Familiares e amigos de jovem morto em ação da polícia protestam na BR 356
Matheus Berriel e Victor Azevedo 29/08/2018 17:12 - Atualizado em 30/08/2018 15:59
  • PM e PRF auxiliam o trânsito no local

    PM e PRF auxiliam o trânsito no local

  • Manifestantes pedem justiça

    Manifestantes pedem justiça

  • Manifestantes pedem justiça

    Manifestantes pedem justiça

  • Manifestantes pedem justiça

    Manifestantes pedem justiça

De forma pacífica, cerca de 50 pessoas, entre familiares e amigos de Layron da Silva Costa, de 24 anos — morto após ser baleado em uma ação da polícia na Praça do Repolhinho, em Atafona —, realizaram, entre a tarde e noite desta quarta-feira (29), um protesto no km 169 da BR 356, na altura de Degredo, em São João da Barra. Três faixas foram usadas durante o ato, sobre saudades e pedidos de justiça. Uma cruz com capacetes foi feita no meio da via. A maior parte dos manifestantes vestia camisas com o rosto de Layron. Onze policiais militares acompanharam o ato, em cinco viaturas, além de dois agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que organizaram o trânsito e controlaram o protesto. Durante uma hora e meia, os manifestantes ficaram apenas às margens da pista, enquanto dois deles distribuíram panfletos aos motoristas dos veículos que passavam. Quando já anoitecia, o grupo sentou no meio da pista, deixando apenas os acostamentos liberados. A 6ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPMJ), órgão da Corregedoria Interna da PMERJ, abriu procedimento interno para investigar a ação dos militares envolvidos no caso. O delegado titular da 145ª Delegacia de polícia de São João da Barra, Carlos Augusto Guimarães, disse que aguarda o laudo da perícia técnica. A noite, uma reunião do Conselho Comunitário de Segurança, que não contou com a presença do comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Fabiano Souza, em viagem de trabalho, tratou apenas da importância do registro de ocorrência e de assuntos pertinentes às localidades de Cajueiro e Degredo.
— Fizeram uma covardia com ele. Além dessa covardia, o colocaram no Hospital Ferreira Machado como indigente. Os documentos estavam com o policial. Eu fui pegar na delegacia — afirmou Moacyr Mecias Coutinho da Costa, do jovem de 24 anos que deixou um filho de três.
O pai negou a versão dos policiais da 5ª Companhia (Cia) em depoimentos. Os agentes disseram que, por volta de meia-noite, um foragido do sistema prisional estava em atitude suspeita, acompanhado por outros três, em duas motos. O suspeito seria chefe do tráfico local. Ele estaria na garupa da moto pilotada por Layron e teria atirado contra a guarnição, que revidou. Layron foi baleado, na cabeça, e caiu da moto. Os demais fugiram. Layron foi socorrido para a Santa Casa de Misericórdia de SJB e, transferido para o HFM, onde não resistiu aos ferimentos e morreu. Os policiais apreenderam uma Honda Titan Preta, um revólver calibre 32 com quatro munições picotadas e um celular.
— Não procede que havia um criminoso. Era tudo gente de bem. O Layron estava com um rapaz na garupa, mas todos os garotos eram trabalhadores. Falaram que meu filho era um criminoso, mas a ficha dele é limpa, nunca foi envolvido com polícia, com nada. Pretendemos dar um depoimento. A pessoa que estava na garupa também vai. Não sabemos quando, tenho que conversar com ele, mas ele vai. Eram amigos, não tinham nada a ver com o crime. Eu quero que seja feita a justiça, para não cometerem o mesmo com o filho de outro. Não quero que ninguém sinta a dor que estou sentindo. E saiu na mídia que o amigo dele estaria com um casaco verde. Não era, estava com um casaco marrom — afirmou.
Única irmã de Layron, a jovem Karolayne da Silva Costa disse que as roupas que ele vestia não foram devolvidas à família. “Todas as roupas sumiram. A gente não acha pertence nenhum, a não ser o celular. A arma que acharam não era dele, ele nunca teve arma”, falou.
A família disse também que Layron não era usuário de drogas. Os policiais afirmaram no mesmo depoimento que, ainda na Santa Casa, foi encontrado maconha no bolso dele. De acordo com o Instituto de Identificação Félix Pacheco (IFP), Layron não possuía antecedentes criminais.
  • Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

    Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

  • Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

    Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

  • Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

    Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

  • Ato homenageou Layron

    Ato homenageou Layron

  • Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

    Manifestantes bloquearam a pista no fim da tarde

Polícia Civil aguarda resultado da perícia
O caso está sendo investigado pela 145ª DP. Nesta quarta-feira, o delegado Carlos Augusto Guimarães disse que segue aguardando o laudo do Instituto Médico Legal (IML) sobre a perícia feita no corpo de Layron e nas armas dos policiais. “O laudo pericial será de suma importância para a gente avançar nas investigações. Por exemplo, se o laudo apontar que o tiro foi à queima roupa e não a distância? Cai a versão dos policiais. Por outro lado, o jovem não tinha antecedentes, mas o que tinha no celular apreendido? Vamos pedir autorização judicial para acessar esse celular. Temos outras provas técnicas como a moto. Então, tudo passa por uma análise profunda. Não dá para fazer julgamentos antecipados”, disse.
O delegado disse que compreende a dor da família, mas ponderou que tem que ser técnico na análise. “Se manifestar é um direito da família e dos amigos. Entendo a dor, mas eu não posso ser passional. É um caso complexo, onde as provas técnicas ajudarão a elucidar. Não posso culpar o policial, não posso culpar vítima. Tenho que ser técnico, não passional”, disse o delegado que esteve na reunião do Conselho de Segurança onde foram tratados assuntos das localidades de Degredo e Cajueiro, somente.
O comandante do 8º BPM não participou do encontro e foi representado pelo subtenente Campinho.
A assessoria de imprensa da Corregedoria da PM emitiu nota confirmando estar ciente do caso e que vai investigar a ação dos militares envolvidos: “Foi aberto um Registro Policial Militar pela 6ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) para apurar as circunstâncias do fato”.
Fotos: Matheus Berriel
Vídeos Matheus Berriel
 
 

ÚLTIMAS NOTÍCIAS