Batalha contra o câncer de mama
Marcus Pinheiro 11/03/2017 14:38 - Atualizado em 15/03/2017 15:13
Campanha câncer de mama/
Negação, isolamento, raiva, negociação, depressão e, por fim, a aceitação, resiliência e enfrentamento. Estas são algumas das possíveis fases vivenciadas por pacientes diagnosticadas com câncer de mama na luta pela vida. Em São Francisco de Itabapoana, após a prefeita Francimara Barbosa Lemos (PSB) anunciar que descobriu um câncer de mama, as campanhas de prevenção da doença ganharam mais força. Os impactos psicológicos causados pelo câncer de mama – que é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo e o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano – podem trazer significativas repercussões nas vidas das mulheres acometidas pela patologia. É neste ponto que a compreensão e apoio psíquico dos familiares e amigos podem fazer toda a diferença nas respostas aos tratamentos terapêuticos.
Contar com o apoio virtual por meio da exposição íntima da doença em redes sociais também pode resultar em benefícios para a paciente e para a sociedade como um todo. Seja através da geração espontânea de campanhas beneficentes em prol de mulheres carentes por meio da veiculação de casos reais nas mídias sociais, que são cada vez mais comuns em todo o país, ou por medidas tomadas pelo poder público, por meio de ações voltadas ao combate da doença.
Prefeita de SFI
Este foi o caso da prefeita Francimara Barbosa Lemos. No dia 19 de fevereiro, Francimara revelou em sua página no Facebook que tinha um câncer de mama. Na ocasião, a prefeita informou à população sanfranciscana que já havia sido diagnosticada com a doença em 26 de outubro de 2016 e que o tumor já havia sido removido. Segundo ela, o tratamento seria realizado por meio de procedimentos quimioterápicos e radioterápicos, mas que não seria necessário deixar o seu posto na Prefeitura.
De acordo com a secretaria de Saúde de SFI, apesar do caos na saúde do município, a situação da prefeita foi responsável pela antecipação da estruturação de serviços ofertados na Clínica da Família, que já faziam parte das propostas do atual governo. Segundo a secretaria, a atenção à saúde da mulher no município aumentou. “Como a prefeita Francimara é muito querida, a comoção e solidariedade fizeram a união de todos em prol deste alerta. Também ela está mais sensibilizada, pois está trilhando uma fase na qual o apoio familiar e dos amigos é muito importante, e nem todas as pessoas que trilham o mesmo percurso encontram. Também a exposição da condição dela fez um alerta de que a doença pode atingir a todos, inclusive a prefeita”, dizia nota da pasta.
Em São Francisco, os exames de mamografia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) são realizados no Hospital Manoel Carola. No entanto, os exames mais invasivos e conclusivos, como as análises de tecidos por meio de biópsias, são encaminhados para uma das Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), em Campos, onde os tratamentos também são feitos.
Diagnóstico precoce é fundamental, diz Inca
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente entre as mulheres no Brasil e no mundo, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer José de Alencar (Inca). A doença, que também pode ocorrer em homens, apesar de ser mais comuns em mulheres, já foi responsável pela morte de 14.388 pessoas no país até 2013, sendo 14.206 em mulheres e 181 em homens.
Segundo o Inca, o diagnóstico precoce é fundamental para o melhor tratamento. “A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer, sendo conhecida algumas vezes como down-staging. Nessa estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama”, aponta.
O Inca aponta ainda que o diagnóstico precoce e o rastreamento, que é a aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e, a partir daí, encaminhar os casos com resultados alterados para investigação diagnóstica e tratamento, são os direcionamentos do órgão especializado à sociedade.
Campanha de Sabrina ainda tem repercussão
“O câncer não é um decreto de morte. É um convite à vida”, é o que acredita a jovem Sabrina Souza de Freitas, 27 anos, que poucos dias antes de iniciar uma série de sessões de radioterapia publicou um texto sensível e motivacional em sua página em uma rede social. Sabrina, que é moradora de São Francisco de Itabapoana, foi diagnosticada com câncer de mama há 11 meses e, desde então, passa por quimioterapia. Ela fez uma mastectomia total e foi alvo de uma campanha beneficente na internet intitulada #SomosTodosSasa.
Campanha câncer de mama/
De acordo com Sabrina, a campanha contou com a solidariedade de amigos e desconhecidos por meio da aquisição de camisas, que foram comercializadas para angariar fundos para o pagamento de um plano de saúde capaz de cobrir os gastos com os exames. “A ação me ajudou muito a custear o plano de saúde e também beneficiou muito a minha autoestima. O município inteiro se mobilizou e todos aderiram. Até hoje recebo mensagens no Facebook de pessoas que nunca vi, com palavras de apoio por conta da campanha”, disse ela.
Segundo uma das líderes da #SomosTodosSasa, Renata Barreto, o dinheiro arrecadado com a venda das camisas foi suficiente para garantir, até o momento, 22 meses de pagamento do plano de saúde, destes, nove já foram pagos. “A quantia também foi utilizada para cobrir algumas despesas emergenciais durante o início do tratamento de Sabrina”, contou.
Renata revelou que a campanha lançada em 2016 cresceu. Ela informou que agora a mobilização, sob o título de #JuntosSomosMaisFortes “Eu sou mais forte que o câncer”, poderá ajudar, além da Sabrina, a mais mulheres com câncer de mama. “A nova campanha está em fase de aprovação. A ideia é reunir mais gente, para alcançar mais mulheres”, finalizou.

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