Saudade em missa de 10 anos para vítima do voo 3054 da TAM
Jane Ribeiro 17/07/2017 20:22 - Atualizado em 18/07/2017 16:20
A tragédia do voo 3054 da TAM, que deixou 199 mortos, completou dez anos nesta terça-feira, sem nenhum condenado. O acidente abalou Campos e todo o país. O desastre com um Airbus A-320, em 2007, vitimou Mariana Suzuki Sell, 30 anos, carioca por nascença, campista por criação, ambientalista e mestra em Direito Internacional, filha dos médicos Luís Carlos Sell e Lúcia Suzuki. Nesta terça, foi celebrada uma missa na Igreja São Francisco em homenagem a Mariana, que deixou muitas saudades.
A aeronave, que saiu de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, não conseguiu parar na pista do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, passou sobre a avenida Washington Luís e colidiu com um prédio da mesma companhia. Todas as 187 pessoas que estavam no avião e outras 12 em solo morreram.
Mestra pela Universidade de Kyoto, no Japão, preocupada especialmente com a questão das fontes de água, Mariana, que residia no Rio de Janeiro desde 2005, estava no vôo, retornando de uma entrevista de emprego em Porto Alegre. A tragédia abalou a família que até hoje esperou por justiça. Para o médico Luís Carlos Sell, Mariana nunca ficará esquecida. Segundo ele, a saudade não se apagará.
— Hoje o que nos resta são as lembranças de uma menina linda, preocupada com as causas da natureza e cheia de vida. Passaram-se 10 anos e nós ficamos apenas com a saudade, que jamais se apagará. A dor ainda é muito grande — disse o pai saudoso.
As investigações da Polícia Federal sobre o acidente começaram ainda em 2007 e levaram dois anos e meio para serem concluídas. O documento não apontou culpados. Apesar do inquérito, o procurador da República Rodrigo de Grandis denunciou, em 2011, três pessoas pela tragédia: o então diretor de segurança de voo da TAM, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro; o então vice-presidente de operações aéreas, Alberto Fajerman; e Denise Abreu, que na época era diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Em junho deste ano, o Tribunal Regional Federal (TRF) decidiu manter decisão que inocentou os acusados. Os desembargadores que compõem o colegiado do TRF decidiram, por unanimidade, manter a absolvição.
Para o pai de Mariana as tragédias acontecem, vidas são ceifadas, e nada acontece. A justiça não é feita da forma que deve ser. “Para mim agora nada mais importa se as pessoas serão responsabilizadas, condenadas. Meu maior tesouro foi retirado de mim, da minha família e nada aconteceu, a não ser algumas remodelações na infraestrutura aeroportuária do terminal. Agora nada mais importa”, disse o médico.

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