Matheus Berriel
13/01/2017 15:20 - Atualizado em 13/01/2017 21:41
Surge na Gávea uma geração de ouro nas categorias de base do voleibol. No ano passado, a equipe infanto-juvenil masculina do Flamengo se sagrou campeã das sete competições disputadas. Entre os jogadores, destaca-se um levantador considerado baixo para o esporte, mas com um talento enorme. O campista Luan Wagner, 16 anos, é tido como um dos melhores do país em sua posição e categoria. Provas disso foram as convocações para as Seleções Cariocas infanto e juvenil, que disputarão o Campeonato Brasileiro em março e abril, respectivamente, em Saquarema.
— Eu fiquei surpreso, principalmente pela convocação para a juvenil. Não imaginava pegar uma categoria tão acima da minha idade, até pela minha estatura. Sou mais baixo que a maioria dos jogadores — disse Luan, que há oito anos dava seus primeiros passos no vôlei na escolinha do Colégio Salesiano, em Campos. Porém, a relação com o esporte vem de bem antes. Ainda no berço, o garoto já tinha em quem se espelhar: o pai, Aníbal Wagner, ex-treinador e dirigente de vôlei.
— Eu comecei a jogar com mais ou menos oito anos, no Salesiano, influenciado pelo meu pai. Fiquei em Campos até meus 13 anos. Em 2011 e 2012, joguei pela Fundação Municipal de Esportes (FME). Depois fui para o Flamengo, mas continuei morando em Campos. Já aos 14 anos, me mudei para o Rio — contou Luan, que desde então passou a acumular conquistas individuais. Em 2015 e 2016, foi eleito o melhor levantador da Copa Minas e da Taça Paraná, ambas competições nacionais. Também foi escolhido como destaque do Campeonato Estadual infantil de 2015, e recebeu o prêmio “Anjo da Guarda Rubro-Negro”, dado pelo Flamengo aos destaques do ano em todas as modalidades.
As convocações também não são novidades para Luan. Em 2012 e 2013, o atleta fez parte da Seleção Carioca mirim. No ano seguinte, ficou de fora da infantil devido a uma regra criada pela federação estadual, que não permitiu que fossem convocados jogadores do primeiro ano da categoria. Voltou a ser chamado em 2015, quando ajudou o Rio de Janeiro a ser campeão brasileiro. Tantos prêmios fazem valer o esforço de ter que ficar longe da família para jogar no Flamengo.
— Eu tive sorte. Quando me mudei, fui morar com uma tia. Depois, ela voltou para Campos, e eu passei a morar com um amigo. É complicado ficar longe da família, mas acabei me acostumando. Criei muita responsabilidade, amadureci bem. A gente se comunica diariamente, meu pai está presente nos meus jogos quando pode e, sempre que eu tenho uma folguinha, venho a Campos. Aos que estão começando no esporte, aconselho a não desistir. A vontade vai muito da pessoa. Mas, tem que ter o apoio da família. Sem essa base, você não vai a lugar nenhum — ressaltou o jovem jogador.
Pai e torcedor, Aníbal apoia escolha do filho
Atualmente, o Flamengo conta apenas com equipes de base, com idade limite de 20 anos. Porém, neste ano, o clube deverá utilizar os principais jogadores formados em casa nas competições adultas, para, quem sabe, voltar a despontar com um time profissional. Enquanto a idade adulta não chega, Luan também tem outros planos para o futuro. “Quero fazer faculdade de educação física ou fisioterapia, penso em estudar fora do país. Se acontecer de eu virar jogador profissional, vai ser de forma natural, uma conseqüência”, contou.
Ligado ao vôlei há quase 40 anos, o pai, Aníbal, sabe das dificuldades que o filho vai enfrentar. Obviamente, não esconde o desejo de vê-lo jogando profissionalmente, mas dá total apoio para o que Luan escolher.
— Hoje, ser um jogador profissional é muito difícil. Ele tem consciência disso, principalmente pela estatura. O voleibol atual é um esporte para gigantes. Desde agora, na categoria infanto-juvenil, ele só continua jogando porque tem muito talento. Se ele quiser e conseguir ser jogador profissional, vou ficar extremamente feliz. Porém, não me tira a felicidade caso ele não consiga. O papel do vôlei na vida dele vem sendo cumprido muito bem — disse Aníbal.