ao tentar sair do estabelecimento em uma bicicleta, foi baleada. Dois tiros atingiram o tórax e um disparo acertou o braço da vítima. Segundo policiais civis, o amigo do suspeito afirmou que não sabia que ele tinha a intenção de cometer o assassinato.

Dossiê Mulher 2019 — O Instituto de Segurança Pública (ISP) lança anualmente o Dossiê Mulher, visando contribuir com o aumento da visibilidade desse tipo de violência, ressaltando a importância do combate desses delitos.

Dentre os delitos apresentados, as mulheres não foram vítimas prevalentes apenas nos homicídios dolosos (7,1%) e nas tentativas de homicídio (11,7%). Entretanto, nesses dois delitos, foram destacadas as qualificadoras feminicídio (71 vítimas) e tentativa de feminicídio (288 vítimas), conforme a Lei nº 13.104 de março de 20153, que se aplica quando o crime foi cometido por razões da condição do sexo feminino, envolvendo violência doméstica e familiar e menosprezo ou discriminação à condição de mulher.