Jhonattan Reis e Mário Sérgio Junior
Fotos: Tércio Teixeira e Rodrigo Silveira
Comovidos, familiares, amigos e colegas de trabalho deram o último adeus à analista judiciária e esposa de um guarda civil municipal Patrícia Manhães, 41 anos, nesta quinta-feira (14). Ela morreu após ser baleada dentro de seu carro, por volta das 18h30 da última quarta-feira, em frente à sede do Grupamento Ambiental da Guarda, na antiga Ceasa, no Parque Boa Vista, em Guarus. O velório aconteceu na capela C do cemitério, entre a manhã e o início da tarde. Cerca de 300 pessoas se despediram de Patrícia. Pelo menos 30 agentes da Guarda estiveram presentes. Como parte das investigações do caso, a Polícia Civil apreendeu duas armas, uma do marido da vítima e outra do primo dele. Exames e perícia técnica também foram realizados.
Amiga e colega de trabalho de Patrícia, a técnica judiciária Enaise Firmino, 50 anos, lamentou a morte da analista. “Uma excelente profissional. Era substituta do chefe. Ninguém escolhe qualquer pessoa para ocupar um cargo assim se não for alguém competente como Patrícia. Como pessoa, foi feliz e tinha alegria de viver”, ressaltou.
Outra amiga de Patrícia, Fátima Castro, que é presidente da Associação Irmãos da Solidariedade, relatou: “Era uma pessoa maravilhosa. Ela é prima dos meus filhos. Conheço desde quando era pequena. A família não está acreditando ainda. Uma perda muito grande. Lamento o ponto a que chegou a violência na cidade, principalmente em Guarus”.
O comandante da Guarda Civil Municipal (GCM), Marcos Soares de Souza, esteve no Campo da Paz e também falou sobre o caso. “Sou pai de crianças pequenas e me ponho no lugar da família. Como vai ser para essas crianças crescerem sem mãe? O pai delas, marido de Patrícia, é um ótimo profissional, muito comprometido”, disse, emocionado. Soares ainda comentou sobre a questão do armamento de agentes da GCM. “A gente lamenta que um ato criminoso tão ousado tenha acontecido no quintal da nossa casa, que é a sede do Grupamento Ambiental. Nós, guardas, já temos garantido por lei, através da Lei 10.826, do Estatuto do Desarmamento, e da Lei 13.022, do Estatuto da GCM, o nosso direito ao porte de arma. É uma questão polêmica, mas, quando se fala em armar a guarda, é questão de segurança. E o porte de arma do bandido que comete crimes bárbaros? Vem de onde?”, indagou.
Patrícia Manhães trabalhava no Fórum Maria Tereza Gusmão e morava em um prédio na Pelinca. Ela, que faria 42 anos no dia 6 de maio, deixa dois filhos pequenos.
Armas de marido e primo dele apreendidas
Duas armas foram apreendidas pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira, como parte das investigações da morte de Patrícia Manhães. Uma seria do marido da vítima, Uenderson Mattos, e a outra do primo dele, ambos guardas civis municipais. A informação foi passada pelo titular da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), Luis Maurício Armond, responsável pela investigação do crime. Apesar disso, o delegado afirmou que não suspeitos no caso. Em coletiva, na tarde desta quinta, Armond chegou a comparar as investigações a “um filme mudo sem personagens”.
Ainda segundo Armond, após oitivas com o marido e o primo do marido da vítima foi descoberto que eles possuíam armas em casa. “Nós fizemos as oitivas dessas pessoas envolvidas e acabamos também por arrecadar nas residências delas duas armas. Um revólver calibre 38 com registro atrasado desmuniciado, mas com munição numa mesma bolsa, algumas cápsulas, que foram alegadas que eram utilizadas em um curso que ele (o primo) teria feito, e na outra casa uma pistola com munição que estaria regulamentada (que seria do marido). Mais alguns objetos foram apreendidos, foram feitos exames residuográficos nas pessoas que estavam com a vítima no momento, que seriam o marido e o primo do marido, e estamos desenvolvendo investigações nesse sentido. Não descartamos nenhuma hipótese, nem de execução nem de latrocínio, são possibilidades que ainda não temos uma vertente absoluta para poder repassar. Mas estamos trabalhando e temos certeza que em breve daremos uma resposta”, declarou Armond.
O delegado também informou que foram feitas perícias no carro em que Patrícia foi socorrida e foi encontrado um projétil, que a princípio seria de calibre 38, no interior da porta do veículo. Um exame de balística será feito. “Não posso dizer que há um suspeito nesse sentido. Nós estamos fazendo essas averiguações, que são procedimentos normais de investigação. Eles estavam com a vítima lá, óbvio que aqui não há nenhum pré-julgamento, mas como não houve muitas pessoas que observaram o que se sucedeu evidentemente nós vamos avaliar os álibis, as versões que eles falam e nos contrapor com atividades de busca de prova. É como se a gente tivesse vendo um filme mudo sem personagens, sem rosto. Depois que a gente tiver as cenas, a gente vai ver quem são os personagens”, comentou Armond.
O delegado adjunto da 146ª DP Pedro Emílio, que também faz parte das investigações, corroborou as palavras de Armond. “A gente sabe que tem se comentado na cidade versões que amanhã ou depois podemos descobrir que são fantasiosas. Temos que definir agora que a gente trabalha com mais de uma linha de investigação. A polícia está trabalhando em diversas vertentes e a gente só vai poder chegar à verdade do que ocorreu na noite de ontem com o desenrolar da investigação”, disse.
Mais informações estão sendo mantidas em sigilo para não interferir nas investigações.
Caso — Após ser atingida pelos disparos em frente à sede do Grupamento Ambiental, Patrícia chegou a ser socorrida pelo marido, Uenderson Mattos, no próprio veículo, um Spin preto, e levada para o Hospital Ferreira Machado (HFM), mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo Armond, ela e o marido teriam ido à sede do Grupamento levar um material de pesca para o primo. Ela foi atingida por dois disparos, sendo que um teria entrado próximo à face e saído pelo nariz, e o outro resvalou próximo à nuca.
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