Polícia Civil confirma que universitária teve morte encomendada pela cunhada
Paula Vigneron, Verônica Nascimento, Julia Beraldi e Ana Laura Ribeiro 23/08/2017 12:07 - Atualizado em 24/08/2017 15:32
Suspeitos estão detidos
Suspeitos estão detidos / Paulo Pinheiro
A Polícia Civil investiga o motivo de uma jovem bancária ter encomendado a morte da amiga de infância e atual cunhada, atraindo a vítima para uma emboscada em uma simulação de assalto em que a vítima levou três tiros, sendo um na cabeça, com morte cerebral diagnosticada dois dias depois, no Hospital Ferreira Machado (HFM). Luana Barreto Sales, de 24 anos, foi apresentada na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), na manhã desta quarta-feira (23), como suspeita de ser mandante da morte da amiga e cunhada Ana Paula Ramos, de 25 anos. Ela e outros três supostos participantes do crime foram indiciados por homicídio triplamente qualificado (morte mediante pagamento, torpeza, dificultar defesa da vítima e feminicídio por ser parente ou conhecida). No final da noite desta quarta-feira, familiares da Ana Paula informaram que ela teve falência múltipla dos órgãos e morreu por volta das 22h. A informação, entretanto, não foi confirmada oficialmente pelo HFM. Até o fechamento desta matéria, não havia informações sobre velório e sepultamento.
No último sábado (19), Luana convidou Ana Paula, afirmando desejar a sua companhia, para ir com ela até o Parque Rio Branco, em Guarus, visitar as obras de sua casa. Depois, as duas escolheriam o vestido que a suspeita usaria no casamento da vítima, marcado para outubro. Já no local, Luana chamou a cunhada para tomar um sorvete, na pracinha, e este seria o sinal para os outros envolvidos simularem o assalto. Na primeira versão do crime, Ana Paula teria sido baleada por reagir ao assalto. Ela foi socorrida por moradores do bairro e levada para o hospital na carroceria de uma caminhonete.
Enquanto família e amigos, inclusive Luana, se reuniam em correntes de oração pelo restabelecimento de Ana Paula, o caso sofreu uma reviravolta: segundo informações repassadas pela Polícia Civil, a jovem não foi vítima de assalto; ela sofreu uma tentativa de homicídio contratado por R$ 2.500, pela cunhada. Na delegacia, nesta manhã, o delegado Luís Maurício Armond, em coletiva, apresentou Luana e dois homens como participantes do crime. Marcelo Henrique Damasceno de Medeiros, marido de outra amiga de infância da mandante, teria atuado como intermediário na contratação dos dois supostos assaltantes: Igor Magalhães de Souza, que tinha sido preso horas depois de atirar na universitária, no sábado, e Wermison Carlos Sigmaringa Ribeiro, detido na segunda (21), na praia de Santa Clara, em São Francisco de Itabapoana.
Igor e Wermison foram reconhecidos por Luana como os assaltantes, que teriam roubado e atirado na vítima:
— Igor foi localizado na sua residência e detido pela Polícia Militar depois de tentar fugir. Diante das informações da Luana, que, inclusive, o reconheceu formalmente como um dos autores do, até o momento, latrocínio, ele foi preso em flagrante. No decorrer dessas investigações posteriores a essa prisão, nós identificamos o segundo executor, Wermison, também reconhecido pela Luana, e, com a prisão dele, descobrimos que estávamos com um homicídio encomendado pela Luana — explicou o delegado.
  • Fabiano Souza e Luiz Maurício Armond

    Fabiano Souza e Luiz Maurício Armond

  • Família de Ana Paula na 146ª DP

    Família de Ana Paula na 146ª DP

  • Família de Ana Paula na 146ª DP

    Família de Ana Paula na 146ª DP

Armond explicou a dinâmica da contratação: “Luana solicitou ao namorado de uma amiga de infância, através do Facebook, que queria dar um susto em uma pessoa que estaria namorando o ex-marido de uma madrinha dela e maltratando uma criança de quatro anos, fruto dessa relação anterior. Os fatos não correspondem à verdade. O namorado, Marcelo, que também foi preso, intermediou a contratação do Igor e do Wermison. Combinaram um encontro em uma padaria, na praça de Custodópolis, no dia anterior ao fato. Temos duas testemunhas que confirmam esse encontro e reconheceram os quatro através da mídia”.
Segundo a polícia, os executores e o intermediário confessaram o crime e identificaram Luana como mandante. Ela teria pago, no dia do encontro, R$ 2 mil para que eles executassem Ana Paula, restando R$ 500 a serem entregues no momento da execução. “No dia dos fatos, Luana entrou em contato com um dos executores. Inicialmente, era para ser realizado na praça de Custodópolis, mas eles alegaram que havia muitas pessoas no local e combinaram na praça do Rio Branco. Elas ficaram na pracinha até a chegada dos dois indivíduos. Prontamente, de maneira calma, segundo os executores, a suspeita entregou o envelope com os R$ 500. Ana Paula tentou fugir, mas um deles efetuou disparos na cabeça e no tórax. Ana Paula veio a ter morte cerebral, que tratamos como homicídio consumado”, detalhou o delegado.
Apesar de os três envolvidos confirmarem a contratação, Luana nega participação no crime, mas, em acareação com um dos executores, questionada se conhecia os suspeitos, ela permaneceu em silêncio. “A investigação da Polícia Civil é contundente em apontar a autoria da Luana como mandante do fato, os dois como executores e Marcelo como intermediário. Para nós, é necessário fazer uma apuração com maior acuidade para que saibamos a motivação real. Acreditamos numa passionalidade dessa motivação, mas ainda necessitamos de mais esclarecimentos. Quanto ao fato de ela ser a mandante, não temos dúvidas sobre isso”.
Em nota, a assessoria do Hospital do Ferreira Machado(HFM) informou que “a partir de agora não está autorizada por familiar da vítima a passar qualquer informação sobre o estado de saúde dela”. 

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