Juiz da 1ª Vara Criminal de Campos adia audiência do caso Iuri
Catarine Barreto 13/03/2019 12:04 - Atualizado em 14/03/2019 18:22
A audiência do caso Fernando Iuri Chagas, que aconteceria na manhã desta quarta-feira (13), foi adiada pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Campos, Bruno Rodrigues. Nesta etapa, seriam ouvidas testemunhas de defesa. "Ainda falta o depoimento do perito para continuar. Assim que ele for ouvido, marcaremos uma nova data", explicou o juiz.
A Justiça apura a responsabilidade de quatro médicos que atenderam Iuri. O cirurgião Paulo Cézar Mota da Rocha e o anestesista Luis Bernardo Vital Brasil Bogado foram denunciados por homicídio doloso e falsidade ideológica. Já o médico Hugo Manhães Areas foi denunciado por falsidade ideológica, no mesmo procedimento.
Iuri faleceu em 26 de dezembro de 2013, aos 19 anos, após complicações neurológicas decorrentes de cirurgia de clavícula. De acordo com a denúncia, o rapaz passou pela cirurgia simultaneamente com outras três pessoas, recebeu fortes doses de anestésico, passou mal e não recebeu socorro em tempo.
A primeira audiência de instrução e julgamento do caso aconteceu no dia 23 de agosto de 2018. Na ocasião, de 10 testemunhas previamente arroladas, nove foram ouvidas no Fórum Maria Tereza Gusmão. Entre os depoentes, estava Fernanda Gomes Chagas, mãe de Fernando. Ela compareceu ao fórum vestindo uma blusa com o rosto do filho. O depoimento de Fernanda durou aproximadamente 45 minutos.
Segundo denúncia do Ministério Público, o dolo eventual ficou caracterizado pelo fato de Paulo César e Luis Bernardo terem assumido o risco da morte de Fernando Iuri, na época com 19 anos, com a omissão de deveres de cuidado, ao injetarem pesadas drogas sem ofertar oxigênio suplementar e praticando cirurgias e anestesias simultâneas. A denúncia relata, ainda, que vídeos da cirurgia teriam revelado que o Luis Bernardo não teria agido de forma a conter os riscos mortais que decorreriam da depressão respiratória advinda da sua ação médica, mantendo a vítima em respiração espontânea em ar ambiente, sem ofertar aporte suplementar de oxigênio e, principalmente, sem manter vigilância constante e permanente do paciente, conforme preconiza o Conselho Federal de Medicina (CFM). 
Sobre o cirurgião Paulo César, a denúncia diz que ele realizava cirurgias simultâneas e teria deixado de suspender o ato ou de convocar o anestesista de plantão de forma a substituir o profissional de sua escolha, que insistia em se manter fora da sala cirúrgica. Ainda segundo o MP, as agendas das cirurgias, todas programadas e eletivas, registram que os dois médicos trabalharam em diferentes salas até às 20h do dia do procedimento de Fernando Iuri. Paulo realizou 10 cirurgias, e Bernardo, 18. Junto com Paulo César e Luis Bernardo, os outros dois denunciados teriam omitido declarações que deveriam constar no documento.

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