"Um Estranho no Ninho" no Cineclube Goitacá
Jhonattan Reis 29/05/2018 18:14 - Atualizado em 01/06/2018 14:37
Divulgação
Pela segunda semana consecutiva, a tela do Cineclube Goitacá receberá um grande sucesso do cineasta tcheco Milos Forman, falecido no último dia 14 de abril. Os cineclubistas assistirão, nesta quarta-feira (30) à noite, ao longa-metragem “Um Estranho no Ninho” (One Flew Over the Cuckoo’s Nest, 1975), vencedor de cinco prêmios Oscar. A obra será apresentada pelo publicitário e cineasta Felipe Fernandes, a partir das 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado na esquina das ruas Conselheiro Otaviano e Treze de Maio, no Centro de Campos. A sessão tem entrada gratuita.
— Acho muito justa a homenagem do Cineclube a esse grande cineasta. O fato de termos duas semanas seguidas com obras dele não foi planejado. Eu e o Aluysio (Abreu Barbosa, jornalista e poeta), que apresentou “Amadeus” (1984) na semana passada, queríamos homenagear esse mestre e acabamos por selecionar suas obras mais famosas e premiadas. São filmes que, por sua importância e qualidade, acabariam sendo exibidos no Cineclube no futuro — disse Felipe.
Em “Um Estranho no Ninho”, Randle Patrick McMurphy (Jack Nicholson), um prisioneiro, simula estar insano para não trabalhar e vai para uma instituição para doentes mentais. Lá, estimula os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela enfermeira-chefe Ratched (Louise Fletcher), mas não tem ideia do preço que irá pagar por desafiar uma clínica “especializada”.
Milo Forman — nascido em Caslav, República Tcheca, em fevereiro de 1932 — morreu no mês passado, aos 86 anos, nos Estados Unidos, onde morava desde 1968. Entre os seus maiores sucessos estão “Um Estranho no Ninho” e “Amadeus”, vencedores do Oscar e que, juntos, somam 13 estatuetas. O diretor ainda conta com outras grandes obras em sua filmografia, como “Hair” (1979), “Na época do Ragtime” (Ragtime, 1981) e “O Povo Contra Larry Flint” (The People vs. Larry Flynt, 1996).
— Forman fazia, em sua terra, um cinema contestador. Ele utilizava de sutilezas para driblar a censura e produzir filmes interessantes, desafiando o partido comunista. Com a forte repressão soviética que assolava Praga, ele fugiu para os Estados Unidos.
“Um Estranho no Ninho” foi responsável por cinco prêmios Oscar em 1976 — de um total de nove indicações —, sendo eles: Melhor Filme, Melhor Diretor (Milos Forman), Melhor Ator (Jack Nicholson), Melhor Atriz (Louise Fletcher) e Melhor Roteiro Adaptado (Laurence Hauben e Bo Goldman). Com isso, foi a segunda obra na história a conquistar todos os cinco principais prêmios do Oscar (os cinco que venceu), depois de “Aconteceu Naquela Noite” (It Happened One Night, 1934), de Frank Capra. Também recebeu seis prêmios Globo de Ouro: Melhor Filme Dramático, Melhor Diretor (Forman), Melhor Ator em Filme Dramático (Nicholson), Melhor Atriz em Filme Dramático (Fletcher), Melhor Roteiro (Hauben e Goldman) e Melhor Ator Revelação do Ano (Brad Dourif).
— Este foi o segundo filme de Forman em Hollywood, sendo o primeiro bem sucedido. E foi uma obra importante para ele, pois, ao fugir do próprio país, ele entrou em depressão e o sucesso desse trabalho o ajudou nesse processo de adaptação à sua nova vida em uma nova terra — comentou Felipe.
Para o apresentador da noite, o ponto forte do longa, além da direção de Milos Forman, é o elenco e a interação entre os atores.
— Assistindo ao filme dá para sentir que estamos vendo algo diferente. Forman reuniu um belo elenco e conseguiu criar entre os atores uma química muito forte. Ele tinha um jeito peculiar de trabalhar. Por exemplo, os atores que interpretam os pacientes passaram muito tempo juntos e se tornaram amigos. Já com a atriz Louise Fletcher, que interpreta a enfermeira-chefe do hospital, foi diferente. Ele fez com que os atores não tivessem contato com ela, a deixando isolada. Isso permitiu que nas cenas mais pesadas não houvesse nenhum tipo de simpatia entre a atriz e grande parte do elenco. Um jeito de trabalhar que fez muito mal a Fletcher, mas funcionou nas gravações.
O maior mérito de Forman nesta obra, aponta Felipe Fernandes, é a forma com que ele transita dentro de diferentes tipos de sensações.
— É um filme tocante e que aborda assuntos pesados, mas consegue divertir e ser emocionante. Isso sem deixar de lado suas críticas, sempre de forma muito sutil — falou ele, que também elogiou o roteiro e comentou que a sessão desta quarta tem tudo para render um belo debate.

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