Ranking de planilha de caixa 2 entregue pela Odebrecht em sua delação premiada mostra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e outros políticos do Rio, entre eles o atual governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB), na liderança.
Durante o primeiro governo Rosinha Garotinho, a Odebrecht firmou com a Prefeitura de Campos contrato para a construção do Morar Feliz, no valor total de quase R$ 1 bilhão. Foi o maior contrato da história do município e tinha a assinatura da prefeita e do ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o mesmo que entregou as planilhas.
Em 29 de maio de 2009, a coluna “Ponto Final”, da Folha da Manhã, adiantou que a Odebrecht venceria a primeira licitação do “Morar Feliz”. O resultado, confirmando a coluna, foi publicado em Diário Oficial (DO) em 23 de setembro de 2009, enquanto o contrato foi celebrado com pompa e circunstância em 1º de outubro daquele mesmo ano.
Na ocasião, Rosinha posou ao assinar, ao lado do também executivo Leandro Andrade de Azevedo, o contrato que já vinha sido previamente assinado por Benedicto (lembre no
Opiniões). A Câmara de Campos abrirá CPI da Lava Jato e os delatores serão convocados (Confira também no
Opiniões)
A planilha traz o nome de 182 políticos com a indicação dos apelidos pelos quais eram identificados e qual era a contrapartida esperada pela empreiteira.
A planilha foi entregue aos investigadores por Benedicto Júnior, o "BJ". A Odebrecht Infraestrutura, presidida por ele, era braço do grupo baiano que concentrava a maior parte das obras e, portanto, grande demanda de propina.
Ao todo, o ex-executivo relata o pagamento de R$ 247 milhões em caixa 2 – dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral– nas eleições de 2008, 2010, 2012 e 2014.
O valor direcionado a políticos é maior. Não aparecem nessa planilha, por exemplo, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o senador José Serra (PSDB-SP), a quem delatores afirmam ter repassado propina.
O documento também não contempla doações oficiais. O material de BJ não faz distinção se o caixa 2 também englobou propina.
No topo do ranking dos que mais receberam caixa 2 da Odebrecht, segundo essa planilha, Sérgio Cabral aparece com R$ 62 milhões.
Em seguida vêm o atual ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD-SP), com R$ 21,3 milhões, e Pezão, com R$ 20,3 milhões.
O quarto, quinto e sexto no ranking também são do Rio: o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (PMDB), com R$ 16,1 milhões, o deputado federal Júlio Lopes (PP), com R$ 15,6 milhões, e o ex-governador Anthony Garotinho (PR), com R$ 13 milhões.
Na sequência aparecem o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), com R$ 9,6 milhões, o ministro Eliseu Padilha (PMDB), da Casa Civil, com R$ 7,2 milhões, e os atuais senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG), com R$ 5,5 milhões, Lindbergh Farias (PT-RJ), com R$ 5,4 milhões, e Aécio Neves (PSDB-MG), com R$ 5,3 milhões.
A assessoria de Anthony Garotinho disse que tanto ele como sua mulher, Rosinha Garotinho, não estão sendo acusados de nada e que não receberam doação não contabilizada pela Justiça.
Atualização no título.
Atualização às 14h para inclusão de informações.