Verônica Nascimento e Matheus Berriel
30/08/2018 12:18 - Atualizado em 03/09/2018 14:36
Novo ato em protesto contra a morte de Layron
Novo ato em protesto contra a morte de Layron
Novo ato em protesto contra a morte de Layron
Amigos e familiares de Layron da Silva Costa, de 24 anos, realizaram, na manhã desta quinta-feira (30), mais um ato em protesto contra a morte do jovem. Ele foi baleado em uma ação policial, na madrugada da última segunda (27), na praça do Repolhinho, na praia de Atafona, em São João da Barra. A manifestação aconteceu na rua Joaquim Thomaz de Aquino Filho, no Centro de São João da Barra. Cópias do nada consta de Layron foram distribuídas para desmentir o boato de que o jovem era foragido da Justiça. De acordo com o Instituto de Identificação Félix Pacheco (IFP), ele não possuía antecedentes criminais.
No local, diversas pessoas buscaram camisas com foto da vítima. Dona Conceição dos Santos comprou uma para o neto Caio, que foi criado com Layron.
— Eles foram meus vizinhos por muitos anos e toda a família é maravilhosa. Ele era um rapaz bom, que cursou desde o jardim de infância ao segundo grau com meu neto mais velho. Eles foram criados juntos e nunca soube de nada errado sobre ele ou de qualquer outra pessoa da família. Era um menino bom. Estamos inconsoláveis — falou a senhora.
A causa ganhou apoio dos sanjoanenses. Pessoas passavam pelo local da manifestação e afirmavam que a morte do jovem foi uma covardia. O pai e a irmã de Layron, Moacyr Mecias Coutinho da Costa e Karolayne, estiveram no ato. A mãe da vítima está sendo medicada com calmantes e não pôde comparecer.
Pai e a irmã de Layron estiveram no ato
Panfletos foram distribuídos a motoristas
Panfletos foram distribuídos a motoristas
Panfletos foram distribuídos a motoristas
— Sinto uma dor no peito que não aplaca. Relacionaram meu filho a um traficante e ele não tem nada com esse homem. Meu filho estava no Balneário e voltava com tábua de carne e potes do churrasco, que sumiram e, no lugar, plantaram uma arma. Por que não atiraram na perna dele? Disseram que deram dois tiros, mas foi um só, na cabeça. Atirar na cabeça é para matar. Minha esposa está em depressão. Queremos saber o que de fato aconteceu e justiça para nosso filho — declarou o pai da vítima.
A irmã do jovem contou que ele, que era separado da mulher, havia buscado o filho Miguel, de três anos, na sexta-feira passada, para ficar com ele no fim de semana. Amigos explicaram que o apelido de Layron, “Bigode do Grau” é devido ao fato dele fazer parte de um grupo no Facebook, Família Grau, de apreciadores de motocicletas. “Ele era apaixonado por motos e estava trabalhando em casa como mecânico. Foi salva-vidas efetivo, por quatro anos, mas continuava tralhando todo o verão”, disse um dos amigos.
Versões conflitam - O caso está sendo investigado pela 145ª Delegacia de Polícia (São João da Barra). De acordo com o delegado Carlos Augusto Guimarães, o laudo do IML apontou um tiro na cabeça do jovem. A bala será enviada para perícia no Rio de Janeiro, mas a Polícia Civil acredita que o disparo tenha sido efetuado a longa distância. Nesta tarde, durante mais de uma hora, o rapaz que estaria na garupa da motocicleta de Layron quando ele foi baleado prestou depoimento à Polícia Civil. A versão apresentada pelo jovem, que, assim como Layron, não tem passagem pela polícia, conflita com a dos policiais 5ª Companhia (Cia). Depois do depoimento, o jovem acompanhou o delegado no trajeto onde aconteceu o caso.
Anteriormente, os agentes contaram que, por volta de meia-noite, foram ao local após serem informados de que um foragido do sistema prisional estava em atitude suspeita, acompanhado por outros três homens, em duas motos. O suspeito citado seria o suposto chefe do tráfico local. Ele, segundo os policias, teria sido visto na garupa da moto que era pilotada por Layron. Na versão do jovem, dada à polícia nesta quinta-feira, de fato havia quatro rapazes em duas motos no local, porém, nenhum deles seria o suposto chefe do tráfico.
Ainda segundo o jovem, um revólver de calibre 32, apreendido pelos policias no local da ocorrência, não estava com nenhum dos quatro. Segundo a polícia, há possibilidade de os agentes envolvidos no caso serem ouvidos novamente para esclarecimentos.
A assessoria de imprensa da Corregedoria da PM emitiu nota confirmando estar ciente do caso e que vai investigar a ação dos militares envolvidos: “Foi aberto um Registro Policial Militar pela 6ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) para apurar as circunstâncias do fato”.