O serviço de desobstrução da avenida Atlântica, em Atafona, era mais que esperado pelos moradores e veranistas daquela região. Há anos a areia estava acumulada na pista, impedindo a passagem de veículos e até invadindo algumas residências. O que ninguém esperava era que em troca deste benefício, seriam sacrificadas algumas das famosas casuarinas. Na tarde desta segunda-feira (4), um máquina da empresa União, que presta serviço para a Prefeitura de São João da Barra, ao mexer na areia da praia derrubou as árvores, como mostram as imagens recebidas pelo blog. Somente nesta segunda foram, pelo menos, três árvores, com cerca de seis metros cada.
Atualização às 23h37 — No fim da noite desta segunda, o secretário de Meio Ambiente de SJB, Alex Firme, entrou em contato com o blog e negou a derrubada das casuarinas. Ele informou que a árvore já estava caída e “Estão fracas, pois estavam cercadas de areia e umidade”.
As casuarinas não fazem parte da vegetação de restinga. Contudo, as que foram plantadas em Atafona estão à margem da avenida Atlântica muito antes da chegada das dunas, e muito antes da necessidade da retirada delas para desobstruir a pista. No blog Geografia em Foco, em uma recente postagem sobre o avanço do mar em Atafona (aqui), a professora Marli Oiveira observa que “para amenizar os efeitos do vento Nordeste em relação à mobilização das dunas e conter o avanço das mesmas nas áreas urbanizadas, ao longo trecho das praias de Grussaí e de Atafona, foram plantadas espécies de vegetação (arbórea e arbustiva) da família Casuarinaceae, de origem australiana, as “casuarinas”, que são parecidas com os pinheiros”. O que causa estranheza é a repentina derrubada das árvores no período de fortes ventos em Atafona — entre agosto e novembro.
No início de junho, a Prefeitura liberou o trecho da rua Júlio de Souza Vale Junior até a avenida Atlântica, então considerado o mais crítico obstruído pelo acúmulo de areia, que impedia o acesso de moradores, visitantes e veranistas naquele ponto da praia. Como condicionante, iniciou a plantação da Ipomea pes-caprae, conhecido popularmente como “salsa-da-praia” e “pé-de-cabra”. Moradores afirmam, no entanto, que a plantação dessa vegetação não foi constante e as casuarinas ainda estão sendo derrubadas.
O blog tentou contato com a secretaria de Meio Ambiente, por meio da secretaria de Comunicação. No entanto, secretário e sub estavam participando de uma audiência na Uenf, na qual a Comissão de Representação em Defesa do Rio Paraíba do Sul na Alerj debateu a situação do assoreamento na foz. A Comunicação informou, ainda, que mandaria um posicionamento posteriormente.
Abaixo, mais registros da tarde desta segunda:
Pelo menos três árvores foram arrancadas/Fotos: Aluysio Abreu Barbosa