Em meio à violência, câmeras em debate
Daniela Abreu 13/05/2017 17:00 - Atualizado em 15/05/2017 13:13
Prefeitura vai ampliar o monitoramento
Prefeitura vai ampliar o monitoramento /Antônio Leudo
Apontada como a 19ª cidade mais violenta do mundo, pela ONG mexicana Conselho Cidadão para Segurança Pública e Justiça Penal, vivendo em clima de instabilidade com 79 homicídios registrados nos primeiros cinco meses do ano e em plena onda de assaltos a estabelecimentos comerciais, Campos é um desafio para as autoridades de segurança que atuam no município, maior do interior do Estado e cortado por duas rodovias federais, e também para o poder público. Implantado no governo Rosinha, o sistema de monitoramento de câmeras ajudou a elucidar crimes que mobilizaram a opinião, como o latrocínio da jovem Elenir da silva Carvalho, de 23 anos, em novembro de 2014, mas já em oscilação, não auxiliou na captura dos suspeitos de matarem o jovem de 18 anos, Deison Wallace da Hora, em tentativa de assalto em setembro daquele ano. A Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) também não pode contar com o dispositivo para buscar informações do suspeito de estuprar uma aluna do IFF, em 2016. Em ação que envolve a promotoria do Ministério Público Estadual, o atual prefeito de Campos, Rafael Diniz (PPS), tem participado de reuniões que deverão culminar não só no restabelecimento do serviço, mas na ampliação do sistema. A notícia, em meio à transferência temporária de 25 policiais militares de Campos para atuarem por dois meses no Batalhão de São Gonçalo, é motivo de comemoração para as forças de segurança.
Segundo o Ministério Público, o aumento da criminalidade na região Norte Fluminense foi o fator motivador para a instauração de dois procedimentos, na 2ª Promotoria de Investigação Penal e na 3ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Núcleo Campos, sobre segurança pública e necessidade de melhoria no monitoramento por câmeras em Campos. O órgão disse ainda que Rafael Diniz participou de audiência pública e de visita às futuras instalações da Central e Monitoramento, além de reunião para definir custos do projeto.
De acordo com nota do MPRJ, “após a definição dos custos do projeto, o Ministério Público e a Prefeitura de Campos buscarão possível ajuda da sociedade civil”.
Também em nota, a Prefeitura de Campos disse que Rafael Diniz tem participado, desde janeiro, de reuniões como o MPRJ para tratar da implantação do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), que prevê nova central de monitoramento com integração entre os órgãos de segurança. O novo espaço ficará nos altos da Rodoviária Roberto Silveira e instalação de câmeras em 12 pontos estratégicos. Para o prefeito de Campos, a concretização do projeto é questão de tempo.
Sistema de vigilância está ativado em pontos estratégicos
Sistema de vigilância está ativado em pontos estratégicos / Antônio Leudo
— Vamos buscar a legalidade para chamar os parceiros e, em breve, ofertar à população um centro de monitoramento de qualidade — explicou Rafael sem precisar uma data para a implantação da nova central.
Sobre a atual situação do monitoramento com câmeras em Campos, a prefeitura diz que recebeu parte dele sem funcionamento, mas que os principais pontos permanecem monitorados 24 horas por dia e que “por questão de segurança, os locais onde estão instaladas as câmeras e pontos devem ser preservados”.
Baracho destaca que sistema é importante
Em meio à polêmica de transferência temporária de 25 policiais militares de Campos, para atender na Operação Presença, no 7º Batalhão de Polícia Militar (BPM) que teve a ordem de retorno deferido pelo juiz da 4ª Vara Cível de Campos, Eron Simas e suspenso na última sexta feira, pela desembargadora Claudia Pires dos Santos Ferreira da 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o comandante do 6º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Lúcio Flávio Baracho lembrou de duas situações distintas, e de grande repercussão, em que as câmeras de monitoramento auxiliaram e faltaram na elucidação de crimes.
— Na minha opinião, para coibir o roubo tem que se usar inteligência com monitoramento. Para coibir e dar subsídios para que se chegue a um autor. No caso em frente ao Shopping Boulevard, os elementos foram presos, julgados e condenados graças às câmeras de monitoramento — lembrou o coronel.
O mesmo não ocorreu no caso do adolescente Deison da Hora, de 18 anos, assassinado em tentativa de assalto em frente ao Instituto Federal Fluminense (IFF), no Centro de Campos. As câmeras de monitoramento não estavam funcionando e até hoje não se tem suspeitos do crime.
Sobre a transferência temporária dos policiais, que prevê 40 homens, mas inicialmente enviou 25 agentes, Baracho frisa que não causa alteração no policiamento diário. “Não foi um setor sequer parado, não tem uma viatura sequer parada”, disse ressaltando no entanto, que os policias tiveram um dia de folga suprimido para atender à falta desses que foram enviados. 
Iniciativa de prefeito é positiva, diz Fabiano
O comandante do 8º Batalhão de Polícia Militar de Campos, tenente coronel Fabiano Souza, vê como positiva a preocupação do prefeito Rafael Diniz com o setor de segurança que, segundo ele, é direito e também dever de todos e não uma preocupação exclusiva das polícias militar e civil.
— Esse interesse da prefeitura é muito importante. A segurança pública não é só um dever do Estado. É bom que todos os entes envolvidos na segurança pública interajam. É uma coisa que venho falando desde que eu assumi. Eu considero que o prefeito está dando um passo muito importante, querendo entender sobre segurança pública, que é uma preocupação também dos prefeitos e não só do governador — disse o comandante que prevê mais eficácia no trabalho da PM. “Nosso serviço vai ficar mais eficiente e eficaz porque vamos ter como descobrir mais facilmente os meliantes e delitos e até os próprios meliantes vão pensar duas vezes antes de cometer qualquer infração. Vai ajudar e ser um bem para todos nós”.

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