Mar avança em Atafona e derruba muro da casa de Sônia Ferreira
21/03/2019 15:07 - Atualizado em 21/03/2019 17:39
Mais uma referência em Atafona começa a ser atingida diretamente pela força do mar. Na tarde desta quinta-feira (21), as revoltas águas de março derrubaram parte do muro da casa de Sônia Ferreira. Uma referência em Atafona, ao lado do antigo prédio do Julinho, a residência da filha do ex-deputado federal Alair Ferreira (1920-1987) foi palco durante muitos anos da famosa festa de Carnaval "Atafolia".
Minutos antes de o mar derrubar o muro, Sônia usou o seu perfil nas redes sociais para mostrar o estrago que o mar estava fazendo. Segundo ela, o avanço começou a ficar mais intenso nesta quarta-feira (20), com o início da lua cheia. “Foi tudo muito rápido. Fiz a foto e um vídeo e o muro estava de pé. Logo depois, caiu”, contou Sônia.
Foto feita minutos antes de o muro cair nesta quinta-feira
Foto feita minutos antes de o muro cair nesta quinta-feira / Sônia Ferreira / Facebook
O avanço do mar na praia de Atafona já é notícia, ao menos, desde a década de 1950, quando foi noticiado pelo extinto jornal campista Folha do Povo, em 17 de fevereiro de 1959. E desde lá, existia a expectativa sobre um “espigão” para salvar o Pontal. Depois de 60 anos, a esperança é a mesma.
Há 10 anos, o prédio do Julinho caiu. Durante esse tempo, as ruínas do edifício funcionaram como uma espécie de um pequeno “quebra-mar” para a casa vizinha, de Sônia Ferreira. Mas, sem nenhuma outra tentativa de obstrução, o mar venceu novamente. E, como mostra o vídeo de Sônia Ferreira, sua casa não é a única atingida pela força das ondas:
Entre 2013 e 2014 surgiu uma esperança, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) garantiu a viabilidade de um projeto para ser desenvolvido na praia sanjoanense. Só que, até hoje, as discussões ainda são burocráticas. A prefeita Carla Machado (PP) chegou a apresentar o documento ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), mas, até o momento, nenhuma resposta foi dada. Isso sem falar nas inúmeras “caravanas” de parlamentares que foram até Atafona para “assistir” ao avanço do mar e prometer “ajudar como puder” (o que, na maioria das vezes, representa não fazer nada).
Vários movimentos sociais foram criados em Atafona na tentativa de mobilizar as autoridades com relação à questão do avanço do mar. Manifestações foram feitas em diversos pontos do município e um abaixo-assinado virtual chegou a ser criado. E nenhuma intervenção prática ocorreu ainda. Neste ano, em fevereiro, o SOS Atafona — um dos movimentos criados por iniciativa popular — foi oficializado, ganhando personalidade jurídica. Sônia Ferreira, inclusive, é vice-presidente da associação, fundada em reunião que aconteceu na casa dela. Dentre as metas do SOS Atafona está a viabilidade de uma intervenção para contenção do avanço do mar. Vídeo mostra mais um trecho onde o mar avança, na Baixada:
Na praia do Açu, extremo sul do litoral sanjoanense, também há imagens que registram os estragos da força das águas. Os moradores relatam que a ressaca está jogando água em diversas casas e ruas do 5º distrito de SJB. Um vídeo está disponível na página do Facebook “Praia do Açu SJB I”, mostrando a situação da praia nesta quinta:
Em nota, a Prefeitura informou que “após analisar a tábua de maré, prevendo para essa semana maré de até 1,70, com previsão de ressaca, a coordenadoria de Defesa Civil utilizou caminhões de areia para formar uma barragem e evitar a chegada da água em pontos mais vulneráveis da praia. No entroncamento das ruas Nossa Senhora da Penha com Feliciano Sodré, onde fica a residência que teve parte do muro derrubada, também já foi realizada recentemente contenção com areia e sacos de areia e novas ações emergenciais no local estão previstas”.
Ainda de acordo com a nota, “a areia utilizada foi proveniente da limpeza e manutenção da avenida Atlântica, para retorno ao mar, atendendo a condicionante da licença ambiental do Inea. Está agendada, para o próximo dia 28, uma reunião com Ministério Público Federal (MPF), representantes da sociedade civil, órgãos públicos e especialistas para discutir alternativas para o fenômeno da erosão costeira que seja economicamente viável e ambientalmente sustentável. Um projeto de bombeamento artificial de dunas para crescer ou ‘engordar’ a praia de Atafona, com areia compatível à da praia é um dos estudos de viabilidade, que depende de trâmites ambientais”.
 
 
 
 

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    Arnaldo Neto

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