Policiais civis do Estado do Rio de Janeiro iniciaram, às 8h desta terça-feira (17), uma paralisação de 72 horas. O motivo, assim como o da “Operação Basta”, que começou no último fim de semana, é falta de recebimento do salário de dezembro e do 13°. Nas delegacias, só estão sendo registrados flagrantes e remoção de cadáver — considerados essenciais. Segundo policiais, as investigações que estavam em curso estão paradas. Ao fim das 72 horas, eles irão decidir se optam ou não por greve.
A paralisação foi definida em assembleia realizada na noite dessa segunda-feira (26), na Tijuca, na capital. Sobre o ato, a Polícia Civil, em nota, informou que “não se manifesta sobre o teor de decisão de entidade de classe e esclarece que os serviços emergenciais serão mantidos”. Além da falta de salários, policiais ainda relatam sobre condições de trabalho. A Folha também entrou em contato com o Governo do Estado do Rio de Janeiro que não se posicionou até o fechamento desta matéria.
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Nas delegacias, só estão sendo registrados flagrantes e remoção de cadáver
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Nas delegacias, só estão sendo registrados flagrantes e remoção de cadáver
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Nas delegacias, só estão sendo registrados flagrantes e remoção de cadáver
— Inicialmente, não podemos dizer que estamos trabalhando com o 30% do efetivo, porque o número de trabalhadores aqui já é abaixo de 30% do que deveria ser. As nossas condições de trabalho: chão soltando e com buracos, fiação exposta, banheiros em más condições, impressoras com problemas, viaturas sem funcionamento e sem vistoria há seis anos. É só um pouco do que a gente convive — disse um policial civil que preferiu ter a identidade preservada.
Ele ainda lembrou que empresas privadas estariam oferecendo ajuda às delegacias e que os profissionais estariam levando materiais básicos para o trabalho. “Há empresas que ajudam e um exemplo é manutenção de ares condicionados, porque os da delegacia não têm”, falou.
Outro policial lembrou que não havia posicionamento do Estado até a tarde dessa terça. “Pelo visto, se o Estado não tomar providências, a gente estará caminhando para uma greve, só que por tempo indeterminado. Estamos precisando dos nossos salários”, ressaltou.
Sem terceirizados há seis meses — Nas delegacias ainda há a dificuldade da falta das profissionais de primeiro atendimento. “Elas paralisaram por falta de pagamento, há cerca de cinco meses. Chegaram a trabalhar seis meses sem receber. Sem elas, a gente precisa parar até registro de ocorrência para fazer primeiro atendimento e atender telefone da recepção”, relatou um policial.
Na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), os policiais civis fizeram o trabalho desses profissionais por cerca de dois meses. Atualmente, dois agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) auxiliam os policiais no primeiro atendimento. Já na 134ª DP (Centro) ainda não há presença de GCMs para auxiliar os civis, o que, segundo policiais, já foi solicitado.
Em nota, a Prefeitura de Campos informou que "para apoio ao atendimento a demanda da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), o comando da Guarda Civil Municipal (GCM) disponibilizou dois agentes do seu efetivo para auxílio aos funcionários no local. No momento, a GCM está fazendo uma triagem entre os agentes para que possa sondar os profissionais com perfil de atendimento para atuar também na 134ª DP (Centro)".
Atendimento demora — O autônomo Pierre Araújo, 36, foi até a delegacia do Centro nesta manhã e teve que voltar sem atendimento. “Só precisava de um laudo médico para dar entrada num seguro, porque sofri um acidente em janeiro do ano passado. Marcaram para eu vir hoje, mas agora não sei o que vou fazer”, relatou.
“Basta” — No último sábado (17), teve início a “Operação Basta”, realizada pelos policiais civis do Estado. Ainda no sábado, as delegacias do Centro e de Guarus chegaram a ficar de portas fechadas. Desde então, só estão sendo feitos flagrantes e remoção de cadáver.