Com a exibição de “Lavoura Arcaica” (2001), o Cineclube Goitacá retorna de férias nesta quarta-feira (8). O longa, dirigido por Luiz Fernando Carvalho, será apresentado pelo jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa. A sessão inicia às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center — na esquina da rua Conselheiro Otaviano com a Treze de Maio, no Centro. A entrada é gratuita. Aluysio explica que a escolha de “Lavoura Arcaica” foi uma sugestão do advogado Geraldo Machado.

— Ele indicou este filme por conta da polêmica da entrega do Prêmio Camões, com Raduan Nassar (autor de livro homônimo), situação que aconteceu recentemente (Nassar, em discurso feito durante a cerimônia de entrega do prêmio, no Museu Lasar Segall, em São Paulo, no mês passado, criticou o governo de Michel Temer, o que foi contestado na ocasião pelo ministro Roberto Freire).

Em “Lavoura Arcaica”, André, interpretado por Selton Mello, sai de casa porque era sufocado pelos pais. Seu irmão mais vellho, Pedro (Leonardo Medeiros), recebe de sua mãe a incumbência de trazê-lo de volta ao lar. Cedendo aos apelos da mãe e de Pedro, André volta para a casa dos seus pais. Porém, ele irá quebrar definitivamente os alicerces da família ao se apaixonar por sua bela irmã Ana (Simone Spoladore).

“Lavoura” foi o primeiro longa-metragem de Luiz Fernando Carvalho, porém o diretor já contava com vasta experiência na televisão, já que, antes disso, dirigiu telenovelas brasileiras de grande relevância, como “Pedra Sobre Pedra” (1992) e “O Rei do Gado” (1996). Após “Lavoura Arcaica”, Luiz Fernando assinou outros sucessos, entre eles a minissérie “Hoje é Dia de Maria” (2005) e a recente novela “Velho Chico” (2016).

— Sobre a direção, tive a chance de falar com o próprio Luiz Fernando. Eu considero “Lavoura Arcaica”, junto com “Limite” (1931), de Mário Peixoto, ainda no cinema mudo, e “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), de Glauber Rocha, os três maiores filmes brasileiros já feitos. E estou colocando Carvalho ao lado de dois imortais do cinema brasileiro, sendo que ele, inclusive, ficou sensibilizado com essa comparação — comentou Aluysio.

Outro destaque de Aluysio Abreu Barbosa é a atuação. “Também nesse ponto, é um filme brilhante. Talvez seja, em questão de cinema, a maior atuação do Selton Mello. Raul Cortez está sensacional, além de Leonardo Medeiros e Simone Spoladore, também com grandes atuações”, falou.

Para Aluysio, o longa “Lavoura Arcaica”, premiado em vários festivais — como o de Brasília (2001), de São Paulo (2001), além de internacionais como os festivais de Guadalajara, no México (2001), Montreal, no Canadá (2001) e Buenos Aires, na Argentina (2002) —, é um filme reflexivo. “E é uma obra que funciona da forma que foi feita, apesar de ter sido criticado à época por ser longo, com quase três horas de duração”.

Cineclube Goitacá — Toda quarta-feira, um convidado especial escolhe um filme clássico para ser exibido e debatido na sala 507 do Medical Center. Aluysio comentou sobre a importância do Cineclube e ressaltou a troca de conhecimento.

— O Cineclube é uma ilha de resistência. Acho que ele cumpre essa função de ser um espaço para abrigar pensamentos, discussão, reflexão sobre cinema e os temas propostos por cada filme — disse Aluysio Abreu Barbosa, lembrando que o evento tem férias de dezembro até a primeira quarta-feira após o Carnaval.