Policiais civis de Itaperuna, com apoio do 29º Batalhão de Polícia Militar, realizaram, desde as primeiras horas desta terça-feira, a Operação Gólgota II, que aconteceu simultaneamente a uma operação nacional em combate ao tráfico de drogas. No município do Noroeste Fluminense, foram cumpridos 40 de 47 mandados de prisão expedidos. Destes, 15 suspeitos já estavam custodiados. Entre os presos, está a fisiculturista Iara Silva, que é vice-campeã sul-americana. Ela foi detida no Rio de Janeiro, e, segundo a polícia, é ex-esposa do chefe da organização criminosa que atua em Itaperuna. Ainda na operação, um adolescente foi apreendido em flagrante por tráfico de drogas. Seis pessoas são consideradas foragidas.
A ação recebeu esse nome por conta do Morro do Cristo, que é o principal alvo da operação. Segundo a Polícia Civil, as investigações começaram há dois anos. A ação, que acontece simultaneamente a uma operação nacional, foi iniciada às 5h30 e visa desarticular a principal organização criminosa em atuação em Itaperuna. Ainda de acordo com a polícia, a organização contava com boa estrutura e realizava a maior movimentação financeira e de drogas do município.
A fisiculturista Iara Silva foi presa no bairro Cachambi, no Rio de Janeiro, e, de acordo com a Polícia Civil, é ex-esposa do chefe da organização criminosa da cidade do Noroeste Fluminense. As informações foram divulgadas pelo delegado da 143ª Delegacia de Itaperuna, Bruno Cleuder, chefe da operação que aconteceu em seis pontos do município e contou, também, com a participação de cães farejadores da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Cleuder afirmou, em coletiva no final desta manhã, que o principal alvo da operação não foi encontrado.
— A notícia que a gente tem é de que ele está no Rio de Janeiro, mas não vai demorar. Mais cedo ou mais tarde, ele vai cair — assegurou o delegado, acrescentando que, além dos mandados de prisão cumpridos, foram apreendidos armamentos (incluindo uma réplica de fuzil), drogas, dinheiro, comprovantes de depósito bancário e aparelhos telefônicos.
De acordo com Cleuder, mais de 150 homens atuaram na operação, com cerca de 70 viaturas. Da execução dos mandados, após o serviço de investigação e logística da Polícia Civil, participaram policiais militares e agentes do Grupo de Apoio aos Promotores de Justiça (GAP) e promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). “O Ministério Público fez a manifestação pelas prisões, como manda a Lei da Prisão Temporária, e esteve, o tempo todo, ao nosso lado para auxiliar no que fosse preciso”, ressaltou o delegado.
Também em coletiva, Cleuder destacou que a operação foi um sucesso devido ao cumprimento da maior parte dos mandados:
— Foram 47 mandados de prisão e temos o saldo de 40 presos e um menor apreendido. Estamos com saldo muito bom. Conseguimos cumprir os 15 mandados dos que estavam custodiados e mais 25 dos de prisão. Tivemos outro flagrante de um dos alvos da operação, que já seria preso por mandado mesmo. A Polícia Civil investigou por dois anos e buscou organizar a operação de modo que não houvesse falhas na hora H. Contamos com o apoio incondicional da Polícia Militar. Sem ela, seria impossível cumprir. E também o Ministério Público, que auxiliou o cumprimento com o GAP, e receberá o inquérito, nos próximos dias, e irá oferecer a denúncia — concluiu.
Operação nacional — A Gólgota II é uma continuação das investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ. Já o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNOC), criado para combater o crime organizado no país, coordenou operação contra integrantes de facções criminosas em 15 unidades da federação, também nesta terça-feira. Dez Grupos de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (GAECOs) do Ministério Público participaram da operação.
São 266 mandados de prisão e 203 de busca e apreensão no Acre, Alagoas, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Os alvos foram integrantes das facções criminosas: Primeiro Comando da Capital (PCC), de origem paulista, das cariocas Comando Vermelho (CV), Terceiro Comando Puro (TCP) e Amigo dos Amigos (ADA), da capixaba Primeiro Comando de Vitória (PCV) e da paraibana OKAIDA RB, uma dissidência da OKAIDA. (P.V.) (A.N.)