Campos: 30 mil desempregados
Dora Paula Paes 25/03/2017 14:09 - Atualizado em 27/03/2017 13:10
Michelle Richa
Amanda Fernandes trabalho como gerente no comércio / Michelle Richa
Na capital do açúcar e do petróleo, o universo populacional é de 463.731, segundo o último Censo, em 2010. Já a População Economicamente Ativa (PEA) de Campos está em torno de 270 mil trabalhadores. Desses, 135 mil são formais nos setores público e privado, o que representa apenas metade do contingente dos trabalhadores ativos. A outra metade se refere aos trabalhadores por contra própria (25%), informais sem carteira assinada (10%), trabalhadores domésticos (10%) e empregadores (5%). Um outro número, no entanto, preocupa: o contingente de desocupados está em torno de 30 mil chefes de família. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) com base em 2016 e do último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do ministério do Trabalho. O governo municipal diz que está fazendo sua parte, e quem está empregado se preocupa e sugere para quem busca uma colocação “não se deixar abater”.
Segundo o economista, Ranulfo Vigidal, esse número de desempregados em Campos é o maior já registrado nos últimos anos. “Reflete dois anos de recessão nacional, queda no petróleo e crise do poder público estadual e municipal. Em dois anos, 12 mil trabalhadores saíram do mercado”, disse ele.
Em Campos, outro dado que merece destaque: a cada 10 vagas de emprego criadas, sete são preenchidas por mulheres. E isso tem uma explicação, garante o economista. “O trabalho feminino está concentrado nos setores de serviços pessoais, de saúde, de educação, cuidados da terceira idade, turismo e lazer. Reflete uma tendência mundial”.
Para Vidigal, no momento presente falta demanda e sobra mão de obra qualificada. “Há ociosidade na indústria e construção civil e queda de poder de compra das famílias e certo grau de inadimplência dos contratos”, avalia.
No último Caged, a construção civil e o comércio foram os que mais demitiram. No caso do maior empregador do município, o presidente do sindicato dos Comerciários, Ronaldo Nascimento, fez as contas. “Foram 343 em janeiro, 368 em fevereiro e até o dia 16 de março, registramos outras 284 rescisões. Isso preocupa”, disse ele.
Do setor do comércio, mulher, integrante do grupo dos 135 mil trabalhadores formais de Campos, Amanda Fernandes, 39 anos, gerente de loja, conta que trabalha desde os 14 e há 13 anos na mesma franquia. Ela diz que num universo tão grande de desempregados ter ocupação formal é um presente e prefere repassar uma visão otimista. “Mulheres e homens devem sair de casa para procurar uma ocupação e não se deixar abater”, conclui.
Trabalho e Renda em ação por respostas
Atento à realidade do município, o superintendente de Trabalho e Renda, Gustavo Matheus, explica que apesar do momento difícil no município, estado e país, a superintendência tem planejado e feito ações para reverter ou amenizar ao máximo essa realidade. “O Espaço da Oportunidade, atualmente, recebe em média de 250 a 300 pessoas por dia, que são encaminhadas para as vagas de acordo com seu perfil. Apesar de termos conseguido, em três meses, um resultado melhor que todo 2016, no meu entender, ainda não é suficiente”, diz Gustavo.
Segundo ele, o nome “Balcão de Empregos” foi alterado para “Espaço da Oportunidade” para atender a um novo conceito e propostas de trabalho que visam oferecer oportunidades não só em vagas de emprego, mas também em outros aspectos, como reprofissionalização, treinamentos, qualificação profissional e o cadastro de autônomos.
— Campos é uma cidade que fica num lugar estratégico. Pretendemos, através de ações, oferecer aos campistas possibilidades de acordo com a vocação de cada um, observando não só o município, mas empreendimentos próximos, como o Porto do Açu, por exemplo. Por isso, é fundamental todo esforço que estamos fazendo com o prefeito Rafael Diniz para resolver questões relacionadas à receita, aliado à reestruturação da cidade, para que a cidade de Campos possa atrair grandes empresas e, consequentemente, abrir novas oportunidades — disse Gustavo.

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