Jhonattan Reis e Daniela Abreu
12/01/2017 12:08 - Atualizado em 13/01/2017 14:35
Homenagens e protestos marcaram o adeus ao taxista Paulo César Rosa Ferreira Júnior, de 37 anos, assassinado durante um assalto na noite dessa terça-feira (10), na estrada de Brejo Grande, em Campos. Nesta tarde, centenas de taxistas saíram da praça São Salvador em carreata até o cemitério Campo do Paz, onde foram realizados velório e sepultamento. Durante todo o dia, os taxistas circularam com fitas e balões pretos pendurados nas antenas e retrovisores dos veículos como forma de protesto.
Durante o percurso nesta tarde, os motoristas passaram pela avenida XV de Novembro, José Alves de Azevedo, Alberto Torres, 28 de Março e pela rua rua do Gás, em direção ao cemitério. Algumas viaturas da Guarda Civil Municipal (GCM) fizeram o controle do trânsito e, em outros pontos, os próprios taxistas e pessoas que passavam pelos locais fecharam as vias.
Na chegada da carreata ao Campos da Paz, amigos e familiares estenderam faixas em solidariedade a família e pedindo penas mais duras para menores envolvidos em crime de homicídio.
Na noite dessa terça (10), dois adolescentes — de 15 e 16 anos — foram apreendidos por suspeitas de envolvimento na morte de Paulo. Os menores teriam confessado o crime. Segundo a polícia, os dois vão responder por latrocínio, sendo que o de 16 anos ainda responderá por posse de arma. Eles teriam cometido o crime e levado dinheiro, um celular e um relógio de Paulo.
O crime - De acordo com a Polícia Civil, os menores teriam confessado que já saíram de casa com a intenção de cometer um assalto. Os dois chegaram a passar pelas proximidades da rodoviária Roberto Silveira e depois foram para a praça São Salvador, onde tentaram corrida com outros dois taxistas, que se recusaram por acharem os menores suspeitos.
Em seguida, os dois contrataram uma corrida com o táxi de Paulo César para a estrada de Santa Ana, próximo a Travessão. Quando o táxi chegou na altura de Guarus, um dos adolescentes anunciou o assalto. Os dois menores teriam pegado o dinheiro de Paulo, o taxista foi colocado no porta-malas, e um dos assaltantes assumiu a direção do veículo.
Também segundo a polícia, os adolescentes contaram que, no momento em que eles iriam fazer a libertação do taxista, ele teria reagido e os dois atiraram, sendo que um dos disparos acertou a cabeça de Paulo. Também havia perfurações no tórax. A perícia apontou que o taxista também sofreu pauladas no crânio. Os menores abandonaram o táxi e fugiram.
Já segundo a Polícia Militar, os adolescentes, após matarem Paulo, ainda teriam roubado o carro de um homem que passava pelo local e fugido, deixando o veículo minutos depois e fugido por um matagal. A PM foi acionada por pessoas que encontraram o taxista morto na estrada, realizou buscas e deteve os menores na localidade de Brejo Grande. Com os dois, os policiais encontraram dois revólveres calibre 38, além de dinheiro, um celular, um relógio e uma máquina fotográfica.
Os militares seguiram para a casa do adolescente de 16 anos, no Parque Jardim Aeroporto, onde encontraram outra arma. Eles foram apresentados junto com o material apreendido na 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), onde o caso está registrado.
Pai comenta sobre o crime - Também taxista, Paulo César Rosa Ferreira, 60 anos, pai de Paulo Júnior, contou que recebeu a notícia ainda na noite de terça. “Está difícil, mas a vida segue. Perdi minha esposa, há quatro meses, e agora meu filho mais velho. Vou continuar cuidando da minha família. Tenho minha filha, de 35 anos, e um filho que completou 30, além de netos. Me lembro de quando meu filho começou a trabalhar com táxi, em 2003. Sempre foi muito dedicado”, disse.
Sobre a confissão dos adolescentes à Polícia Civil, ele comentou: “Justiça com as próprias mãos... Eu peço que, se tiver alguém com essa intenção, tire isso do coração. Hoje eu seria capaz de chegar diante dos jovens assassinos e tentar evangelizá-los, para que eles possam conhecer Jesus, ter o perdão de seus pecados e alcançar sua salvação. Seria capaz de chegar para eles e os familiares deles e fazer esse pedido, porque da justiça de Deus eles não ficarão livres. Talvez eles fiquem livres da justiça da Terra, porque são menores e daqui a pouco estão nas ruas. De repente, até eu possa ser assassinado por eles”.