A suposta reedição da parceria entre Anthony Garotinho e o ex-chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, aventada na coluna Ponto Final, da Folha da Manhã, na edição do último domingo, levou a Polícia do Ministério Público Estadual ao apartamento onde mora o ex-governador, no Rio de Janeiro. Policiais do Grupo de Apoio aos Promotores (GAP) do MP recolheram imagens de câmeras de segurança do prédio onde ele mora, no Flamengo. A medida, determinada pela Justiça Eleitoral de Campos, foi para verificar se Garotinho se reuniu com Lins, seu aliado político. A informação foi dada pelo jornal O Globo, que citou a nota da Folha. Em princípio, foi divulgado que a apreensão teria ocorrido, também, em empresas que teriam Garotinho como sócio, mas sua defesa negou. Não se manifestou, porém, a respeito da busca no prédio, nem da suposta contratação de Lins.
A hipótese é que o ex-governador teria contratado Lins, que é advogado, para investigar a vida de delegados, promotores e juízes que estão à frente da operação Chequinho, que apura suposto uso político do programa social Cheque Cidadão. De acordo com O Globo, a contratação iria além: seria para montar dossiê e constranger, também, testemunhas envolvidas no processo. Há ainda a suspeita de que Lins tenha ligado para testemunhas como forma de pressão.
Ainda segundo o jornal, os agentes fizeram cópias das imagens das câmeras, além de apreenderem HD’s e equipamentos de gravação. De acordo com o Ministério Público, “há fortes indícios de que pode estar em curso, no mínimo, a tentativa de coação a autoridades e testemunhas que funcionam no processo”. A decisão, assinada pelo juiz Ralph Manhães, autorizou o recolhimento das imagens nas áreas comuns e também nos andares em que ficam o apartamento de Garotinho.
A assessoria do ex-governador enviou nota em que afirma: “A assessoria do ex-governador Anthony Garotinho lamenta o equívoco que provocou a apreensão de todos os equipamentos de gravação usados única e exclusivamente na transmissão de seus dois programas em páginas do Facebook. Os equipamentos foram retirados na manhã dessa sexta-feira (17) da empresa Palavra de Paz, do ex-governador, por policiais do Grupo de Apoio aos Promotores (GAP) do Ministério Público Estadual no cumprimento de mandado específico para apreensão de câmeras de segurança do prédio. O Ministério Público Estadual reconheceu o equívoco e determinou a devolução de todos os equipamentos, o que foi feito no fim da tarde”, disse.
Informação teria sido confirmada por fonte
Na edição do último domingo, a Folha da Manhã trouxe a informação de que o escritório de Álvaro Lins teria sido contratado para devastar a vida do delegado federal Paulo Cassiano, do promotor de Justiça Leandro Manhães e do juiz Ralph Manhães. Nessa sexta-feira, O Globo informou que isso teria sido confirmado a investigadores por duas fontes diferentes.
A ligação dos dois é antiga. Em 2001, Lins foi chefe de Polícia Civil no governo de Garotinho. Em 2003, voltou ao posto, já com Rosinha como governadora, e permaneceu até se eleger deputado estadual, em 2006. Após a prisão, foi cassado pela Alerj. Lins foi expulso da Polícia Civil em 2009 e, hoje, atua como advogado e trabalha em um escritório em Copacabana, na Zona Sul.
Em 2008, ele foi preso na Operação Segurança Pública S/A, acusado de integrar uma organização criminosa que loteava delegacias e, em troca de propina, oferecia proteção ao bando de Rogério Andrade, que explorava máquinas de caça-níquel.
Lins foi condenado a 28 anos de prisão por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Garotinho foi condenado a dois anos e seis meses de prisão no mesmo processo. Em 2014, quando Garotinho disputava o governo do Estado, vazou um áudio em que Lins pedia votos para o ex-governador. (S.M.) (A.N.)